Colunistas - Rodolfo Bonventti

“Rabo de Saia”, minissérie da Globo que criou uma linguagem com muito humor

27 de Maio de 2021

Por Rodolfo Bonventii

Baseada em um conto de José Condé, cujo título original é “Seu Quequé”, e com uma brilhante e bem humorada adaptação de Wálter George Durst e José Antonio de Souza, estreava em 8 de outubro de 1984, na TV Globo, a minissérie “Rabo de Saia”.

Rabo de Saia - Ney Latorraca e Tássia Camargo

Era a história de um caixeiro-viajante, Quequé, no Brasil dos anos 1920, que mantinha, ao mesmo tempo, três famílias em diferentes cidades do País. Em Pernambuco, ele era casado com Eleuzinha, com quem tinha quatro filhos; em Alagoas, sua esposa era a religiosa Santinha com quem também teve quatro filhos; e em Sergipe ele vivia com a jovem Nicinha e um filho pequeno.

O mulherengo Quequé conseguia enganar muito bem as três, que não imaginavam que ele tivesse outras duas famílias, e para isso tinha dois amigos e cúmplices com quem contava para que suas aventuras não se tornassem públicas.

O público “comprou” o enredo, construído com muito humor e uma linguagem mais solta e com narrativas próprias que muitas vezes se encerravam a cada capítulo.

Para viver Quequé, que na verdade se chamava Ezequias, Wálter Avancini fez uma escolha certeira, e Ney Latorraca teve um dos seus melhores desempenhos na TV, construindo um personagem ao mesmo tempo romântico e hilariante.

Suas três mulheres também tiveram atuações destacadas: Dina Sfat foi uma presença marcante como Eleuzinha; Lucinha Lins surpreendeu vivendo muito bem a casta e religiosa Santinha; e Tássia Camargo trouxe toda a sensualidade exigida para a jovem Nicinha.

Com um elenco muito bem dirigido, em que ainda se destacavam Paulo Hesse, José Fernandes Lira, Marilena Ansaldi, Jackson de Souza, Daniel Dantas, Carlos Gregório, Yara Lins e Luiz Guilherme, entre várias participações especiais, a minissérie foi um sucesso de audiência no horário das 22h15.

O personagem de Ney Latorraca também chamava atenção pelo seu figurino, composto sempre de ternos de linho, um chapéu-panamá, sapatos de duas cores e um relógio de bolso.

Com apenas vinte capítulos, a minissérie “Rabo de Saia” terminou em 2 de novembro de 1984 e deixou muitas saudades nos telespectadores, sendo substituída no ano seguinte pela histórica e épica “O Tempo e o Vento”.

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