Espetáculo, que rendeu à atriz indicações aos prêmios Shell e APTR, cria reflexão sobre os códigos racistas escusos da sociedade
Créditos: Daniel Barboza |
Com uma carreira de destaque nas telas e nos palcos, a atriz Ana Carbatti desembarca em São Paulo com o solo Ninguém Sabe Meu Nome, que foi sucesso de crítica e de público no Rio de Janeiro, onde estreou em 2022. O espetáculo fica em cartaz no auditório do Sesc Pinheiros, entre os dias 3 e 26 de agosto, com apresentações de quinta a sábado, às 20h.
O trabalho, que rendeu a sua intérprete e idealizadora indicações aos prêmios Shell e APTR de melhor atriz, ainda tem dramaturgia de Mônica Santana e direção artística de Inez Viana e Isabel Cavalcanti.
O solo cria uma reflexão sobre os códigos racistas escusos na sociedade, seus impasses, impactos e possíveis propostas de reparação histórica. A trama retrata uma mãe preta de meia-idade que precisa educar e orientar seu filho pequeno para sobreviver em um país que, embora tenha a maior população preta do mundo fora do continente africano, não o reconhece como igual.
Sobre sua personagem, Carbatti comenta: “Iara só quer ter a certeza de que seu filho vai chegar à idade adulta e se tornar um cidadão comum e respeitado. A sua angústia sintetiza a de milhões de mães no Brasil e no mundo”.
A história começa quando Iara acorda de um pesadelo no qual seu Menino teria desaparecido. Então, ela começa a questionar a própria existência e sua função na sociedade ao encarar o seguinte dilema: deve educar seu filho para que ele cresça em sua pureza ou deve prepará-lo desde cedo para enfrentar uma sociedade que não reconhece sua existência? Seria possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo?
Em uma conversa íntima com o público, ela discorre sobre suas principais angústias, medos e esperanças, expondo seu corpo tão marcado quanto belo, tão liberto quanto invisível. A ideia é discutir em cena como a sociedade ainda precisa compreender sua responsabilidade e agir para reparar sua dívida histórica com a população preta.
“É urgente refletir e falar sobre o racismo no Brasil e sobre a violência que sofre a população preta, grande maioria no país. É fundamental repensar a história brasileira: um país fundado a partir do massacre violento de muitos, por parte de uma elite privilegiada. E no teatro, onde a nossa humanidade ainda sobrevive, ainda é possível estabelecer um diálogo amoroso”, ressalta a codiretora Isabel Cavalcanti.
“Não haverá liberdade enquanto não houver igualdade. Essa peça é uma das mais importantes que já fiz, em quase 40 anos de teatro. É a palavra-semente que precisa ser espalhada pelo mundo”, acrescenta a codiretora Inez Viana.
Sobre Ana Carbatti
Formada pela CAL e Uni-Rio, Ana Carbatti e tem trilhado nos últimos 35 anos uma carreira de sucesso no teatro, televisão e cinema. Ela ganhou quatro prêmios de melhor atriz por sua atuação no filme “Os Inquilinos”, sob a direção de Sérgio Bianchi, com quem realizou outros 2 filmes.
Dentre seus inúmeros trabalhos na TV, destacam-se as novelas “A Força de Um Desejo”, “JK”, “Laços de Família”, “Lado a Lado”, “Amor À Vida” e “Tempo de Amar”, todas produzidas pela TV Globo. No teatro, atuou em mais de 60 produções, destacando-se em “Otelo da Mangueira”, “A Capital Federal” e a “Divina Comédia”, respectivamente sob a direção de Daniel Herz, André Paes Leme e Regina Miranda; “Tim Maia”, musical dirigido por João Fonseca; e os espetáculos infantojuvenis “Manuel Bandeira: Estrela da Vida Inteira” e “Histórias de Jilú”. Ainda protagonizou os musicais “Clementina, Cadê Você” (2013), dirigido por Duda Maia, e “Museu Nacional – Todas as Vozes do Fogo” (2022), dirigido por Vinícius Calderoni. Idealizou, produziu e protagonizou os espetáculos “Pequenas Tragédias” (2013/2014), “Redemunho” (2017/2022) e “Ninguém Sabe Meu Nome” (2022).
Sinopse
Iara é uma mulher preta de meia idade, mãe de Menino, uma criança preta. Em uma conversa íntima com o público, questiona sua própria existência e sua função na sociedade, como mulher e mãe: educar seu filho para que cresça e floresça em sua pureza ou despi-lo, ainda em tenra idade, de sua inocência de modo a prepará-lo para o enfrentamento de uma sociedade que não o reconhece como igual. Ou, ainda, se é possível fazer as duas coisas.
Ficha Técnica
Idealização, Texto e Pesquisa: Ana Carbatti
Dramaturgia: Mônica Santana
Direção Artística: Inez Viana e Isabel Cavalcanti
Elenco: Ana Carbatti
Direção Musical: Vidal Assis
Direção de Movimento: Cátia Costa
Cenografia: Tuca Mariana
Figurinos: Flávio Souza
Design de Luz: Flávia Mantovani e Lara Cunha
Direção de Produção: Aliny Ulbricht
Produção Executiva: Raissa Imani
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Programação Visual e Projeto de Comunicação: Daniel Barboza Co-Produção: Kawaida Cultural
Coordenação de Produção: Ana Carbatti Produções e Artes
Serviço
Ninguém Sabe Meu Nome
Temporada: 3 a 26 de agosto de 2023, de quinta a sábado, às 20h
Sesc Pinheiros – Auditório (3º andar) – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros
Telefone: (11) 3095-9400
@sescpinheiros | sescsp.org.br/pinheiros
Ingressos: R$ 30 (inteira) | R$ 15 (meia entrada) | R$ 10 (credencial plena)
Classificação:12 anos
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.