Com dramaturgia do uruguaio Sergio Blanco e direção de Victor Garcia Peralta, a peça é uma autoficção que acompanha os encontros entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história do crime
Tebas Land - Robson Torinni (esq) e Otto Jr. |
Créditos: Rodrigo Lopes |
Ao retratar a instigante relação entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história de seu crime, o espetáculo “Tebas Land” conquistou o público brasileiro desde a sua estreia, em 2018, ganhando várias temporadas no país até a chegada da pandemia. Em 2024, a premiada autoficção, escrita pelo uruguaio Sergio Blanco e dirigida por Victor Garcia Peralta, volta em cartaz, agora no Teatro Poeira, a partir de 22 de fevereiro. O espetáculo também participará do Festival de Avignon, em julho, um dos eventos de teatro mais importantes do mundo. Em cena, estão novamente os atores Otto Jr. e Robson Torinni, que ganharam elogios de espectadores e críticos pelo trabalho. A peça venceu os prêmios Shell RJ de Melhor Ator (Otto Jr.) e Botequim Cultural de Melhor Espetáculo, Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni). Também foi indicado ao Botequim Cultural de Melhor Ator (Otto Jr.) e Cesgranrio de Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni).
Inspirado no mito do Édipo e na vida de São Martinho de Tours, santo europeu do século IV, o espetáculo também revisita textos que abordam o tema da paternidade, como “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoievski; “Um Parricida”, de Maupassant; e “Dostoievski e o Parricídio”, de Freud. O cenário reproduz a quadra de basquete de uma prisão, onde ocorrem os encontros quase documentais entre os dois personagens, duas pessoas de mundos completamente distintos. Começa, então, uma peça dentro da peça, com Robson Torinni na pele tanto do jovem assassino quanto do ator que o representa. Com esse jogo de metalinguagem, a peça propõe uma reflexão sobre construção de dramaturgia, o universo teatral e os limites entre ficção e realidade.
“O texto nos cativou pelos dois diferentes planos, razão e emoção, e pelo processo criativo imbuído neles, em que a dramaturgia é construída durante a ação da peça, oscilando, quase que paralelamente, entre a discussão do fato ocorrido e a construção do texto da peça que será baseada no crime”, conta Victor Garcia Peralta, idealizador do projeto junto com Robson Torinni. “Tivemos que parar o espetáculo, com plateias lotadas, no começo da pandemia. E é com muita alegria que iniciamos a nova temporada deste texto, que ganhou adaptações premiadas em uma série de países”, celebra Torinni.
Com sensibilidade e inteligência, o autor uruguaio Sergio Blanco expõe temas como a importância da paternidade, falta de afeto, solidão, famílias disfuncionais e falência dos sistemas prisionais. Como de praxe nas dramaturgias do autor, a peça nos faz refletir sobre problemas sociais. “Tebas Land” também nos alerta sobre as consequências dos abusos (físicos, sexuais e psicológicos) sofridos na infância, que perduram durante a vida toda das vítimas. No Brasil, um estudo revelou que, apenas no primeiro semestre de 2022, 84% das violações contra crianças de até 6 anos foram cometidas por familiares. Essas agressões têm impacto negativo a curto, médio e longo prazo na saúde física e mental das vítimas e em suas práticas parentais futuras.
“A peça aborda uma questão que muito nos toca: as ligações com os pais. Nem todos podemos ser pais, mas todos somos filhos e, portanto, todos temos a experiência da descendência. É também um trabalho sobre a dinâmica do que é a engenharia da construção de uma peça, como o texto pode ser escrito”, define o dramaturgo Sergio Blanco.
Sobre Sergio Blanco
Diretor e dramaturgo, o franco-uruguaio Sergio Blanco viveu sua infância e adolescência em Montevidéu e atualmente reside em Paris. Depois de estudar filologia clássica, decidiu dedicar-se inteiramente à escrita e à direção de teatro. Suas peças receberam vários prêmios, entre eles, o Prêmio Dramático Nacional do Uruguai, o Prêmio Drama da Inauguração de Montevidéu, o Prêmio Nacional do Fundo de Teatro, o Prêmio Florêncio de Melhor Dançarino, o Prêmio Internacional Casa de las Américas e Prêmios Best Text Theatre na Grécia. Em 2017, sua peça “Tebas Land” recebeu o prestigiado British Award Off West End em Londres. Sua obra foi incorporada ao repertório da Comédia Nacional do Uruguai em 2003 e 2007, com as peças “.45'” e “Kiev”. Entre seus títulos mais conhecidos estão “Slaughter”, “.45'”, “Kiev”, “Opus Sextum, diptiko (vol 1 e 2)”, “Barbarie”, “Kassandra”, “Tebas Land”, “A ira de Narciso” e “Quando você passa sobre meu túmulo”. Várias de suas obras foram publicadas em seu país e no exterior.
