Cultura - Teatro

Dirigido por Celso Frateschi, O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada

13 de Outubro de 2022

Espetáculo leva ao palco o conto original do alemão Thomas Mann, um dos maiores escritores do século 20, na íntegra e sem adaptação dramatúrgica. Elenco traz Maria Cristina Vilaça e Plínio Soares

Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1929, o conceituado escritor alemão Thomas Mann (1875-1955) tem um de seus contos transformado na peça O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada. O espetáculo, que tem direção de Celso Frateschi, estreia no dia 19 de outubro no Teatro Ágora, onde segue em cartaz até 15 de dezembro, com apresentações às quartas e quintas-feiras, às 20h.

Filho de um alemão e uma brasileira, Mann é mais conhecido por romances como “O Buddenbrooks”, “A montanha mágica”, “Morte em Veneza” e “Doutor Fausto”, no entanto, ele também se dedicou a escrever contos e novelas ao longo de toda a sua produção literária. Suas obras ressaltam os conflitos éticos, morais, políticos, sociais e psicológicos de forma vigorosa. 

Escrito em 1901, “O Caminho do Cemitério” (título original) está entre as obras mais expressionistas do autor, que geralmente estão povoadas por personagens amargos, apresentados em situações irônicas e comoventes. A montagem teatral adota o texto original de Mann na íntegra e sem adaptações dramatúrgicas.

A história acompanha um senhor desiludido com a vida que caminha em direção ao cemitério para visitar os túmulos de sua esposa e filhos. A tristeza desse homem rancoroso destoa da tarde vibrante e ensolarada. O caminho do protagonista se cruza com o de um jovem ciclista que passeia desavisadamente por aquele lugar e acaba perturbando o ritual do homem amargurado. 

A atriz mineira Maria Cristina Vilaça, que idealizou a montagem, conta que esse texto a acompanhou em diversos momentos de sua vida profissional. “Há 30 anos eu conheci esse conto que, como leitora e atriz, nunca deixou de me surpreender, a cada nova oportunidade de investigação. Num texto tão breve, a mim são reveladas diferentes e profundas dimensões, que não se esgotarão no processo dessa montagem teatral, tenho certeza.” Ela ainda acrescenta que convidar o Celso Frateschi para dirigir foi uma escolha natural, conhecendo o processo dele nos núcleos de pesquisa do Ágora Teatro. “Além da pesquisa do narrativo, o fato do Celso não separar o fazer artístico da militância política, possibilitou eu ter modificada uma percepção romantizada do texto literário, o que amplia enormemente meu próprio olhar para as circunstâncias apresentadas pelo autor. Se eu acreditava conhecer bastante o conto, não poderia imaginar o mundo de possibilidades que o estudo do texto e da construção da cena teatral me traria, na direção do Celso, ao me debruçar mais uma vez nas palavras do Thomas Mann. 

Já o ator Plínio Soares, que divide a cena com Vilaça, foi aluno de Celso Frateschi na Escola de Arte Dramática – ECA/USP e tem trabalhado com o diretor desde então. Ao longo dos anos, eles tiveram a oportunidade de atuar juntos no teatro e na televisão. 

O espetáculo ainda conta com a trilha sonora original de Carlos Zimbher, os arranjos e produção musical de Luca Frazão; o desenho de luz de Miló Martins, e o cenário e os figurinos de Sylvia Moreira. 

O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada é a primeira realização da MC Produções Artísticas, com estreia confirmada sem auxílio das leis de incentivo.

Celso Frateschi fala sobre a encenação   

“Há muito que venho trabalhando a teatralidade do narrativo. Busco apenas deixar claro a verdade de que mesmo a forma dramática mais radical lança mão do ator e qualquer tentativa de esconder sua presença atrás de um personagem é vã e mistificadora. O narrativo revela o narrador e as personagens além dos limites da psicologia e da ideologia do primeiro. Daí a nossa busca da ‘poética do ator’. Thomas Mann nesse seu pequeno conto, nos oferece uma linda história, na qual um senhor, já desiludido da vida, se encontra desavisadamente com um jovem ciclista que passa pelo caminho do cemitério e o perturba.

