Colunistas - Rodolfo Bonventti

Um grande autor e um competente diretor

21 de Março de 2022
Geraldo Vietri com Marcos Plonka e Nair Bello no lançamento da novela João Brasileiro, o Bom Baiano

O temperamental paulistano Geraldo Vietri nasceu no italiano bairro da Mooca e sempre foi muito ligado na sua família de imigrantes italianos.

Ele amava de coração aquilo que se propunha a fazer e por isso era muito exigente com todos que trabalhavam com ele. Gostava de trocar com os atores que faziam suas novelas ou seus filmes as experiências de vida de cada um.

Muito perfeccionista, começou sua brilhante trajetória na Televisão no final dos anos 1950, no “TV de Comédia” na pioneira TV Tupi, adaptando livros, filmes ou peças nacionais e estrangeiras para o espaço da pequena tela.

Mas no início dos anos 1960, ele começou a escrever originais especialmente para o espaço que criara na programação da emissora e se deu muito bem. Ele era um cronista da sua época e do seu povo. Levou essa experiência para as novelas a partir de 1967, quando escreveu sua primeira novela que foi “Os Rebeldes”, que tinha como foco central uma sala de aula, de onde saíam as histórias que envolviam cada estudante e cada professor.

Mas o sucesso e o reconhecimento viriam com as duas novelas seguintes que foram “Antonio Maria”, estrelada por Sérgio Cardoso e Aracy Balabanian, em 1968 e “Nino, o Italianinho” em 1969, que tinha Juca de Oliveira e novamente Aracy Balabanian nos papéis principais.

Com personagens que pareciam pessoas da família de todos os telespectadores, vivendo problemas e um dia a dia muito reais, as novelas de Geraldo Vietri conquistaram um grande público que se deliciou depois com a sofrida mas guerreira “Vitória Bonelli”, uma interpretação soberba da atriz Berta Zemel, em 1972 e com “Meu Rico Português” em 1974, um grande sucesso de audiência estrelado pela dupla Jonas Mello e Márcia Maria.

Ainda na TV Tupi, Geraldo Vietri foi o responsável por outros sucessos do horário das 19 horas da emissora como “Os Apóstolos de Judas” em 1976 e “João Brasileiro, o Bom Baiano” em 1978.

Com o fechamento da TV Tupi em 1980, Vietri levou sua experiência para a TV Globo, onde adaptou o romance “Olhai os Lírios do Campo” para o horário das 18 horas e depois voltou a São Paulo para escrever teleromances como “Floradas na Serra”, em 1981, na TV Cultura.

Vietri volta a brilhar na TV Bandeirantes, a partir de 1982, quando escreveu os seriados “Dona Santa” e “Casa de Irene”, ambos estrelados pela atriz e comediante Nair Bello.

Em 1984, foi para TV Manchete, onde escreveu a novela “Santa Marta Fabril”; fez um remake sem sucesso de “Antonio Maria”; lançou a inédita “Na Rede de Intrigas”; fez uma nova versão de “Floradas na Serra” e adaptou a minissérie “O Fantasma da Ópera”.

Já doente, Geraldo Vietri, em 1994, escreveu para a Rede CNT, três novelas de cunho religioso: “Antonio dos Milagres”; “A Verdadeira História de Papai Noel” e “Irmã Catarina”.

Deixou sua marca também no cinema, onde produziu, escreveu e dirigiu dez filmes, sendo “Senhora”, em 1976, o de maior sucesso e bilheteria. Mas também deixou sua assinatura em “Imitando o Sol”; “Quatro Brasileiros em Paris”; “O Pequeno Mundo de Marcos”; “Os Diabólicos Herdeiros”; “A Primeira Viagem”; “Tiradentes, o Mártir da Independência”; “Que Estranha Forma de Amar”; “Adultério Por Amor” e “Os Imorais”.

Vietri nos deixou em 1º de agosto de 1996, mas continua sendo referenciado como um dos nossos maiores autores de novelas de todos os tempos

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