Colunistas - André Garcia

Primeiras impressões por 4 pilotos diferentes, no lançamento da Ducati Multistrada V4 S

22 de Março de 2022

 

Ducati Multistrada V4 S
Foto: Mário Villaescusa 

Ao completar 10 anos de operação, a Ducati Brasil lançou a nova Multistrada V4S, demonstrando não só o interesse em permanecer no país, mas apostando em um line up enxuto é bem verdade, mas com o que há de mais tecnológico no mundo das duas rodas. 

Apesar de convidado para o lançamento, infelizmente por compromissos não pude estar presente, mas enviei um cara com quem trabalhei no Motonline, entende muito de moto e é notável no off road, Carlos Bittencourt, vulgo Bittenca. Assim que a assessoria de imprensa da Ducati liberar o modelo, quero fazer uma profunda avaliação no trânsito e na rodovia dos sistemas de segurança dessa moto. 

 Mas vamos ao que interessa!

O coração da fera
Foto: Divulgação Ducati 

Motor

A Ducati V4S é o terceiro modelo (oferecido no Brasil) com o revolucionário motor V4 derivado da MOTOGP, mas que para atender as características de um produto 4 em 1, com proposta de uma Big Trail que te leve até o fim do mundo em qualquer terreno, a engenharia trabalhou primeiro para torná-lo leve e compacto com apenas 66,7 kg garantindo uma operação extremamente suave em baixas rotações e curva de torque linear. 

O motor Granturismo V4 de 1158 cc oferece 170 cv a 10.500 rpm e um torque máximo de 12,7 Kgfm a 8.750 rpm. A curva de torque garante a máxima suavidade e progressão de entrega, mesmo totalmente carregada, dando aquela sensação atraente de uma verdadeira “resposta instantânea do acelerador”. Para atingir este objetivo, grande atenção foi reservada para as curvas de torque dedicadas a cada marcha, a fim de obter sempre uma entrega fluida em baixas rotações, rica em torque nas médias e um caráter esportivo nas altas rotações. Além disso, os engenheiros da Ducati também se concentraram na relação de transmissão, com uma primeira marcha curta e, portanto, excelente para viagens e manobras em velocidades extremamente baixas, partidas em subidas mesmo com carga total e seções off-road. A sexta marcha, em vez disso, resulta ideal para enfrentar longas viagens em autoestrada. A constante atenção da Ducati às necessidades do cliente é sublinhada também pelo elevado aumento nos intervalos de manutenção. De fato, na Multistrada V4S o óleo só precisa ser substituído a intervalos de 15.000 km, enquanto que a verificação da folga das válvulas, ajuste se necessário, foi estabelecida para intervalos de 60.000 km. Nenhuma outra moto de produção atualmente disponível no mercado vai tão longe. 

Ducati abandona de vez a treliça e adota chassi em alumínio 
Foto: Divulgação Ducati

Eletrônica

No que respeita à electrónica, a Multistrada V4S representa o auge no setor motociclístico. Isto é também verdade em termos de segurança, performance e características de conectividade. A plataforma inercial (IMU) gere a operação do ABS Cornering, Ducati Wheelie Control (DWC), Ducati Traction Control (DTC), aqui na versão “cornering”, e, na Multistrada V4 S, as Cornering Lights (DCL). Outra característica de série na Multistrada V4S é o Vehicle Hold Control (VHC), que torna os arranques mais fáceis, sobretudo em inclinações. Na Multistrada V4S, a plataforma inercial também comunica com o sistema de semi-ativo Ducati Skyhook Suspension (DSS). Este último não só é capaz de analisar as condições de condução e ajustar o hidráulico da forquilha e do amortecedor instantaneamente, como – pela primeira vez – também integra a função de Auto Leveling. Reconhece a carga sobre a moto e, de forma autônoma, ajusta as afinações e é disponibilizada para além das opções já disponíveis: apenas condutor, condutor com bagagem, condutor com passageiro ou condutor com passageiro e bagagem. Para melhorar ainda mais a experiência de condução do cliente, os engenheiros da Ducati reviram completamente tanto a interface do utilizador como o grafismo do painel de instrumentos (agora multilinguístico), que na Multistrada V4 S conta com uma unidade de TFT regulável com 6,5 polegadas. Na versão S foi adicionado um joystick ao grupo de comutadores do punho esquerdo, para assegurar uma navegação fácil através do novo e intuitivo menu. Outras novas características incluem o sistema Ducati Connect, que permite, via Bluetooth e wi-fi, a função “espelho” da aplicação para smartphone no painel, e controlá-la através do joystick. Os resultados da gestão do telefone e da música resultam intuitivos, enquanto que ao utilizar a aplicação de navegação Sygic o condutor pode visualizar o mapa do sistema de navegação diretamente no painel de instrumentos. Finalmente, na secção superior do depósito foi obtido um compartimento, acessível através de uma pequena porta, no qual é possível guardar o smartphone e carregá-lo através de uma entrada USB. 