Daí em diante, o conflito se estabelece e o prazer do teatro se realiza. Buscamos na encenação esse prazer. O prazer de quem assiste, pois é nesse prazer que o nosso também se estabelece. Queremos gerar uma intimidade que nos torne cúmplices dos espectadores nessa história. Vamos estar juntos no trajeto desse caminho. Vamos encarar o embate entre cada pedalada da vida e a cada passo da morte. Nossa encenação opta pelo onírico como estímulo às nossas emoções e pensamentos gerados por cada palavra do conto de Thomas Mann, interpretadas pela Maria Cristina e pelo Plínio. Todos os elementos cênicos, a trilha sonora original, o desenho de luz e o figurino, estão em função de estimular a imaginação e o prazer da plateia.”

Sobre Celso Frateschi – Diretor

Estreou no Teatro de Arena de São Paulo, em 1970, em Teatro Jornal 1ª Edição, de Augusto Boal. Trabalhou com os principais diretores do teatro brasileiro, como
Fernando Peixoto, José Renato, Elias Andreato, Márcio Aurélio, Enrique Diaz, José Possi Neto, Daniela Thomas, Roberto Lage, Rubens Rusche e Gabriel Vilela. Foi premiado nos espetáculos: Os Imigrantes de Celso Frateschi, em 1977, Prêmio Mambembe de Melhor Projeto, Eras de Heiner Muller, em 1978, que lhe rende o Prêmio Shell de Melhor Ator, Do Amor de Dante por Beatriz, de Dante Alighieri com adaptação de Elias Andreato, que lhe rendeu o Prêmio Apetesp de Melhor Ator em 1996.

Como ator atuou, entre outros, nos espetáculos: Hamlet de William Shakespeare; Tio Vânia, As Três Irmãs e Da Gaivota, de Anton Tchekov; Diana de Celso Frateschi; Horácio, de Heiner Muller; Evangelho Segundo Jesus Cristo de José Saramago; Sonho de um Homem Ridículo de Fiódor Dostoievski; Ricardo III de William Shakespeare; O Grande Inquisidor de Fiódor Dostoievski; entre muitos outros.

Na televisão, seus últimos trabalhos foram: Caros Amigos, Casos e Acasos e O Astro (TV Globo), José do Egito (TV Record) e Sessão de Terapia (GNT).
Na área da administração pública, foi: Secretário de Educação, Cultura e Esportes do Município de Santo André no período de 1989 a 1992 e 1997/1998; Secretário de Cultura do Município de São Paulo no período de 2003 a 2004; Presidente da Funarte de 2006 a 2008; Secretário de Cultura de São Bernardo do Campo em 2009; Diretor do TUSP - Teatro da Universidade de São Paulo de 2004 a 2006 e 2010 a 2014. Atualmente é Professor de Interpretação na EAD/ECA-USP desde 1980 e Diretor do Ágora Teatro, em São Paulo.

Sobre Maria Cristina Vilaça - atriz

A atriz, produtora e gestora cultural, Maria Cristina Vilaça é graduada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Minas Gerais e é formada pelo Curso Técnico de Ator do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes, de Belo Horizonte e Mestra pela FGV – SP. Atuou em diversos espetáculos na capital mineira, destacando-se “Ricardo III”, com direção de Yara de Novaes, que integrou a Mostra Oficial do Festival de Curitiba em 2000, “Futuro do Pretérito”, texto de Regiane Antonini, sob a direção de Pedro Paulo Cava, além de “O Beijo no Asfalto”, “The Addams”, “O Primo Basílio”, “Um Dia Muito Louco ou As Bodas de Fígaro” e “As Troianas”. Em São Paulo participou da montagem “Kashtanka”, adaptação dos contos de Tchekhov, também sob a direção de Celso Frateschi e “A Cena Dividida: Prelúdios, Diálogos e Mulheres”, Performance dirigida por Yara de Novaes. No cinema, trabalhou em “Clara”, curta metragem; “Samba Canção”, longa-metragem, “O Circo das Qualidades Humanas”, longa-metragem, e “A Hora Vagabunda”, curta metragem. 

