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Prótese dentária vive transição entre o artesanal e o digital

30 de Dezembro de 2025

 

Especialista na área, Guilherme Rabelo analisa como a experiência manual é fundamental para a qualidade estética dos tratamentos

A digitalização vem transformando profundamente a odontologia em escala global, especialmente na área de prótese dentária. Softwares de planejamento, modelagem 3D e fluxos digitais têm ampliado a previsibilidade dos tratamentos e redefinido a relação entre dentistas, laboratórios e pacientes. Nesse novo cenário, porém, a tecnologia não basta de forma isolada, uma vez que a experiência prática continua sendo um diferencial decisivo para a qualidade do resultado final.

Guilherme Rabelo é especialista em próteses dentárias
Foto: Divulgação

Segundo Guilherme, o fluxo digital possibilita que o profissional trabalhe com imagens do paciente, simulações estéticas precisas e medições objetivas, oferecendo ao dentista maior segurança na tomada de decisão e facilitando a adesão do paciente ao tratamento. "Em muitos casos, esse planejamento se torna um fator determinante para o fechamento do procedimento final", afirma ele.

Apesar do avanço tecnológico, Guilherme avalia que a prótese dentária ainda vive um momento de transição. "O melhor resultado hoje continua sendo a combinação do digital com o trabalho manual. A tecnologia acelera, organiza e prevê, mas o acabamento artístico ainda depende da mão humana", diz o especialista. Técnicas como a estratificação cerâmica continuam sendo referência quando o objetivo é alcançar máxima naturalidade estética, de acordo com ele.

Essa visão profissional é resultado de uma trajetória construída na prática. Guilherme iniciou sua formação ainda na adolescência, aos 16 anos, a partir de um estágio em laboratório de prótese, onde teve o primeiro contato com enceramentos, esculturas dentárias e processos artesanais que despertaram seu interesse pela área. Em seguida, ingressou no curso técnico em prótese dentária, no qual rapidamente se destacou pela habilidade manual e pelo domínio técnico, chamando a atenção de professores e coordenadores.

Ao longo dos anos, atuou em laboratórios reconhecidos por alto nível de exigência técnica, onde participou da execução de casos complexos e teve contato direto com diferentes materiais e técnicas, como metalocerâmica, cerâmica feldspática, zircônia, resinas e planejamentos diagnósticos. Essa vivência integral da bancada, desde as etapas iniciais até o acabamento estético final, consolidou uma base sólida que hoje orienta sua atuação no ambiente digital.

A transição para o digital ocorreu de forma progressiva, acompanhando a evolução tecnológica do setor. Guilherme esteve entre os primeiros técnicos de sua região a trabalhar com fluxos digitais aplicados à prótese dentária, experiência que lhe permitiu compreender não apenas as ferramentas, mas também suas limitações. "O digital não substitui o conhecimento da prótese, mas sim potencializa quem já entende o processo construtivo do dente".

Atualmente, sua atuação é concentrada no planejamento digital de próteses, com foco em facetas, coroas, implantes e protocolos, prestando serviços de forma remota para dentistas e laboratórios no Brasil e no exterior. Os projetos são entregues em arquivos digitais que permitem alta previsibilidade clínica e estética, integrando-se aos processos de impressão 3D ou fresagem utilizados pelos parceiros locais.

Segundo o especialista, um dos principais diferenciais do seu trabalho está na capacidade de antecipar soluções no ambiente virtual a partir da experiência prática acumulada ao longo de quase duas décadas. "Quem passou anos na bancada consegue prever problemas que o software, sozinho, não enxerga. Isso muda completamente a qualidade do planejamento", explica.

Em um mercado cada vez mais globalizado, a odontologia digital também ampliou fronteiras. Guilherme atende clientes em diferentes países, adaptando seus planejamentos a padrões estéticos variados e às preferências de cada clínica ou laboratório. A personalização, segundo ele, é essencial para garantir consistência e fidelização. "Cada cliente tem uma filosofia de trabalho, e o planejamento precisa respeitar isso", afirma.

Para o especialista, o futuro da prótese dentária seguirá avançando em direção à automação e ao uso crescente de tecnologias digitais, mas a excelência continuará dependendo da integração entre técnica, sensibilidade estética e experiência clínica. "A tecnologia é um meio. O resultado final ainda nasce do entendimento profundo da prótese como arte e como ciência", conclui o protético.

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