OS SONETOS COMPLETOS perfazem um conjunto de 154 poemas publicados em 1609, embora as datas exatas de sua composição sejam imprecisas. O ofício de Shakespeare, durante toda sua vida, foi sondar as paixões de seus personagens e despertar as paixões de suas plateias. Sua habilidade nisso é quase universalmente considerada sem rival, mas as fontes íntimas dessa habilidade permanecem desconhecidas. Os estudiosos reconstruíram incansavelmente pelo menos parte das leituras ecléticas e abrangentes de Shakespeare, mas sua própria vida apaixonada - seu acesso por meio da experiência e da observação pessoais às intensas emoções que ele representa - é quase completamente misteriosa. Seus Sonetos foram vasculhados em busca de evidências autobiográficas, mas, embora escritos na primeira pessoa, são deliberadamente misteriosos. No Brasil, sua obra nunca foi traduzida em todo o seu conjunto, havendo apenas algumas versões incompletas. Shakespeare também desenvolveu uma habilidade única na poesia. O mais célebre dos escritores ingleses escreveu diversos poemas, alguns deles recheados de metáforas. A Editora Landmark lança neste mês de setembro OS SONETOS COMPLETOS, uma edição brasileira de luxo bilíngue, em português e inglês, de todos os sonetos do maior dramaturgo inglês. Em primorosa edição de 344 páginas, com tradução do poeta e escritor Vasco Graça Moura, o livro foi originalmente publicado em Portugal no ano de 2002. Elogiada pela crítica especializada por seu preciosismo, a transmigração de todos os 154 sonetos escritos no final do século XVI por William Shakespeare foi ao mesmo tempo um trabalho de décadas e de semanas para Graça Moura, pois, no início da década de 1980, já havia feito a tradução de 50 dos 154 poemas, mas acabou optando por reescrevê-los para o desenvolvimento desta versão integral. "Numa série de oposições inúmeras vezes retomadas nos Sonetos", observava Graça Moura, "o tempo trai a beleza e as pompas, a velhice trai a juventude, o amigo trai o amigo, o homem trai a mulher, a mulher trai o homem, a tristeza e o desânimo traem a alegria, a escassez trai a abundância." Para ele, essa característica dos sonetos "surpreendia" e devia ser entendida como "a mesma traição que tão grande papel tem nas tragédias" de Shakespeare. O escritor, poeta, tradutor, cronista e político Graça Moura, falecido em 27 de abril de 2014, recebeu diversas distinções literárias na Europa, a exemplo do Prêmio Pessoa, em 1995, e da Medalha de Ouro da cidade de Florença por suas traduções de Vita Nuova e da Divina Comédia, de Dante Alighieri, esta última também publicada no Brasil pela Landmark. |