Neste segundo semestre, será possível acompanhar a trajetória completa do Grupo 3 de Teatro, dirigido por Yara de Novaes, Débora Falabella e Gabriel Fontes Paiva desde 2005. Durante cinco semanas, de terça a domingo, o palco do Teatro Sérgio Cardoso recebe as peças A serpente (2005), releitura do clássico de Nelson Rodrigues, O amor e outros estranhos rumores - 3 histórias de Murilo Rubião(2010), adaptação de Silvia Gomez para a obra de Murilo Rubião – ambas com direção de Yara de Novaes – e O Continente Negro(2007), texto inédito no Brasil do dramaturgo chileno Marco Antônio de La Parra, dirigido por Aderbal Freire-Filho.
A Mostra de Repertório estreia dia 3 de setembro, terça-feira, às 21 horas e fica em cartaz até 6 de outubro. Ao mesmo tempo, o grupo se prepara para a estreia de um novo espetáculo em outubro, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Todos os espetáculos do Grupo 3 alinham profundo trabalho de pesquisa teatral à busca incessante por abordagens inovadoras, criando assim uma unidade na pesquisa e na concepção cênica. Parte desta coerência artística está no fato do Grupo se manter o mesmo desde sua fundação, e também por trabalhar com colaboradores artísticos permanentes, como o músico Morris Picciotto, que compõe todas as trilhas dos espetáculos, o arquiteto e artista plástico André Cortez, que assina os cenários de todas as montagens e a dramaturga e jornalista Silvia Gomez, que adaptou a obra de Murilo Rubião e traduziu O Continente Negro. Juntos, Yara, Débora, Gabriel, Morris, André e Silvia são os responsáveis pela trajetória do Grupo.
A SERPENTE
Terças e quartas, às 21h
Débora Falabella interpreta Guida, uma mulher muito ligada à irmã Lígia (Débora Gomez). Ambas casam no mesmo dia e, com os maridos, dividem um apartamento em Copacabana. Um ano depois do casamento, Guida vive uma intensa lua-de-mel e Lígia é praticamente virgem. Muito infeliz, Lígia expulsa o marido de casa e diz para a irmã que está pensando em morrer. Guida faz uma proposta: a irmã deve passar uma noite com seu marido. Com um ritmo rápido e texto sucinto – em apenas um ato – o dramaturgoNelson Rodrigues (1912-1980) conseguiu escrever uma peça inteira sobre um tema familiar: a paixão de duas irmãs pelo mesmo homem. Completam o elenco Alexandre Cioletti, Augusto Madeira e Cyda Morenyx. “É uma montagem que privilegia o trabalho do ator, ressaltando a teatralidade do texto de Nelson Rodrigues, em uma leitura com os olhos de hoje”, destaca a diretora Yara de Novaes.
O CONTINENTE NEGRO
Quintas e sextas, às 21h
Dirigido por Aderbal Freire Filho, o texto do chileno Marco Antônio de La Parra fala sobre relações amorosas de forma fragmentada, com diferentes personagens e histórias. O elenco enxuto traduz os diversos personagens de Marco Antônio e se desdobra para contar a vida de 12 personagens. Segundo o diretor, ”há situações que são bem dramáticas, estão todos em busca de uma saída”. O elenco é formado por Yara de Novaes, Débora Falabella e Rodolfo Vaz.
O AMOR E OUTROS ESTRANHOS RUMORES
Sábados, às 21h e domingos, às 18h
A dramaturga Silvia Gomez escreveu este espetáculo a partir de contos do mineiro Murilo Rubião (1916-1991), pioneiro do realismo fantástico brasileiro. Yara de Novaes dirige o espetáculo que mergulha em três de seus contos: Memórias do Contabilista Pedro Inácio,Os Três Nomes de Godofredo e Bárbara. A montagem apresenta histórias que trazem à tona questões extraordinárias sobre amor e solidão. No elenco, Débora Falabella, Rodolfo Vaz, Maurício de Barros e Priscila Jorge.
A História do Grupo 3 de Teatro
A estreia do espetáculo A Serpente, na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, em 2005, marcou também o nascimento do Grupo 3 de Teatro, fundado por Yara de Novaes, Débora Falabella e Gabriel Fontes Paiva. Com a criação da companhia, os três mineiros radicados em São Paulo deram continuidade à parceria teatral iniciada em Belo Horizonte no final da década de 1990.