Sobre Victor Garcia Peralta
Formado no Piccolo Teatro di Milano sob a direção de Giorgio Strehler. Trabalhou em Buenos Aires como ator e diretor em diversos espetáculos. No Brasil, dirigiu o sucesso de público “Os homens são de Marte... E é para lá que eu vou!” (com Mônica Martelli). Também foi responsável pela direção dos espetáculos “Não sou feliz, mas tenho marido” (com Zezé Polessa), “Decadência” (de Steven Berkoff, com Beth Goulart e Guilherme Leme), “Tudo que eu queria dizer” (de Martha Medeiros, com Ana Beatriz Nogueira) e “Quem tem medo de Virginia Woolf?” (de Edward Albee, com Zezé Polessa), “A Sala Laranja: no Jardim de infância” (Victoria Hladilo), “Tebas Land” (Sergio Blanco), pelo qual recebeu o prêmio de melhor direção pelo Botequim Cultural. Na televisão, dirigiu “Alucinadas” (Multishow) e “Gente lesa” (GNT).
Sobre Otto Jr
Ator mineiro com carreira construída no Rio de Janeiro. No teatro, ganhou o Prêmio Shell 2019 de melhor ator pela peça "Tebas Land", de Sergio Blanco, direção de Victor Garcia Peralta, e o Prêmio APTR 2017 de melhor ator por "Amor em dois atos", de Pascal Rambert, direção de Luiz Felipe Reis. Atuou em mais de 30 peças, com diretores como Irmãos Guimarães, Paulo de Moraes, Miwa Yanagizawa, Zé Henrique de Paula, Bel Garcia, Bruce Gomlevsky, Daniela Amorim, Ivan Sugahara, José Possi Neto. Na CiaTeatroAutônomo, sob a direção de Jefferson Miranda, além de ator, foi co-criador, junto com os demais integrantes da Cia, de espetáculos como o premiado "Deve Haver Algum Sentido Em Mim Que Basta", ganhador em 2005 do Prêmio APCA de "Melhor Espetáculo". No audiovisual, protagonizou o longa "Desterro", de Maria Clara Escobar, que estreou na mostra competitiva do Festival Internacional de Rotterdam 2020, além de séries como “Todo dia a mesma noite” (Netflix) e Arcanjo Renegado (Globoplay), cuja terceira temporada será exibida em 2024.
Sobre Robson Torinni
Participou de alguns trabalhos no cinema, teatro e televisão. Iniciou sua trajetória na Escola de Atores Globe-SP, passando pela Oficina de Atores da Rede Globo e Escola de Atores Wolf Maya. Formou-se como Bacharel em teatro no Rio de Janeiro e sua primeira produção foi “A Sala Laranja”, seguida pelo premiado espetáculo “Tebas Land, que lhe rendeu o prêmio Botequim Cultural de Melhor Ator e duas indicações a Melhor Ator pelo Prêmio Cesgranrio e pelo Prêmio Cenym. Idealizou o monólogo “Tráfico”, em que interpretava um garoto de programa que se torna um matador de aluguel. A peça foi indicada a cinco prêmios de teatro: Prêmio APTR nas categorias Melhor Ator (Robson Torinni), Melhor Iluminação (Bernardo Lorga) e Melhor Direção de Movimento (Toni Rodrigues) e Prêmio Cesgranrio nas categorias Melhor Ator (Robson Torinni) e Melhor Iluminação (Bernardo Lorga).
Ficha técnica:
Autor: Sergio Blanco
Tradutor: Esteban Campanela, Robson Torinni e Victor Garcia Peralta
Direção: Victor Garcia Peralta
Atores: Otto Jr. e Robson Torinni
Cenógrafo: José Baltazar
Iluminador: Maneco Quinderé
Figurino: Criação coletiva
Trilha sonora: Marcello H
Operador de luz: Walace Furtado
Operador de som: Rodrigo Pinho
Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Designer Gráfico: Alexandre Castro
Fotografia: Rodrigo Lopes e billnog.biz
Direção de produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Produção: Galharufa Produções Culturais
Produção executiva: João Eizô Y Saboya
Realização: REG'S Produções Artísticas
Idealização: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta
Serviço:
Espetáculo “Tebas Land”
Temporada: 22 de fevereiro até 28 de abril
Teatro Poeira: Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2537-8053
Dias e horários: quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
Lotação: 145 pessoas
Duração: 1h40 minutos
Classificação: 16 anos
Venda de ingressos: https://bileto.