Colunistas - Rodolfo Bonventti

Uma novela que criticava a corrupção e as falcatruas de forma divertida

21 de Junho de 2022

Silvio de Abreu escreveu, em 1986, uma de suas melhores novelas e também uma das mais engraçadas, que foi “Cambalacho”, que em mais de 170 capítulos nos trouxe uma divertida crítica à corrupção e as falcatruas que circulavam pelo País.

Exibida às 19 horas, “Cambalacho” foi uma das melhores audiências da TV Globo nesse horário, com a supervisão de Daniel Filho e a direção de Jorge Fernando e Del Rangel, que impuseram um ritmo perfeito para que o humor tomasse conta da história.

O enredo da novela trazia dois trambiqueiros, Leonarda, a Naná (belo trabalho de Fernanda Montenegro), e seu compadre Jerônimo, o Jejê (brilhante desempenho de Gianfrancesco Guarnieri), parceiros constantes em trambiques capazes de os sustentarem, bem como as crianças que eles recolhiam nas ruas e a filha de Naná, Daniela (Louise Cardoso em bom momento), que vivia na Suíça.

Uma história também de muitos vilões, a maior deles Andréia (Natália do Valle em trabalho marcante), uma mulher ambiciosa e sem nenhum escrúpulo, que se casava com o milionário Antero Souza e Silva (Mário Lago), sonhando em ficar muito rica com a morte do marido. E tinha também o advogado Rogério (Cláudio Marzo), que se unia a Andréia para prejudicar quem se colocasse no caminho dessa herança.  

O casal romântico de “Cambalacho” estava no filho legítimo do velho Antero, o bailarino Thiago (bom momento de Edson Celulari), que se envolvia com Ana Machadão (ótimo trabalho de Débora Bloch), filha de Gegê, uma jovem sem qualquer vaidade e masculinizada, que trabalhava como mecânica.

Duas atrizes e comediantes se destacaram em “Cambalacho”, a veterana Consuelo Leandro, brilhante como Lili Bolero, uma cantora frustrada que tinha ódio do sucesso de Ângela Maria, e a novata Regina Casé, também impagável como Tina Pepper que sonhava em ser uma cantora tão famosa como Tina Turner.

Homenageando a obra clássica “Os Três Mosqueteiros”, Silvio de Abreu criou os irmãos Aramis (Paulo César Grande), Porthos (Maurício Mattar) e Athos (Flávio Galvão).

A novela, segundo Silvio de Abreu, “falava da falta de vergonha geral no Brasil. O país era tão corrupto que as pessoas se sentiam no direito de serem corruptas”, mas tudo embalado por situações engraçadas em tom de muita comédia, afinal o horário era o das 19 horas.

A novela foi toda ambientada na capital paulista, uma constante nas histórias do autor, e o próprio Silvio de Abreu fez uma participação especial no último capítulo, interpretando o padre que realiza o casamento de Naná e Gegê.

“Cambalacho” foi também um sucesso de venda para o exterior e exibida em cerca de 15 países, entre eles, Angola, Itália, Porto Rico, Portugal e Venezuela.

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