Balança da Multistrada V4S. Ducati adotou materias nobres para Big Trail ser leve
Fotos: Divulgação Ducati

Nota: Apesar dos fabricantes cada vez mais atenderem os desejos de seus clientes com conectividade, do ponto de vista da segurança viária, não é aconselhável pilotar moto ouvindo música. Se em um automóvel isso é possível, definitivamente na motocicleta é questão de vida ou morte o piloto estar com seus sentidos focado na via (urbana ou rodoviária). Não ouvir, não sentir cheiro, não ver, não sentir pode ser fatal. 

No trajeto configurado pela Ducati, o objetivo foi oferecer um ambiente bem controlado, mas que pudesse oferecer à imprensa e aos clientes uma experiência off road, ainda mais se tratando de uma moto com motor 4 cilindros. Assim, tecnologia de radar, cruise control adaptativo, Blind Spot Detection  (sensor de ponto cego), serão tratados tecnicamente quando eu pilotar a Ducati Multistrada V4 S. 

Big Trail com olhar de maldade. Parabrisa regulavel com um dedo
Foto: Mário Villaescusa

A moto

A Multistrada V4S está equipada com um quadro monobloco em alumínio, rodas dianteira raiada de 19 polegadas e traseira de 17 polegadas calçadas com pneus Pirelli SCORPION Trail II  de 120/70ZR19 na dianteira e 170/60ZR17 na traseira,  distância entre eixos de 1.567 mm, suspensão Marzocchi de longo curso 170 mm na frente e 180 mm atrás, distância livre ao solo de 220 mm e um peso a seco de 215 kg. Apesar de não informado, o peso em ordem de marcha (com tanque cheio e fluídos) deve colocar a Multistrada V4S entres as mais leves, senão a mais leve Big Trail do mercado.

A Ducati promete uma Multistrada V4S intuitiva e eficaz entre curvas como uma verdadeira Ducati e, ao mesmo tempo, fácil de conduzir e versátil em desafios tanto na estrada como fora dela

Outra promessa é em relação ao conforto, graças ao cuidadoso estudo por parte da engenharia da posição de condução. Comparativamente com os anteriores modelos Multistrada, agora o piloto é ainda mais o protagonista, com uma posição mais “dominante”. A seção central da moto é particularmente estreita e permite uma posição de pilotagem ideal, mesmo ao conduzir de pé em estradas off-road. A nova ergonomia também proporciona um sólido suporte quando o pilota coloca os seus pés no chão, inclusive para os baixinhos, dado as configurações do banco, para uma melhor manobra da moto quando estiver estacionada. Por esta razão, durante a fase do projeto, muita atenção foi dedicada para alcançar uma altura reduzida do assento, ajustável em duas posições, 840 mm e 860 mm (810 mm com assento baixo e 875 mm com o assento alto também estão disponíveis como acessórios). Um valor crucial, especialmente em manobras em baixa velocidade e mesmo quando estiver totalmente carregada, pois a Multistrada V4S pode carregar até 230 kg. Para maximizar o conforto em viagens de longa distância em estrada, os engenheiros da Ducati focaram a sua atenção naquilo em que no mundo automotivo identifica como ‘Noise, Vibration, Harshness’ (NVH), literalmente “ruído, vibração, aspereza”, que é basicamente uma medida do conforto gerada pelo veículo quando em uso. Um detalhado estudo aerodinâmico, também em túnel de vento, foi utilizado para o projeto

Multistrada V4S, obtendo a melhor proteção aerodinâmica tanto para o piloto quanto para o passageiro, reduzindo o ruído e afastando o calor proveniente do motor. O resultado é um pára-brisas com uma bela silhueta, com altura regulável com apenas um dedo e combinado com dois defletores laterais. Do formato dos protetores de mão à proteção aerodinâmica geral, todos os aspectos foram estudados em detalhe, tal como o som do motor, que resulta num som suave, mas rico, característico da Ducati.

