Ser casado é assim: conversas nas quais, na verdade, ninguém fala.”
Eu simplesmente não consigo expor ainda o efeito que Até o Fim, de Anna Quindlen, impôs sobre mim, tamanha a intensidade de sua narrativa e de seu suspense. No livro, descobre-se que uma família que parece perfeita é também disfuncional como qualquer outra.
Um casal que se ama, cujas vidas profissionais são bem-sucedidas, e que tem três filhos: a adolescente Ruby, de 17 anos, e os irmãos gêmeos Max e Alex. Eles parecem só felicidade.
A família é tão querida que a casa deles se transforma num ìmã para os amigos dos três filhos. Para lá eles vão, e lá eles querem ficar, sentem-se felizes naquele lar.
O pai, Glen, é um marido fiel. Oftalmologista, está no auge de sua carreira. É desorganizado, mas sabe achar tudo o que precisa quando quer. A mãe, Mary Beth, é paisagista e cultiva a harmonia familiar acima de tudo.
Numa prosa hipnotizante, Quindlen apresenta questões inerentes a qualquer família. A jovem Ruby enfrenta um problema sério com anorexia, já controlado, e tem um namorado nada a ver. O tímido e introvertido Max enfrentará uma grave crise de depressão. Já Alex é um fenômeno em popularidade na escola e exímio esportista.
A capacidade da autora para expressar a essência de uma personalidade em apenas uma única linha de diálogo ou um trejeito é impressionante, prende o leitor da primeira à última página. Ela faz com que nos apeguemos a essa família.
Até o meio do livro, mais ou menos, todos os problemas da vida parecem superáveis. É aquela coisa de pensarmos que incidentes muito ruins só acontecem na vida dos outros.
Então, na véspera do Ano-novo, a vida familiar dos Lathan é abalada por uma tragédia. Nem tente adivinhar do que se trata, você vai errar e não vai acreditar no que vai ler.
Até o Fim é um relato de dor e amor, solidão. Um relato de como as pessoas tratam as vítimas de violência, a culpa dos que ficam e de como seguir em frente. A tradução é de Joana Faro.