Com direção de Clara Carvalho, espetáculo é uma construção coreográfica e teatral inspirada no livro Das Tripas Coração, da autora pernambucana Ezter Liu
Créditos: Cláudio Gimenez |
Esta história lhe cortou por dentro ruidosamente.
Tentou um final feliz. Mas pela janela não via paisagem.
Via as manchas do vidro...
Ela (a mulher que escreve) no lugar do coração usará tripas. (Ezter Liu. Das tripas coração)
A Cia Mariana Muniz de Dança e Teatro investiga o universo dos contos da pernambucana Ezter Liu em Das Tripas: Sete Histórias, inspirado no livro Das Tripas Coração, que rendeu à escritora o V Prêmio Pernambuco de Literatura, em 2018. O espetáculo estreia em curta temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre 21 e 26 de fevereiro.
Com direção de Clara Carvalho e interpretação de Mariana Muniz, o espetáculo é uma construção coreográfica e teatral, na qual os movimentos e palavras dão voz e corpo ao universo poético e profundamente feminino retratado pela escrita de Liu.
Em 2019, Mariana Muniz, que também é pernambucana, fez uma abertura de processo de criação em dança-teatro que envolveu a adaptação de alguns dos contos do livro, dirigida por Carvalho. A apresentação foi realizada via zoom e veiculada pelo Grupo Tapa em seu Festival de Inverno de 2021, com o título “Sete Histórias”. Agora, o que a Cia Mariana Muniz de Dança e Teatro propõe é o aprofundamento das descobertas cênicas desde essa abertura.
Os contos escolhidos do livro têm em comum a temática feminina e se expandem em narrativas cênicas. Suas histórias, cheias de peripécias inusitadas e concretas, nos convidam a mergulhar no universo poético da dança-teatro. Segundo a autora, desses contos “vieram da imaginação mesmo, já outros são mais empíricos, mas nada autobiograficamente descarado”.
O espetáculo ainda é a possibilidade de uma grande parcela do público jovem e amante das artes cênicas ter acesso direto às experimentações, vivências e processos de criação da Cia Mariana Muniz de Dança e Teatro. E nasce de inquietações como: Quando os movimentos e os gestos dançados são fundamentais para fazer emergir no corpo do espectador sensações e pensamentos que o coloquem em sintonia com a estrutura narrativa escolhida? Quando o texto falado, a rede de palavras se torna imprescindível para dar clareza e sentido à dramaturgia? Como constituímos uma trama de palavras e movimentos que expressam caminhos comunicantes, sem perder a conexão com o espírito de cada conto selecionado?
Em sua escrita, Ezter Liu nos apresenta o "ser mulher" com uma força que se expande em múltiplas direções; são personas que coabitam e se revezam para descobrir o que faz de cada uma a protagonista da sua própria trama. A mulher que se sente deus, a mulher que escreve; a mulher que foge, a que acende fogueiras, que se torna parafuso, são algumas das várias faces do feminino que protagonizam as histórias criadas pela autora, que além de poeta é uma policial em Carpina, cidade da zona da Mata de Pernambuco.
“Assim como a autora escolhe criar uma narrativa sem vírgulas, apontando para a necessidade de um contar sem pausas, nós acreditamos na força da tradução deste movimento literário em ação cênica, tirando da adversidade a sua força e atravessando os próprios limites para dizer o que precisa ser dito sobre a questão do feminino, num país onde o feminicídio é uma realidade muito cruel e que continua fazendo milhares de vítimas por minuto”, revela Mariana Muniz.
Sobre Ezter Liu
Ezter Liu nasceu no Recife e mora em Carpina. É graduada em Letras e destaca-se como escritora de prosa e poesia. Seus textos são publicados desde 2015 em coletâneas na região e no estado de Pernambuco. É policial e poeta e vencedora do título maior do Prêmio Pernambucano de Literatura. Das Tripas Coração é seu segundo livro publicado.
“Todos os contos são sobre mulheres. Todos são em terceira pessoa. Retratos de universos femininos diferentes. Sobre amor, violência, angústias, realizações...”.
Liu diz que escreve desde que se entende por gente, mas não mostrava para ninguém. Diz que era uma escritora enrustida. A autora mantém o blog “Pancada do Vento”, mas não faz publicações constantes. Em 2018, Liu alcançou um marco em sua trajetória: tornou-se a primeira mulher a ganhar o Prêmio Pernambucano de Literatura com o livro Das Tripas Coração. Publicou depois as Breves Fogueiras (2021), e já está planejando o próximo lançamento.
Ficha Técnica
Coordenação Geral e intérprete: Mariana Muniz
Assistente de Coordenação: Cláudio Gimenez
Direção: Clara Carvalho
Assistência de direção: Marcella Vicentini
Iluminação: Wagner Pinto
Espaço Cênico: Júlio Dojcsar
Assistente de Iluminação: Gabriel Greghi e Carina Tavares
Trilha Sonora: Mau Machado
Figurino: Marichilene Artisevskis
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Produção Geral: Movicena Produções
Direção de Produção: Rafael Petri
Produção Executiva: Jota Rafaelli
Realização: Prefeitura de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura | Fomento à Dança Para a Cidade De São Paulo.
Sinopse
Das Tripas: Sete Histórias, é um espetáculo de dança-teatro livremente inspirado no livro Das Tripas Coração da escritora pernambucana Ezter Liu. O espetáculo é uma construção coreográfica e teatral, na qual os movimentos e palavras dão voz e corpo ao universo poético e profundamente feminino retratado pela escrita de Liu.
Serviço
Das Tripas Coração: Sete Histórias
Temporada: 21 a 26 de fevereiro (exceto dia 25/2)
Quarta, quinta, sexta e segunda, às 19h; sábado, às 18h
Oficina Cultural Oswald de Andrade - Rua Três Rios, 363, Bom Retiro
Ingressos: Gratuitos – retirar uma hora antes na bilheteria.
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: rampa de acesso, banheiros acessíveis e plateia com reserva de lugares