Rodeada de croquis, Cinderela quer ser estilista. A madrasta malvada adora shopping center e vive com máscara de pepino no rosto. Invejosas, suas filhas sonham ser atrizes de musical. O antigalã Príncipe Emo luta esgrima e faz GV, a Fada Madrinha é musa doentertainment e o Pai de Cinderela, que está sempre ausente, é um comerciante rico e elegante à lá Gene Kelly.
Referência de qualidade em Teatro Infantil, a premiada Cia Le Plat du Jour segue reinventando as mais famosas histórias do universo das crianças. Depois de Rapunzel (2014), a nova criação da talentosa dupla - formada por Alexandra Golik e Carla Candiotto - é Cinderela Lá Lá Lá.
Com versão divertida e inteligente do conto de fadas mais famoso da humanidade, Cinderela Lá Lá Lá estreia dia 18 de julho, sábado, às 11 da manhã, para temporada no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil até janeiro de 2016. Dirigida para crianças de 2 a 9 anos, a peça tem texto e direção de Alexandra Golik e Carla Candiotto, trilha sonora de Gus Bernard, Marco Boaventura e Cia Le Plat du Jour, luz de Wagner Freire e cenário e figurinos de Marco Lima e coreografia de Paula Flaibann, Helena Cerello e Bebel Ribeiro.
Com uma média de cinco personagens cada, as atrizes Bebel Ribeiro, Helena Cerello e Paula Flaibann trocam de figurino cerca de 15 vezes. Além de interpretar, as três atrizes conferem dinâmica do começo ao fim da peça cantando e dançando. As três - que já trabalham com o Le Plat e atuaram em outros espetáculos - assinam a coreografia. Bebel faz parte da companhia desde 2005. Helena e Paula, desde 2009. As três foram alunas de Carla Candiotto na Escola Superior de Artes Célia Helena.
Além de suas personagens principais, as três atrizes se revezam na interpretação dos arautos portugueses do reino, dos objetos inanimados que “costuram” os vestidos das irmãs e madrasta da Cinderela e das celebridades que passam pelo baile real –Olivia Newton John, Ana Carolina, Shakira, Mãe Menininha, Gal Costa, Maria Bethânia. Natingonha e Yoko Ono..
Adaptação irreverente
Para criar sua versão de contos clássicos, Alexandra e Carla buscam a origem da história como foi escrita e, como sempre, atualizam para que as crianças possam se relacionar com o enredo. Aqui a trama se passa em um quarto de costura onde Cinderela costurava com sua mãe.
Alexandra Golik destaca que uma novidade dessa versão são os personagens inventados pelo Le Plat. Os Objetos Inanimados (agulha, linha e dedal) são seres engraçados, bondosos e úteis que costuram vestidos enquanto Cinderela dorme. Já os arautos são três portugueses a serviço do reino que ajudam a movimentar a história com as suas importantes informações.
“Achamos engraçado que eles fossem portugueses para fazer uma referência à nossa colonização”, diz Alexandra. Ao final de cada cena, os arautos cantam um trecho adaptado de Arrebita, clássico dos anos 70 do artista português radicado no Brasil Roberto Leal.
O espetáculo aposta na movimentação cênica bem marcada.“Dessa vez decidimos brincar de princesa mesmo. São 27 peças de roupa num espetáculo de 60 minutos e três atrizes. Tudo fica muito divertido quando elas trocam rapidamente o figurino. As crianças e os adultos ficam intrigados, prende a atenção”, diz Carla Candiotto.
Ainda sobre as atrizes, Carla completa: “Assim que concebíamos as cenas, nos divertíamos e, com as piadas, construíamos as cenas”. Bebel, Helena e Paula hoje ganham elogios. Alexandra complementa que, além de supertalentosas, as atrizes foram escolhidas por conhecer profundamente a linguagem do Le Plat. “Sou muito fã desse elenco, admiro e respeito”, fala Carla.
Alexandra e Carla se divertiram a valer na criação de Cinderela, seja escrevendo as canções ou levantando as cenas. “É a melhor receita para um espetáculo. A gente riu, cantou, dançou. Espero que o público goste o tanto que nós gostamos de fazer”, fala Carla.
“Tivemos muito prazer em fazer Cinderela Lá Lá Lá. Demos muitas gargalhadas e também choramos de emoção em alguns momentos. O tempo todo o clima foi de muito bom humor e confiança. Acho que a resposta disso é termos chegado ao resultado de um espetáculo vibrante, musical, engraçado, lírico e tocante”, comenta Alexandra.
A atriz Bebel Ribeiro interpreta a Cinderela, adotando como marca principal a ingenuidade e a bondade da personagem. “É a partir desse elemento que entra a marca do Le Plat: extraímos humor e brincamos com essas características”, conta a atriz, que também interpreta um trecho da peça como a Madrasta.
Neste trecho em específico, Bebel destaca que adotou características da personagem construída por Helena, mas que também acabou emprestando trejeitos seus para a Madrasta, reforçando o espírito de colaboração do projeto.
Tom de voz grave e muita impostação ressaltam toda a crueldade que Helena Cerello conferiu a sua Madastra. “A peça tem arquétipos humanos fortes. Enquanto Cinderela representa a bondade absoluta, a Madrasta é a maldade no nível inverso, e é isso que tentei trazer para a peça” Helena também é Lili, uma das filhas fúteis da Madrasta de Cinderela.
