Grande intérprete censurado pelo Regime Militar
Taiguara Chalar da Silva nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, em 1945, filho do maestro e bandoneonista brasileiro Ubirajara Silva e da cantora de tango uruguaia Olga Chalar.
Taiguara - Teu Sonho não acabou |
Foto: Divulgação |
Mostrou grande aptidão pela música desde pequeno e chegou com a família para morar em definitivo no Brasil aos quatro anos de idade, primeiro na cidade do Rio de Janeiro, e a partir dos anos 1960, em São Paulo.
Em 1965, largou o curso de Direito no Mackenzie para se dedicar totalmente à música, e o primeiro disco foi o LP “Taiguara!”, lançado nesse mesmo amo pela Gravadora Philips e com uma forte influência da Bossa Nova e recomendando por Edu Lobo e Luizinho Eça.
Taiguara foi uma das grandes revelações dos Festivais de Música Popular Brasileira que aconteceram de 1965 a 1970, com ampla cobertura televisiva, primeiro pela TV Record e depois pela TV Globo. Foi neles que se revelou para o País o grande letrista e grande intérprete com sucessos como “Modinha"; "Benvinda" e "Helena, Helena".
Ele se revelou um dos grandes símbolos de resistência da nossa MPB contra a censura imposta pelo Regime Militar, a ponto de se tornar o mais censurado deles, com cerca de 60 canções proibidas de serem veiculadas nas rádios, nos shows e em programas de TV.
Com tanto problemas com a censura no Brasil, Taiguara se exilou na Inglaterra de 1973 a 1976, se tornando o primeiro brasileiro a ter um disco gravado no exterior que foi totalmente censurado em território brasileiro. Foi o álbum “Let The Children Hear The Music”.
A volta ao Brasil foi marcada novamente por proibições de shows e de apresentações de novas canções na TV, e desiludido com o momento que o Brasil atravessava, se autoexilou novamente, agora muitos anos mais, na Europa.
Taiguara retorna definitivamente ao Brasil em 1980 e faz uma turnê que tem o título de "Treze Outubros", lançando novas canções e recordando os seus grandes sucessos das décadas de 1960 e 1970.
O legado de Taiguara na MPB inclui clássicos como “Hoje”; “Viagem”; “Carne e Osso”; “Que as Crianças Cantem Livres” e “Cavaleiro da Esperança” que ele compôs para homenagear Luiz Carlos Prestes.
Taiguara nos deixou muito cedo, com apenas 50 anos de idade, vitimado por um câncer na bexiga, e morava na capital paulista. Muitos anos depois, em 2014, em sua homenagem, foi lançado o livro “Os Outubros de Taiguara”, escrito por Janes Rocha, e no ano seguinte, lhe foi concedido post mortem, o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro.