Cultura - Teatro

O ASSALTO

21 de Junho de 2017

Escrito por José Vicente em 1968 e encenado pela primeira vez no Teatro Ipanema no Rio de Janeiro em 1969, com direção de Fauzi Arap e com Ivan de Albuquerque e Rubens Correa em cena, a montagem obteve enorme sucesso tendo recebido uma versão cinematográfica em 1971 com o mesmo elenco da peça e direção de Walter Lima Junior.

O contexto histórico deste período, em meio à ditadura militar, acabou por circunscrever o texto no rol da dramaturgia de resistência ao regime, mas quase cinquenta anos após a sua estreia o texto se mostra revelador da sociedade contemporânea, na qual as relações e as pessoas se encontram cada vez mais coisificadas.

Em O Assalto, Vitor, funcionário número 5.923.800 de um banco, volta à sua sala, depois do expediente, com o objetivo de encontrar Hugo, um faxineiro responsável pela limpeza do ambiente. O encontro entre esses dois personagens, próximos na insignificância, frente à corporação para a qual trabalham, mas diferentes no extrato social em que cada um ocupa, acaba por produzir uma relação que oscila entre a repulsa e a atração, plena de contradições.

A tensão gerada por essa relação mantém o espectador atento do começo ao fim do espetáculo.

O Assalto é uma daqueles textos que acabam se mostrando muito à frente do seu tempo, capaz de dialogar com muita profundidade com as inquietações e sensibilidade da sociedade contemporânea, tão carente de sentido e de utopias.

Com uma direção centrada no jogo dos atores, Gustavo Trestini intensifica a violência e a compaixão, propostas pelo autor, revelando a humanidade desses personagens a partir de suas contradições. O espetáculo oferece também uma reflexão sobre nossa condição de cidadãos em relação com a impiedosa estrutura de uma metrópole como São Paulo, carente de vínculos de afeto e vitrine do onipotente e corruptor poder financeiro.

A peça estreou em fevereiro de 2017 no teatro Cia da Revista na cidade de São Paulo, com grande reconhecimento de público e crítica. O Assalto foi Indicada entre as melhores peças em cartaz segundo a crítica da revista Veja e reconhecida como uma das principais estréias da temporada. O sucesso da peça tem despertado o interesse pela obra do Zé Vicente na cidade de São Paulo, o que acabou motivando a realização de dois encontros comemorativos sobre o autor, um com o crítico e ensaísta Welington Andrade e outro com o dramaturgo Antonio Bivar, além da elaboração de um projeto para homenagear Zé Vicente nesse ano que marca os 10 anos de seu falecimento e os 50 anos da sua produção dramatúrgica.  

 

 

DURAÇÃO: 75 min

CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

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