Para fazer o papel do príncipe, a diretoras da Cia Le Plat du Jour pensaram em um personagem nada encantado. Como o público do Le Plat ainda não está na fase de querer namorar, a relação do príncipe com Cinderela é bastante discreta e ressalta a descoberta do amor, a timidez e a amizade. A língua presa e o estilo Emo humanizam ainda mais o personagem, criado pra ficar bem distante do estereótipo galã dos príncipes de contos de fadas.
Olhar galante, bengala, um andar parecido com o dos dançarinos de sapateado e uma cartola. Podia ser o Fred Astaire ou o Gene Kelly, mas esse é o pai da Cinderela, um dos personagens interpretados por Paula Flaibann. Por ser um comerciante competente, está sempre saindo para viagens. Paula também vive Lulú, que, além de ser a melhor amiga da irmã Lilí, apesar das brigas, faz de tudo para tentar conquistar o príncipe.
Outra personagem de Paula é a Fada Madrinha, uma fada nada convencional que deixou a varinha de condão de lado para criar verdadeiros espetáculos de mágica ao realizar suas façanhas. Despachada e com estilo de apresentadora de auditório, a Fada Madrinha tem até assistente, o Dedal, que ajuda a criar o clima das transformações feitas por ela.
Cia Le Plat du Jour – 20 atrizes e peça com 3 elencos
A adaptação de clássicos da literatura infantil é característica da consagrada dupla Alexandra Golik e Carla Candiotto, que vira pelo avesso os contos em montagens irreverentes e atuais. Com diversos espetáculos ganhadores dos prêmios APCA e Coca-Cola Femsa, a Cia Le Plat du Jour mantém um leque de outras versões bem-humoradas de clássicos infantis no repertório, como Rapunzel, Peter Pan & Wendy, João e Maria, Alice no País das Maravilhas, Os Três Porquinhos e Chapeuzinho Vermelho são outros espetáculos premiados criados por Carla Candiotto e Alexandra Golik.
Com mais de treze montagens e um público estimado entre 40 mil pessoas por ano nos últimos tempos, a cia Le Plat du Jour tem amplo reconhecimento por parte da crítica especializada, além de uma trupe de 20 atrizes envolvidas no processo criativo e nas montagens. Com repertório e elenco, a Cia tem condições de realizar a circulação de seus espetáculos, em diversas cidades e regiões de São Paulo. Algumas peças contam com três elencos e dois cenários diferentes.
Sobre o elenco essencialmente feminino, Alexandra e Carla contam que, no início, isso aconteceu espontaneamente. “Depois fomos vendo que o mundo era formado em sua grande maioria por ‘Clubes do Bolinha’, por isso tomamos a decisão de sermos o ‘Clube da Luluzinha’ – um feminismo bem-humorado”, diz Alexandra.
História
Sua origem tem diferentes versões. A versão mais conhecida é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada num conto italiano popular chamado La gatta cenerentola ("A gata borralheira"). A mais antiga é originária da China por volta de 860 a.C.. Existe também a versão dos Irmãos Grimm, que foi a escolhida para ser adaptada pela Cia Le Plat du Jour .
Versão da Cia Le Plat du Jour
Nessa versão, uma comédia musical, Cinderela Lá Lá Lá, a protagonista é uma estilista com grande talento para o desenho, talento este que herdou de sua querida e falecida mãe. Infelizmente, devido à constante ausência de seu Pai, sempre viajando, Cinderela é obrigada a lidar com as maldades das duas filhas de sua madrasta, meninas invejosas, ambiciosas que querem de qualquer forma serem atrizes de musical. Como se não bastasse, Cinderela tem que aturar sua Madrasta, uma mulher malvada, oportunista e desejosa de riqueza e poder que faz de tudo para prejudicar Cinderela. Porém, com a ajuda da Fada Madrinha e seus assistentes, os Objetos Inanimados, Cinderela, consegue superar toda a tristeza e por fim cumprir o que prometeu a sua mãe: ser sempre uma pessoa boa, gentil, e corajosa. Por fim, após momentos tão difíceis, acaba por encontrar o seu grande amor, o Príncipe Emo.
Serviço
CINDERELA LÁ LÁ LÁ, da Cia Le Plat du Jour. De 18 de julho de 2015 a 30 de janeiro de 2016. Aos sábados, no Centro Cultural Banco do Brasil. Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 - Centro, São Paulo. Telefone: 3113-3651. Temporada: Sábados, às 11h. No dia 12 de outubro haverá sessão extra às 12h30.Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Duração: 60 minutos. Classificação: Livre.
Ficha Técnica
Criação: Cia Le Plat du Jour. Texto e Direção: Alexandra Golik e Carla Candiotto. Elenco: Bebel Ribeiro, Helena Cerello e Paula Flaibann. Trilha Sonora Original: Gus Bernard e Cia Le Plat du Jour Letras das Músicas: Cia Le Plat du Jour. Produção Musical: Marco Boaventura e Carina Renó. Produtora de som: TrilhaOriginal Estúdio. Iluminação: Wagner Freire. Cenário e Figurino: Marco Lima. Cenotécnica e Adereços: FCR Produções Artísticas. Coreografia: Paula Flaibann, Helena Cerello e Bebel Ribeiro. Assessoria de imprensa: Arteplural Comunicação. Projeto Gráfico: Iara Jamra. Fotografia: Bira Crosariol. Direção de produção: Cia Le Plat du Jour . Produção Executiva: Vanessa Campanari. Coordenação de projeto: Andréa Marques. Realização: Cia Le Plat du Jour.