Trabalha com políticas públicas para as artes cênicas desde 2007. Radicada em São Paulo desde 2014, Maria Cristina esteve nos Núcleos de Pesquisa para atores do Grupo Tapa e do Ágora Teatro, onde conheceu o ator e diretor Celso Frateschi. Formada no mestrado profissional em Gestão e Políticas Públicas na FGV - SP, mantendo sua pesquisa voltada para as artes cênicas.

Sobre Plinio Soares - ator

O ator é formado na Escola de Arte Dramática – ECA/USP, com diversos trabalhos em teatro, cinema e televisão. Entre os espetáculos teatrais, atuou em “A Gaivota”, de Anton Tchekhov, com direção Luiz Fernando Marques; “Leopoldina, Independência e Morte”, com texto e direção de Marcos Damigo; “Kansas”, com  texto  e direção de Gabriela Mellão; “Os Dois e Aquele Muro”, de Ed Anderson, com direção de Francisco Medeiros; “Entrevãos”, de Victor Nóvoa, com direção de Luiz Fernando Marques; entre muitos outros.

No cinema, trabalhou em “Ensaio Sobre A Cegueira”, de Fernando Meirelles; “Equilíbrio & Graça”, de Carlos Reichenbach; “Xingu”, de Cao Hamburguer; “Se Deus Vier Que Venha Armado”, de Luis Dantas; “Therese”, de Fabiana Serpa; “Pérola do Atlântico”, de João Rubinato; “The Colector”, de Marcus Alquéres; “Olhares Trêmulos”, de Leno Taborda; e “We´Re Not In Kansas Anymore”, de Gabriela Mellão. 

Na televisão, fez parte dos elencos de “Malhação-Conectados”, “Mad Maria”, “A Cor do Pecado”, “Esperança” e “Coração de Estudante, na Rede Globo; “Milagres de Jesus”, na Rede Record; “Coração Brasileiro”, no SBT; “RA-TIM-BUM”, “Homeless” e “Independências”, na TV Cultura; “Pico da Neblina”, da O2; e “Criminal”, da Amazon.

Sinopse

Um senhor, já desiludido da vida, rancoroso com o seu destino, caminha para o cemitério para visitar os túmulos de sua esposa e de seus filhos A sua tristeza destoa da tarde vibrante e ensolarada que ilumina a estrada que corre paralela ao caminho do cemitério. Tudo segue seu ritmo até que os caminhos se invadem. Um jovem ciclista passeia desavisadamente pelo caminho do cemitério e perturba radicalmente o ritual daquele triste senhor. A encenação do conto curto de Thomas Mann é um convite ao espectador para ser cúmplice da escolha possível pela leveza no trajeto desse caminho. 

Ficha Técnica

Direção: Celso Frateschi

Assistência de Direção: Rodrigo Melgaço

Elenco: Maria Cristina Vilaça e Plínio Soares

Trilha Sonora Original: Carlos Zimbher 

Arranjos e Produção Musical: Luca Frazão 

Desenho de Luz: Miló Martins

Cenário e Figurinos: Sylvia Moreira

Programação Visual: Amanda Vieira

Fotos: Ligia Jardim

Som e Luz: Guilherme Leite

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Realização: MC Produções Artísticas Ltda

Serviço

O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada, de Thomas Mann

Ágora Teatro - Rua Rui Barbosa 672 – Bela Vista

Temporada: 19 outubro a 15 de dezembro, às quartas e quintas, 20h

Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)

Vendas online: www.sympla.com.br

Capacidade: 60 lugares

Acessibilidade: Local acessível para cadeirantes

Duração: 45 minutos

Classificação etária: Livre

Contatos:

Telefone: (11) 32840190

Whatsapp: (11) 988596939 

E-mail: agora@agorateatro.com.br

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