Várias unidades no dia do lançamento. Isso ao vivo promove um sorriso natual no rosto
Foto: Mário Villaescusa

Nota: Aqui cabe dois alertas aos ducatistis saudosistas: o som mudou, não é mais como uma Ducati com seus 2 cilindros em L e aquela aspereza e vibração desapareceram. 

Freios

A Multistrada V4S conta com o Ducati Safety Pack (DSP), que inclui o sistema de freio Brembo com o Cornering ABS Bosch 10.3ME, ajustável em três níveis. O Cornering ABS faz uso da plataforma Bosch IMU (Unidade de Medição Inercial), que comunica em tempo real dados relativos aos ângulos de inclinação da moto. Tudo isto para otimizar a potência de frenagem dianteira e traseira em ambas as rodas, mesmo com a moto em ângulos de inclinação consideráveis. Através da interação com os Riding Modes, o sistema fornece soluções livres de comprometimentos seja qual for a situação ou condições de condução.

Graças ao processador de controle do ABS, a Multistrada V4S faz uso de um sistema de frenagem combinada, que é otimizado para os Riding Modes Urban e Touring mas tem um menor grau de intervenção no modo Sport, em que a frenagem combinada é menos desejável. O sistema de frenagem combinada aumenta a estabilidade ao utilizar quatro sensores de pressão para alocar a potência de frenagem ideal entre a frente e a traseira.

Para parar o que existe de melhor: Brembo
Foto: Mário Villaescusa

Desenhada para melhorar o controle do pneu traseiro durante frenagens fortes, a detecção de elevação da roda traseira está totalmente ativa nos Riding Modes Urban e Touring. No modo Sport o ABS é moderado enquanto é desativado para uso no modo Enduro. O ABS pode também ser aplicado apenas à roda dianteira, como é o caso no modo Enduro, com o objetivo de permitir o bloqueio da roda traseira e deslizar na terra. O ABS pode também ser totalmente desligado a partir do painel de instrumentos no Riding Mode Enduro, e as definições podem ser guardadas e ativadas na próxima vez que ligar a moto.

O sistema integra-se suavemente com os Ducati Riding Modes e conta com três níveis. O nível 2 assegura o equilíbrio entre a frente e traseira, sem detecção da elevação da roda traseira, mas com a função Cornering ligada e calibrada para um estilo de condução desportivo. O nível 3 permite, nos Riding Modes Touring e Urban, a otimização da frenagem combinada com uma elevação limitada da roda traseira para máxima segurança e performance, com a função Cornering ligada e calibrada para a máxima segurança. Finalmente, o nível 1 maximiza as prestações em off-road desativando a detecção de elevação da roda traseira e permitindo que esta bloqueie, com o ABS a ser aplicado apenas à frente.O sistema de frenagem dianteiro na Multistrada V4S conta com pinças radiais Brembo monobloco com 4 pistões de 32 mm e duas pastilhas, uma bomba radial com manetes reguláveis e dois discos de 320 mm. Atrás, temos um disco único de 265 mm mordido por uma pinça flutuante, também Brembo. Este conjunto de componentes assegura uma performance de topo no panorama motorizado geral e representa uma reconhecida característica da Ducati. Na Multistrada V4S o sistema de travamento faz pleno uso de discos de 330 mm à frente, combinados com pinças monobloco Brembo Stylema.

