A entrada de Marcelo Rezende no jornalismo foi uma casualidade. Um primo, chefe dos copidesques de O Globo e do Jornal dos Sports, foi quem, em 1969, o levou para conhecer uma redação quando tinha 17 anos. “Ele estava louco para me tirar da vagabundagem e ver se algo me atraía no jornalismo”, relembra já no primeiro capítulo do seu livro de memórias Corta pra mim (Planeta, 240 pp, R$ 31,90), que acaba de chegar às livrarias de todo o Brasil. Com humor e simplicidade, marcas de seu trabalho, Marcelo Rezende conta os bastidores de grandes reportagens feitas durante os quase 23 anos que trabalhou para a TV Globo. Entre elas estão a série de matérias sobre a ação da polícia na Favela Naval, em 1997; o envolvimento do deputado Abdiel Rabelo no tráfico internacional de entorpecentes, em 1991; a cinematográfica invasão de fazendas no Pontal do Paranapanema pelo Movimento dos Sem Terra (MST), em 1996, e a primeira entrevista de Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, a uma TV, em 1998. Ele conta ainda como se infiltrou, e quase se deu mal, na máfia chinesa dos CDs piratas e como foi surpreendido por um convite do serial killer Pedrinho Matador para ser seu padrinho de casamento. Rezende dá detalhes sobre sua saída da TV Globo: “em 2002, fui sondado pela TV Record e também pela RedeTV! Meu contrato com a Globo havia vencido e não conseguia chegar a um valor salarial que me parecesse justo. [...] Achei que era hora de conhecer o mundo lá fora, apesar dos quase 23 anos de Organizações Globo, onde cresci sendo sempre extremamente bem tratado”. Marcelo optou pela RedeTV!, onde ficou até 2004, quando assumiu o comando do programa Cidade Alerta, na TV Record. As críticas feitas ao então presidente Lula motivaram sua saída da Record, em 2005: “um dia, para minha surpresa, o programa foi tirado do ar mesmo dando picos de 20 e tantos pontos [de audiência]. A mão do então presidente Lula determinara o fim do programa: eu fazia muitas críticas, às vezes sem necessidade e exageradas, reconheço aqui. Ele então pediu ‘minha cabeça’. Fiquei perdido, aborrecido e me mandei”. Depois desse episódio, ele retornou à RedeTv! e voltou à Record em 2008, onde ainda permanece, no comando do programa Cidade Alerta. Sobre o autor O apresentador e jornalista Marcelo Rezende (1951) tem uma trajetória de mais de 40 anos no jornalismo brasileiro. Na TV Globo, dedicou-se a reportagens investigativas veiculadas nos grandes programas da emissora, como Jornal Nacional, Globo Repórter e Fantástico. Em 1999, ajudou a criar e passou a apresentar o Linha Direta, programa que o consagrou na televisão. Atualmente, apresenta o Cidade Alerta, hoje a maior audiência diária da Record. A visita feita à redação de um jornal, aos 17 anos, foi um marco na vida de Marcelo Rezende. “Quando entrei pela primeira vez lá no Jornal dos Sports, fiquei espantado: vi o Nelson Rodrigues, de quem já lera quase todos os livros e vira quase todas as peças, e o João Saldanha, jornalista e então técnico da seleção brasileira”, lembra. Ali, foi decidido o seu futuro. Aos 23 anos, já era um dos principais repórteres esportivos do jornal O Globo. Em 1988, Marcelo entrou para a TV, como editor do programa Globo Esporte. “A verdade é que televisão é a coisa mais difícil que eu conheço, porque o futuro lá já é passado", comenta no livro. E foi na TV que Marcelo se fez profissionalmente, e é lá que está até hoje, agora na TV Record. |