Cultura - Teatro

Bailarina Eliana de Santana mescla dança e literatura no espetáculo A Emparedada da Rua Nova

30 de Março de 2015

Inspirado no romance homônimo de Carneiro Vilela, jornalista e romancista fundador da Academia Pernambucana de Letras e representante da literatura naturalista, o espetáculo A EMPAREDADA DA RUA NOVA, da bailarina Eliana de Santama, estreia dia 8 de abril, quarta-feira, às 19 horas, na Casa do Povo, em São Paulo, com ingressos gratuitos.

 
 

Eliana de Santana leva ao palco a história de uma jovem que foi emparedada viva em seu próprio quarto, a mando de seu pai, para encobrir a vergonha familiar e preservar-lhe a honra, já que estava grávida. Na época em que o romance foi escrito, essa tragédia urbana despertou no imaginário popular uma curiosidade quase mórbida. “Minha mãe, que era de Recife, contava sempre essa história. As pessoas falavam da presença da morta, a rondar pela casa, uma assombração a perambular por aquele lugar”, conta a bailarina.

 

Para construir esse universo no espetáculo, Eliana optou por realizar uma instalação. “A proposta de construção cênica nasce deste lugar sugerido pelo romance e também pelo imaginário popular: aparições, presenças momentâneas, espectros e fantasmas. É uma investigação sobre a representação do invisível no território da arte, a busca de uma dança fluidificada”, explica ela.

 

Baleia e Outras Secas

A montagem de A EMPAREDADA DA RUA NOVA faz parte do projeto Baleia e Outras Secas, da E² Cia de Teatro e Dança. Contemplado com o Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, o projeto é uma pesquisa em dança que parte de temas relacionados à literatura brasileira.

 

Além do livro de Carneiro Vilela, o projeto da bailarina Eliana de Santana contempla mais dois espetáculos: a reestreia do solo ...E DAS OUTRAS DOÇURAS DE DEUS e a estreia do duo BALEIA. Com apresentações nos CEUS nos meses de abril e maio ...E DAS OUTRAS DOÇURAS DE DEUS (vencedor do Prêmio APCA 2011 na categoria Intérprete Criador em Dança para Eliana de Santana) é inspirado em duas crônicas de Clarice Lispector. Já BALEIA, que estreia dia 27 de maio na Casa do Povo, tem inspiração no livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

 

O projeto Baleia e Outras Secas visa promover reflexões e ações práticas que promovam o debate sobre o tema do sujeito anônimo na sociedade contemporânea, questão recorrente à pesquisa da E² Cia de Teatro e Dança em todos os seus espetáculos.

“Queremos também estimular um diálogo sobre a questão da tradução de uma obra artística, de um para outro suporte, no nosso caso, da literatura para a dança. Este será um dos temas das conversas com os estudantes e o público antes/após as apresentações, estimulando nas pessoas uma reflexão sobre diferentes modos de criação artística”, diz Eliana.

 

Sobre Eliana de Santana

Atua como dançarina e atriz desde 1984. No teatro trabalhou com os diretores Antunes Filho, Antônio Abujamra e Gerald Thomaz. Principais trabalhos em Dança: Tragédia Brasileira, de Manuel Bandeira, que deu origem ao espetáculo homônimo, ganhador da Bolsa Rede Stagium com apoio da Secretaria de Estado da Cultura; Das Faces do Corpo, que teve origem no projeto Confraria Desnaturada, premiado com a Bolsa Vitae de Artes, inspirado na obra fotográfica de Arthur Omar eAntropologia da Face Gloriosa? - Prêmio Rumos Itaú Cultural Dança (2000) e o Prêmio Estímulo à Dança da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (2003). Em 2004 e 2005, Eliana participou de trabalhos dirigidos por outros Intérpretes-Criadores, como Emilie Sugai no espetáculo Totem e foi convidada pela Cia. Tamanduá de Dança-Teatro para participar da Mostra Arquipélago Tamanduá no Teatro de Arena. Em 2005 atuou no espetáculo Ritual do Cotidiano, dirigido por Philippe Jamet dentro da Mostra Brasil na França 2005, tendo se apresentado no Teatro Anchieta e em vários teatros na França. Em 2007 participa do espetáculo O homem continua ou Como pode um homem pensar que é dono de um boi?, da Key Zetta e Cia. Em 2006 seu espetáculo Francisca da Silva de Oliveira – Chica da Silva – Um Esboço foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna. Em 2009, foi contemplada com o Programa de Ação Cultural – PROAC para montagem do espetáculo Das Outras Doçuras de Deus, inspirado em crônica de Clarice Lispector, no qual foi ganhadora do Prêmio APCA de intérprete-criadora. Criou com o bailarino Wellington Duarte, em 2010, o espetáculo Onde os Começos?, inspirado na obraTeologia Natural, de Hilda Hilst. Inspirado na obra do artista plástico britânico Chris Ofili, cria em 2011 o espetáculo Afro Margin. No ano seguinte usa como referência a obra pictória do pintor e sambista Heitor dos Prazeres no espetáculo Dos Prazeres, além de realizar uma nova montagem de Das Faces do Corpo. Em 2014, a obra do artista plástico britânico Chris Ofili volta a ser referência, dessa vez para  a montagem de Lost in Spaceshit.

Para roteiro:

 

A EMPAREDADA DA RUA NOVA – Estreia dia 8 de abril, quarta-feira, às 19 horas, na Casa do Povo. Direção e Interpretação – Eliana de Santana. Espaço Cênico e Iluminação – Hernandes de Oliveira. Assistente de Produção – Rodrigo Eloi Leão do Norte. Produção – E² Cia de Teatro e Dança. Duração – 40 minutos. Indicado para maiores de 14 anos.Temporada – De quarta-feira a domingo às 19 horas. Até 19 de abril. GRÁTIS – retirada de ingressos uma hora antes na bilheteria do teatro.


CASA DO POVO – Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro. Telefone – (11) 3227-4015. Acesso para deficientes físicos.Capacidade – 70 lugares. www.casadopovo.org.br

 

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