Modos de pilotagem a um toque
Foto: Mario Villaescusa

Modos de Pilotagem 

Riding Mode Sport

Segundo o fabricante, é o melhor em termos de prestações em estrada, o Riding Mode Sport libera os 170 cv juntamente com uma afinação esportiva das suspensões (só na versão S). O modo Sport é também caracterizado pelo baixo nível de intervenção do Ducati Traction Control e do Ducati Wheelie Control, com um ajuste do ABS para o nível 2, que permite uma elevação controlada da roda traseira para maximizar a performance de travagem e mantém também a função Cornering. Este RM representa a melhor escolha para motociclistas profissionais que querem extrair o máximo da Multistrada V4S.

Riding Mode Touring

No Riding Mode Touring a Ducati disponibiliza os 170 cv totais do motor com uma resposta ao acelerador mais suave e menos direta. A segurança ativa é aumentada pelos níveis de sensibilidade mais elevados do DTC e do DWC. O ABS está ajustado para o nível 3, perfeito para turismo; este ativa as funcionalidades de detecção de elevação da roda traseira e Cornering ABS, ao mesmo tempo que otimiza os efeitos combinados da travagem dianteira/traseira. O acerto das suspensões é perfeito para longa distância, assegurando o máximo de conforto tanto para o piloto como para o passageiro.

Riding Mode Urban

No Riding Mode Urban a entrega de potência é reduzida para 115 cv, e as suspensões são ajustadas para otimizar a agilidade em caso de obstáculos urbanos frequentes, com o correspondente mapa DSS. O DTC e o DWC estão regulados para níveis elevados para a máxima segurança. O ABS está ajustado para o nível 3.

Riding Mode Enduro

Graças à adoção da roda de 19’’, a Multistrada V4S está ainda mais à vontade na condução em offroad. A posição do centro de gravidade, a distribuição de peso e, por fim, a ergonomia desenhada para apoiar a condução em pé, tornam a Multistrada V4S uma autêntica moto para “ todo o terreno”. Adicionalmente, o Riding Mode Enduro coloca a potência do motor em 115 cv, com regulagens de suspensão orientadas para o off-road e mapas DSS. Os níveis de intervenção do DTC e do DWC são reduzidos e o ABS é ajustado para nível 1, adaptável para uso em off-road em superfícies com baixa aderência: a detecção da elevação da roda traseira é desativada e a função Cornering igualmente, tal como é desativado o ABS na roda traseira.

Ducati Traction Control (DTC)

Componente crucial do Ducati Safety Pack, o DTC é um sistema que foi atualizado e integra agora dados provenientes da plataforma IMU, para manter sob controle e com eficácia as perdas de aderência e o ângulo de inclinação. Apenas em milésimos de segundo com os dados vindos dos sensores, o DTC consegue detectar e controlar o deslizamento da roda traseira, aumentando significativamente a performance e a segurança ativa. Este sistema permite ao piloto escolher entre oito diferentes níveis. Cada um está programado para proporcionar uma tolerância ao derrapar da roda traseira que vão progressivamente ao encontro das capacidades de condução (classificados de 1 a 8).

Ducati Wheelie Control (DWC)

Este sistema, suavemente integrado com os Riding Modes da Ducati, oferece oito níveis de regulagem. Analisa a atitude da moto; detecta qualquer elevação da roda dianteira e controla o torque e a potência para maximizar a aceleração com segurança.

A seguir as impressões de 4 diferentes motociclistas com diferentes experiências.