A Serpente cumpriu temporada vitoriosa: ficou em cartaz no Teatro Faap, em 2006, no Teatro Tuca, em 2008 e passou por cidades como Campinas, Belo Horizonte e Curitiba, além de excursão pelo nordeste. Um ano depois, a mesma equipe realizou O Continente Negro, que foi incensado por toda a crítica nacional, e apresentou pela primeira vez no Brasil um texto do dramaturgo chileno Marco Antonio de La Parra. Dirigida por Aderbal Freire Filho, a peça com Débora Falabella, Yara de Novaes e Ângelo Antônio (atualmente substituído pelo ator Rodolfo Vaz) no elenco estreou no Teatro Faap e percorreu cidades como Belo Horizonte, Recife e Ribeirão Preto, além de temporada no Rio de Janeiro em 2009.
Em 2010, foi a vez do terceiro espetáculo da companhia, O amor e outros estranhos rumores, estrear no Teatro Tuca, em São Paulo, a preços populares. A surpreendente adaptação da dramaturga Silvia Gomez para os contos “Memórias do contabilista Pedro Inácio”, “Bárbara” e “Os três nomes de Godofredo”, do escritor mineiro Murilo Rubião, rendeu a Débora Falabella o Prêmio Contigo! na categoria de melhor atriz de teatro.
Pesquisa
O Grupo 3 de Teatro é uma companhia teatral estável de processo continuado. Sua pesquisa, realizada desde 2005, muitas vezes se desdobra em novos projetos de cunho documental, social e de difusão. Foi o caso das mostras “Murilo Rubião - o Reescritor fantástico” (SESC Paladium e UFMG) e “Mostra Contemporânea de Arte Mineira” (SESC Pompeia e Vila Mariana) e da publicação da tradução para o português do texto dramatúrgico do chileno Marco Antonio De La Parra - O Continente Negro. Frequentemente, a companhia estende seu treinamento com oficinas abertas promovendo o encontro e o diálogo com outras companhias, como quando produziu a oficina "Dramaturgia e Espaço" ministrada pelo chileno Marco Antonio De La Parra e "View Point" por Myriam Rinaldi. Ainda no campo pedagógico, o grupo compartilha com estudantes de teatro seu processo de criação com oficinas ministradas por integrantes do grupo: “A Cena Teatral e Murilo Rubião”, no Teatro Tuca, ministrada por Yara de Noves, André Cortez e Silvia Gomez e “Espaço Dramaturgia e Atuação”, por André Cortez e Yara de Novaes.
Novas plateias
O Grupo 3 de Teatro tem sistematicamente criado ações de acessibilidade a novas plateias. Nesse intuito realizou temporadas e circulação a preços populares ou simbólicos em São Paulo (2008, 2010 e 2011), Rio de Janeiro (2009), Belo Horizonte (2011), Fortaleza, Recife, Maceió, Aracaju e Salvador (2010), Santos, Piracicaba e Araras (2010), e gratuitas, com palestras e debates, em 10 bairros da periferia de São Paulo e nas periferias das cidades de Campinas, São José dos Campos e Guarulhos, de modo a proporcionar à população de diferentes regiões do país o acesso aos seus espetáculos. Desenvolve um trabalho contínuo de formação de novas plateias, por meio de apresentações em periferias, unidades dos CEUs e SESIs, acompanhados de palestras e oficinas.
Sobre Yara de Novaes
A carreira de atriz foi o ponto de partida para a trajetória de Yara de Novaes como diretora de teatro. Desde então ela assinou espetáculos como Tio Vânia (2011), do Grupo Galpão, As Meninas (2010), adaptação de Maria Adelaide Amaral para o romance de Lygia Fagundes Telles, e A Serpente (2005), do Grupo 3 de Teatro, que recebeu os aplausos da crítica nacional pela abordagem inovadora para o clássico de Nelson Rodrigues. No cinema assinou a direção de atores de curtas metragens como Françoise (2000) e A Hora vagabunda (1998), que c onquistou o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília, ambos do cineasta mineiro Rafael Conde. Paralelo ao trabalho de direção, Yara mantém ativa a faceta de atriz: desde 2007 atua no espetáculo O Continente Negro, texto de Marco Antonio de La Parra com direção de Aderbal Freire Filho, e agora se prepara para estrelar Contrações. Na trajetória acadêmica Yara foi professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e atualmente é titular da cadeira de teatro no curso de Direito da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo.