Com direção de Zé Henrique de Paula, peça propõe reflexão sobre o tempo e as heranças familiares a partir da história de três mulheres
Créditos: Laerte Késsimos |
Com grande destaque na cena do teatro musical nos últimos anos, a atriz e dramaturga Fernanda Maia aventura-se desta vez por um trabalho mais intimista, escrito e atuado por ela mesma. Trata-se do solo DENISE, com direção de Zé Henrique de Paula, que estreia no dia 1º de setembro no Teatro do Núcleo Experimental, onde segue em cartaz até 2 de outubro, com apresentações às sextas, aos sábados e às segundas, às 21h, e aos domingos, às 19h.
Sobre a diferença entre conduzir processos criativos para espetáculos maiores e para os mais intimistas, a artista comenta: “Ensaiar um espetáculo grande é como reger uma orquestra, fazer um solo intimista é como tocar seu instrumento. No primeiro caso, o olhar é para fora, atento ao elenco e à sua equipe, mas sem perder a noção do que se quer dizer com aquela obra. No processo intimista, o olhar é para dentro, é uma conexão interna com tudo o que está sendo dito. Fui eu que escrevi o texto, então essa conexão, se por um lado é mais fácil porque sei exatamente o porquê de tudo o que está escrito ali, por outro lado, ela atinge aspectos emocionais que são muito profundos e, às vezes, difíceis”.
Maia ainda conta que a ideia de criar o solo surgiu da experiência de dar uma aula de teatro para professores do ensino público. Como uma forma de dinâmica, ela pediu para que cada participante contasse a história do próprio nome.
“Foi uma dinâmica muito forte e transformadora. Surgiram emoções variadas, de traumas a histórias engraçadíssimas, e eu percebi que as pessoas se conectavam com essa sua ‘primeira história’. Então, tive vontade de falar sobre isso numa peça. A história do nome ‘Denise’, na peça, não é a minha história, mas eu acredito que as questões que acompanham a sua linhagem são determinantes para a construção da nossa subjetividade”, revela.
DENISE conta a história de três mulheres de diferentes gerações de uma mesma família. Quando sua filha anuncia que está começando um novo relacionamento, Nina fica muito preocupada, pois a garota sofre de depressão e tentara o suicídio dois anos antes. Nina quer ficar perto da filha, mas precisa se mudar para a casa de sua própria mãe, que está com Alzheimer e não aceita ser cuidada por mais ninguém. Lá, a protagonista acaba descobrindo coisas sobre sua família que desconhecia e que, de alguma forma, fazem todo sentido para ela.
“Me chama muito a atenção como nós, principalmente mulheres, vamos levando por gerações o que eu chamaria de ‘heranças de desamor’. Em geral, somos criadas com cobranças excessivas e passamos isso para frente. Nos meus trabalhos como dramaturga, em geral, eu escrevi sobre universos que podem parecer distantes de mim, mas que continham muito dos meus sentimentos e impressões. Escrevo muito sobre personagens que ‘não se encaixam’ e esta também é uma sensação que me acompanha”, relata Maia.
A peça discute justamente essas heranças familiares, aquilo que influencia e às vezes até determina nosso comportamento e que é herdado das gerações anteriores. Além disso, propõe uma reflexão sobre o tempo e a evolução do amor no decorrer das gerações.
“DENISE fala de mulheres ao longo da vida, uma das narradoras é uma mulher da minha idade, ansiosa como eu, preocupada como eu, que tenta se antecipar a tudo, prever os problemas e solucioná-los mesmo antes que eles apareçam. Sob este aspecto, me identifico muito com a personagem eixo da peça”, acrescenta a autora.
Sobre Fernanda Maia – atriz e autora do espetáculo
Uma das fundadoras, junto com Zé Henrique de Paula, do Núcleo Experimental. Dramaturga, versionista, diretora musical, compositora e atriz. Como dramaturga e compositora tem se dedicado à criação de musicais originais, é responsável pelas composições originais dos espetáculos Cabaret dos Bichos, com texto de Zé Henrique de Paula e Cangaceiras, com texto de Newton Moreno.
Como dramaturga, escreveu alguns sucessos do teatro musical como “Chaves, um Tributo Musical”, “Lembro Todo Dia de Você”, com composições de Rafa Miranda. Também com composições de Rafa Miranda, escreveu o grande sucesso Brenda Lee e o Palácio das Princesas, musical que recebeu o Prêmio APCA de Melhor Espetáculo de 2022, além de ter dado os prêmios Bibi Ferreira e Shell para Verônica Valenttino.
Seus últimos trabalhos como diretora musical foram “Once, o Musical” e “Sweeney Todd”, neste último também assina as versões.
Ganhadora de duas edições do Prêmio Shell como diretora musical, quatro prêmios Bibi Ferreira como dramaturga e versionista. Ganhadora também de dois Prêmios APCA : em 2013 como dramaturga e diretora do espetáculo Menino Lua e em 2017 como uma das personalidades de destaque na criação de teatro para infância e juventude.
Sinopse
DENISE é uma peça solo que conta a história de três mulheres de uma mesma família. Nina é o eixo dessa história, a peça começa quando a filha de Nina anuncia que está começando um novo relacionamento, o que a deixa muito preocupada, pois dois anos antes, a garota havia tentado suicídio. Ela deseja ficar perto da filha, mas precisa se mudar para a casa da mãe que está com Alzheimer e que não aceita que ninguém, a não ser Nina, cuide dela. Mesmo dividida, ela vai cuidar da mãe idosa e acaba descobrindo coisas sobre a história de sua família que ela desconhecia.
Ficha técnica
Texto e atuação: Fernanda Maia
Direção: Zé Henrique de Paula
Preparação de atores: Inês Aranha
Direção musical: Rafa Miranda
Produção: Laura Sciulli
Cenário e figurino: Zé Henrique de Paula
Iluminação: Fran Barros
Fotos e Arte gráfica: Laerte Késsimos
Serviço
DENISE, de Fernanda Maia
Temporada: 1º de setembro a 2 de outubro
Sextas, sábados e segundas, às 21h, e domingos, às 19h
Teatro do Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637, Barra Funda
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia-entrada)
Vendas online em sympla.com.br/
Bilheteria: Online pelo sympla ou compra na hora através de dinheiro ou pix.
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 55 lugares
Acessibilidade: Teatro é acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.