Ricardo Simohara em ação
Foto: Johanes Duarte

Ricardo Simohara é Presidente do Desmo Owners Club Campinas ou DOCCampinas, foi piloto de motovelocidade, tem milhares e milhares de km percorridos em viagens nacionais e internacionais: “Olá André, não tenho o dom de escrever, abaixo vou colocar algumas impressões e se puder aproveitar e até dar uma reorganizada seria bacana. Bom, vamos lá! Fui proprietário da 2ª. geração “cabeçuda” das Multistrada, uma 1200 S 2013, também de uma 2017 (1200 S) já da geração com motor DVT e de uma Enduro 1200. Tive também bastante contato com as Multistrada 1260S e 950S no uso do dia-a-dia e também em viagens. No lançamento da nova Multistrada V4S, não pude ter contato com ela no asfalto, somente num trecho de terra e bastante molhado, mas já deu para ter uma boa ideia da evolução do modelo. Não deu para ir além da segunda marcha, mas a primeira sensação (positiva) é a agilidade do novo modelo, bem como a sensação de leveza (principalmente em relação a Enduro). Outra diferença bastante grande é o novo motor V4, absurdamente liso e progressivo (ao contrário da segunda geração da Multistrada) e que foi excessivamente amansado na versão DVT e melhorado na 1260, creio que chegaram num meio termo muito bom. A eletrônica do motor também parece ter melhorado bastante pois com a Enduro nas mesmas condições eu sempre tive mais dificuldade em terrenos acidentados e molhados, com o novo V4 senti mais conforto para rodar nessas condições. Outro ponto bastante importante é a altura da moto, sempre sofri com a Enduro e na Multistrada V4, temos duas regulagens de altura de banco e se não for suficiente há possibilidade de comprar um kit que aumenta ou diminui a altura. Para os meus 1,76m a configuração standard mais alta ficou perfeita. Também pude notar que o novo painel com regulagem de ângulo ficou muito bom e fácil de usar. Em trechos de terra e de pé na moto facilitou bastante a leitura com a opção da regulagem. Uma pena não ter conseguido usar a configuração de regulagem de guidão (há posição para on e off road, estava configurado para on-road). Depois do teste, realmente faz bastante sentido o que disseram na apresentação do modelo, realmente é a Multistrada que mais faz jus ao nome desde o lançamento do primeiro modelo. Só ficou a vontade de acelerar em estradas asfaltadas para confirmar o que promete”. 

Ricardo do jeito que você me enviou está publicado…rs…rs…rs. Aproveito aqui para deixar aos novos clientes da Ducati e que pretendem se relacionar, passear e viajar, recomendo o DOCC, fale com o Ricardo, o cara é um verdadeiro Lord Inglês. 

