Cultura - Teatro

HUMILHAÇÃO faz temporada no Teatro Alfredo Mesquita dias 10, 11 e 12 de fevereiro

7 de Fevereiro de 2023

Espetáculo do Grupo II foi criado no projeto de escrita e encenação PDF e teve como ponto de partida o ensaio homônimo do norte-americano Wayne Koestenbaum

Crédito: Cris Jatobá

Um mosaico com pequenas e grandes humilhações nossas de cada dia é traçado pelo espetáculo HUMILHAÇÃO, que reúne dramaturgias curtas de Carla Kinzo, Cláudia Barral, Lucas Mayor e Marcos Gomes. A peça tem uma nova temporada no Teatro Alfredo Mesquita entre 10 e 12 de fevereiro de 2023.

O espetáculo e a oficina fazem parte do Projeto Humilhação Circulação, contemplado pela 15a. Edição do Prêmio Zé Renato - Secretaria Municipal de Cultura.

Tendo como ponto de partida o ensaio “Humilhação”, do norte-americano Wayne Koestenbaum, publicado na revista Serrote (nº12), o espetáculo foi criado na segunda edição do projeto PDF, de escrita e encenação de dramaturgias em pequenos formatos, e estreou em 2021 na antiga sede do Teatro Cemitério de Automóveis.

A peça passeia por fatos humilhantes, alguns deles extraídos do cotidiano das dramaturgas e dramaturgos convidados. Na cena “Você viu meu pai por aí?”, de Lucas Mayor, a imagem de um pai sentado tranquilamente em um café, lendo, enquanto sua filha chora sozinha em uma pracinha do bairro, viraliza na internet. Enquanto isso, o casal – pai e mãe – tenta elaborar, junto com a plateia, a dimensão da tragédia desse episódio. O cancelamento e o tribunal da internet são reconstruídos a partir da conversa privada entre os dois adultos.

No texto “A candidata”, Carla Kinzo trabalha a construção de dois relatos a partir de uma entrevista de emprego. Inspirada em uma história real, em que uma aspirante é “esquecida” em uma sala de recrutamento, a dramaturgia investiga duas perspectivas femininas em uma situação desigual de poder. A relação de opressão e humilhação, a invisibilidade e a completa falta de empatia que costuma brotar de algumas relações de trabalho são alguns temas discutidos em cena.

Já em “Sementes e Selos”, Cláudia Barral lança mão da comédia e do melodrama para falar das veleidades que pairam sobre a literatura contemporânea. Na trama, um casal colapsa quando o novo livro de um autor é recusado pelo editor, seu companheiro. A situação se agrava quando descobrimos que em seu lugar foi publicado um livro de autoajuda e que a autora é a atual amante do editor. A trama simples revela o lugar patético do escritor preso à necessidade de reconhecimento.

Por fim, em “Humilhação”, Marcos Gomes e Andrea Tedesco contam os últimos anos de um teatro a partir da relação com o prédio que o abrigava há dez anos. Inspirada em fatos reais, a narrativa dá conta de um processo de deterioração desta relação a partir da ascensão de uma extrema direita, ao se debruçar sobre as pequenas disputas de poder que se dão entre os moradores, representados pela figura do novo síndico, e os artistas e frequentadores do icônico e boêmio teatro paulistano.

Para contar todas essas histórias, a peça conta com a participação de Andrea Tedesco, Daniela Schitini, Ernani Sanchez, Marcos Gomes, Maura Hayas, Pablo Perosa, Vanessa Bruno e Walmir Pavam.

Formas Breves

Além do espetáculo, os artistas realizam a Oficina de Dramaturgia Formas Breves (confira o serviço abaixo).

A proposta da atividade é que cada integrante, a partir da análise de trechos de peças contemporâneas, de exercícios de escrita e do estudo de técnicas específicas do universo literário do conto, desenvolva um texto de curta duração, que será lido e discutido coletivamente em suas várias etapas. Ao longo de cinco encontros de duas horas cada, serão observadas as especificidades da forma breve, não entendida apenas como um fragmento de peça, ou uma cena solta, mas como totalidade poética. 

Assim como o conto em relação ao romance, a peça breve também pode ser entendida como forma independente, que apresenta suas próprias necessidades e possibilidades de agenciamento. Para traçar este paralelo, algumas referências serão compartilhadas, o livro Formas breves, do escritor argentino Ricardo Piglia, e Valise de cronópio, de Julio Cortázar.   

A oficina nasce do projeto “Terça em cena”, idealizado por Lucas Mayor, em 2013, que desde então mensalmente traz à cena textos de curta duração escritos por dramaturgas e dramaturgos contemporâneos. O projeto teve início no teatro Cemitério de automóveis, muito inspirado pelo Prêt-à-porter, de Antunes Filho, bem como pelo desejo de criar um espaço de produção e fomento da dramaturgia contemporânea. Com o texto curto poderia também se encurtar os ensaios e todo o modelo de produção convencional. A forma breve surge também dessa demanda. No decorrer de nove anos mais de 150 peças foram apresentadas e o público assistiu a essa junção entre atores conhecidos e reconhecidos e novos dramaturgos e novas dramaturgas. Alguns anos depois, Lucas Mayor e Marcos Gomes perceberam a necessidade de aprofundar esse caminho por meio da criação de um espaço de formação de novas dramaturgias breves. É neste momento que surge, em 2016, o Formas breves: oficina de dramaturgia, oficina que se nutre do encontro entre textos teóricos (provindos da teoria do conto), dramaturgias e exercícios de escrita dos participantes. Dessas oficinas surgiu uma série de peças curtas que, em diversos momentos, tornaram-se espetáculos por meio do Terça em cena, ou foram publicadas, como é o caso dos livros Sombra, da dramaturga Fernanda Rocha, Só as hienas matam sorrindo, do dramaturgo e contista Aramyz e Sorte grande e outras peças, de Antonio Peyry.  

Do encontro entre as oficinas e o Terça em Cena foi criado um grupo de estudo de dramaturgia permanente, que se reúne quinzenalmente no Espaço Graganta – nova sede do Grupo II de teatro, formado pela dupla Marcos Gomes e Lucas Mayor. O Garganta oferece oficinas ligadas à dramaturgia, ao teatro e ao cinema, além de promover lançamentos, leituras, pocket shows, peças em pequenos formatos cênicos e já reuniu artistas como Ester Laccava, Fernanda Dumbra, Ney Piacentini, Cidinha da Silva, Aline Bei, Fabrício Corsaletti, Malú Bazán, Janaina Leite, Marcelo Montenegro e Mário Bortolotto. 

Nesta edição da oficina Formas Breves, serão abertas vinte vagas gratuitas. As inscrições serão realizadas por meio de carta de interesse. Nosso objetivo é que ela seja realizada em equipamento público e esteja aberta a toda a comunidade a partir de 16 anos.

Sinopse 

O espetáculo HUMILHAÇÃO reúne quatro peças curtas de Carla Kinzo, Cláudia Barral, Lucas Mayor e Marcos Gomes que foram escritas a partir do ensaio homônimo do escritor norte-americano Wayne Koestenbaum, e integram a segunda edição do projeto PDF. As cenas investigam diferentes formas de humilhação cotidiana, passando pelo tribunal da internet; pelos processos de seleção e recrutamento de grandes empresas; pelas veleidades literárias de um autor recusado; pela ascensão de uma nova ordem conservadora, disposta a tudo para fechar teatros. Mais que um inventário, Humilhação é uma peça sobre a vergonha do oprimido.

Ficha Técnica

Dramaturgia: Carla Kinzo, Cláudia Barral, Lucas Mayor e Marcos Gomes

Direção: Lucas Mayor e Marcos Gomes Elenco: Andrea Tedesco, Daniela Schitini, Ernani Sanchez, Marcos Gomes, Maura Hayas, Pablo Perosa, Vanessa Bruno e Walmir Pavam

Iluminação: Gabriel Oliveira

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO - ESPETÁCULO

HUMILHAÇÃO, com direção de Lucas Mayor e Marcos Gomes 

Temporada: 10 a 12 de fevereiro

Teatro Alfredo Mesquita - Av. Santos Dumont, 1770, Santana.

Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h

Ingressos: Grátis, distribuídos 60 minutos antes de cada sessão

Classificação: 14 anos

Duração: 60 minutos

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