Bruno prestes a dar uma voltinha
Foto: Bruno Farcas

Bruno Farcas já participou de outras avaliações comigo, tenho orgulho de apresentá-lo como meu pupilo desde que começou no mundo das duas rodas com scooter. O cara é daqueles alunos que todo professor almeja, pois segue à risca as orientações. Começou pela necessidade de ganhar tempo e qualidade de vida no ir e vir ao trabalho, mas o bichinho do motociclismo o contaminou. Não canso de afirmar e meu expertise o perrmite, que a Ducati é o único fabricante que propicia uma moto e alta cilindrada para qualque novato e o Bruno é prova viva disso, pois com experiência de um scooter de 160cc, de cara foi para uma Multistrada 950 e hoje já está na segunda. Lembro quando andamos juntos e a configuração que utilizava era no Urban. Hoje utiliza todas as configurações, tem viajado bastante e tem enfrentado o off road: “Como feliz proprietário de uma Multistrada 950s e membro do DOCC (Desmo Owners Club Campinas), fui convidado para conhecer o mais novo lançamento da Ducati, a Multistrada V4S no último dia 11/03 junto com demais DOC´s de todo o Brasil. Chegando na Fazenda Itahyê em Santana de Parnaíba me deparei com um ambiente muito bem estruturado com itens de vestuário que em breve estarão disponíveis para compra em qualquer concessionária da rede, algumas Multistrada V4S em diferentes configurações (Urban, Enduro, Touring) e uma repleta de acessórios em carbono e um belíssimo escapamento Akrapovic. Café expresso Illy, Heineken Zero para ajudar a refrescar o calor, sucos, água, lanches e refeições da melhor qualidade, lounge da charutaria Caruso e um modelo Audi e-Tron Sportback e um Q5 também Sportback para apreciação. Ao fundo, o ambiente onde a nova moto nos foi apresentada com toda a sua tecnologia pelo time da Ducati Brasil, e logo ali ao lado direito do enorme telão, o modelo na configuração que em breve estará disponível nas concessionárias montado com suas malas laterais. Na madrugada do dia 11/03 choveu muito e infelizmente tornou alguns pontos do traçado original da pista de testes completamente impossível de se trafegar. Visando a integridade e a segurança dos pilotos e organização do evento alterou e consequentemente reduziu o percurso. Inicialmente contava com 8 km ao redor da fazenda, caiu para algo em torno de 4 km. São Pedro nos penalizou na noite anterior, era isso ou nada, infelizmente. Em contrapartida nos deram a oportunidade de realizar o traçado alternativo por duas vezes.Impressões na moto ao pilotar. Apesar do seu peso seco de 218 kg e com tanque cheio na casa de 240 kg se mostrou uma moto muito leve na tocada, a impressão era que estava pilotando uma moto muito menor. Banco mais largo e mais confortável que o das versões anteriores, possui três níveis de regulagem de altura (como acessório existirá um tipo ainda mais baixo e outro ainda mais alto). Posição de pilotagem em pé confortável, porém como informado na apresentação do produto, alterando o ângulo do guidão ficaria ainda melhor e, um pulo do gato inexistente nas versões anteriores, a mudança de posição do painel também tende a ajudar muito. Acionamento da peça responsável por subir e descer a bolha frontal extremamente prático, facilmente manuseado com apenas um dedo. Tomei um baile para ligar a moto. O botão que antes ligava o painel agora é o que controla a luz de posição diurna. O botão que liga o painel fica logo à frente do bocal do tanque. Superada a presepada de ligar a moto vamos a impressão do som do do novíssimo motor V4 Granturismo ao ser acionado...Em nada ele se assemelha com nosso velho e conhecido motor desmodrômico. É feio? longe disso, é bem parecido com o som de uma Panigale V4! Mas não dê a partida nela procurando escutar aquele barulho metálico característico de uma Ducati. Novos tempos, inclusive para a realização da "temida" revisão Desmo, que agora passa a ser feita somente ao atingir 60 mil km, obrigado engenheiros da Ducati, muito obrigado! Além da tecnologia embarcada nesse novo motor, é nítido perceber a diferença do comportamento dele em comparação ao seu antecessor. A moto em baixa rotação e em uma marcha mais alta se comporta de forma muito mais lisa e sem solavancos ao acionar o acelerador. E o Quick Shifter?!?!? Extremamente liso e preciso ao mudar as marchas (cima e baixo), mesmo em baixa rotação. Suspensão muito bem acertada, freios excelentes (como sempre). Moto na mão o tempo todo independente da condição do piso... O pedal de freio traseiro poderia ter sofrido uma melhoria, confesso. Assim como sinto dificuldade na minha própria moto percebi a mesma situação na V4, ele é muito baixo e dificulta seu acionamento principalmente em descidas pilotando em pé. Um ajuste ajuda bem, mas existe uma moto há anos no mercado que em sua versão com tanque de 30L (por sinal, saudades Multistrada Enduro) possui um dispositivo que ao ser destravado deixa o pedal mais alto.vAlgo do tipo poderia existir para ela, ajudaria muito! Não foi possível testar o radar de proximidade, o percurso de terra e cascalho inviabilizou ativar o Cruise Control. Tentei verificar o funcionamento do indicador de ponto cego na moto que estava na minha frente, infelizmente creio que não atingiu um ângulo que saísse do campo de visão do piloto da frente, o indicador no retrovisor dele não acendeu. Fico com a vontade de experimentar esse "monstro" de 170cv agora no asfalto. No modo Enduro ele cai para 115cv mas em momento algum faz a moto entregar menos força na pilotagem. Em breve estará disponível nas concessionárias, meu gerente do banco que se cuide!”

Dagoberto em ação 
Foto: Johanes Duarte

Dagoberto Moura Filho, foi piloto de SM, campeão paulista, instrutor da molecada no Honda Cup e tem experiência de sobra: “Minhas Impressões sobre a Nova Ducati Multistrada V4S. Fui convidado a conhecer a nova e maravilhosa Ducati Multistrada V4S. Só aí já demonstrava que seria um evento diferente, pois normalmente essas motos são apresentadas em locais com muito "asfalto" e desta vez teríamos um teste ride na terra, o que por si só já se torna interessante. Infelizmente na noite do dia 10/03 choveu muito aqui em SP e o circuito destinado ao teste se mostrou impraticável no dia 11, justamente na minha vez de testar.... mas enfim reduziram o tamanho do circuito e deu tudo certo. Vamos as impressões, produto apresentado com diversos conceitos inéditos em motos de série, como Radar dianteiro e traseiro, o dianteiro trabalha junto com o piloto automático, fazendo com que ele se torne adaptativo reduzindo a velocidade conforme obstáculos de médio a grande porte aparecem na frente da moto e o traseiro informando através de luzes nos espelhos retrovisores sobre aproximação de veículos por trás minimizando os pontos cegos.Outra novidade interessante é o virabrequim do motor com sentido de rotação "contrária" a rotação das rodas, fazendo com que a moto tenha respostas mais rápidas nas mudanças de trajetória, um motor de 4 cilindros em V com peso menor que o antigo 2 cilindros, novo comando de válvulas que desagrada aos Puristas amantes de Ducati, mas que proporciona revisões a cada 60.000km, o que para uma moto com essa proposta seja bem significativo. Posto isso chegou a hora de dar umas voltas, como tenho 1,73 de altura optei pela moto com assento a 810 mm de distância do solo, as regulagens são entre 840mm e 860mm, porém como acessório existe uma opção para 810mm e outra para 875mm, além de aquecimento tanto para o Piloto quanto para o Garupa.Moto ligada, lindo e funcional painel digital, com regulagens de inclinação, muito útil para quem pilota de pé em situações de Off Road, ah o guidão também tem regulagens para essa mesma finalidade, trazendo conforto para os punhos, mapa escolhido foi o "enduro" que despeja menos potência e mais torque em baixa, justamente pelas condições que iríamos encontrar no trajeto, moto muito leve e maleável, nas mudanças de direção, tanto nos cascalhos quanto na lama, o que me deixou bastante confortável e surpreso, tenho ZERO experiência de Off Road e me senti muito à vontade na condução da moto em todo o trajeto e na transposição de obstáculos, já que sua altura em relação ao solo é muito significativa, comparada inclusive as picapes. O preço foi outro atrativo destacado na apresentação, visto que se trata de uma moto com muito mais tecnologia do que as citadas acima, não é uma moto para muitos, mas para o público alvo a moto custa aqui o mesmo que custa nos EUA, fato inédito no Brasil. Que pena que o passeio só durou 30 min, poderia ser de uma semana, assim teria mais coisa para contar pra vocês.”

Bittenca no seu habitat predileto 
Foto: Johanes Duarte

Bittenca: “Ponto alto na Multistrada V4S, posição do piloto perfeita para longas horas na moto. O banco largo e macio não prende as pernas ao colocar os pés no chão e o sistema de ventilação dos radiadores dirigem o ar quente para longe do piloto. Para isso há dutos especialmente projetados nesse sentido. Também em tráfego lento os cilindros traseiros são desligados para diminuir a geração de calor.O nível de ruído é bem controlado e a proteção contra o vento é facilitada com o ajuste da posição do para-brisa que não é elétrica mas é regulável apenas com um dedo. As vibrações, segundo o fabricante, foram muito bem estudadas para não causar fadiga e ressonâncias desagradáveis. A inclinação do painel é ajustável para minimizar os reflexos, há um compartimento (meu Samsung S-10 não coube) para seu smartphone que pode ser pareado via BT com o Ducati Connect com música, espelhamento com o Sygic, app de navegação, com mapa completo no painel. Na prática do test-ride que fizemos apenas na terra, pudemos observar a dinâmica da suspensão e o quanto a ciclística é permissiva na correção dos desvios. Não tivemos oportunidade de alterar os ajustes e a calibração estava mais para a facilidade de condução em baixa velocidade do que para um melhor aproveitamento da moto. – Traseira bastante macia e baixa, com a frente aparentemente normal, fez com que a frente “rolasse” e “deslizasse” sobre as pedras e trechos mais lisos, questão também explicada pelos pneus mais estradeiros.Com o controle de tração acionado, quase não sobe a frente, mesmo com ajuda de uma rampinha – Pode ser desligado no modo Enduro. Esse set-up limitou a verificação no uso que fizemos, das melhores qualidades que essa moto com certeza tem, quanto ao sistema de autonivelamento e ajustes de compressão, retorno e pré-carga nas suspensões. Quem sabe num próximo teste vamos ter a oportunidade de verificar todo o potencial dela.”

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