Colunistas - Rodolfo Bonventti

Chico Anysio criava uma cidade para abrigar os seus inúmeros personagens

22 de Abril de 2015

O humorista Chico Anysio foi um especialista em criar muitos tipos e personagens para um mesmo programa. Contratado da TV Globo, no início dos anos 70, e já considerado um dos maiores comediantes e redatores de humor da nossa televisão, Chico vinha de uma experiência de sucesso com seu programa “Chico Anysio Especial” que era exibido na Sexta Nobre uma vez por mês.

Chico Anysio criou inúmeros personagens para o programa semanal
 

Aí surgiu a idéia de criar vários outros personagens e colocá-los em uma fictícia cidade do interior de São Paulo. A idéia fez surgir o “Chico City”, uma das maiores audiências da emissora carioca nos anos 70, e que estreou em janeiro de 1973 no horário das 21 horas, todas as sextas-feiras.

Em "Chico City" foi criada uma cidade com ares de sertão nordestino
 

 

 

Para escrever as histórias, Chico Anysio contava com uma turma de redatores de primeira linha, e lá estavam com ele, Arnaud Rodrigues, Roberto Silveira, Marcos César, Mário Tupinambá, Irvando Luiz e Jomba. Já a direção do programa cabia a Augusto César Vannucci, Mário Lúcio Vaz, Carlos Manga e Maurício Sherman, uma equipe pra lá de experiente em termos de programas de humor.

 

 

O programa ficou no ar por sete anos e a cada nova temporada surgiam outros personagens hilários que  habitavam a cidade de Chico City, um lugar com ares do sertão nordestino, e que acomodava figuras como o prefeitopopulista Walfrido Canavieira; o Velho Zuza; o museólogo Popó; o Coronel Pantaleão; o radialista Roberval Taylor; o jogador de futebol estrábico Coalhada; o pai de santo gay Painho; o ator canastrão Alberto Roberto; o Coronel Limoeiro; o sambista Zé Tamborim ou o garçom fanho Quem Quem, só para lembrar de alguns dos muitos tipos que Chico criou para o programa.

A personagem Salomé falava com o presidente da República no final do programa
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alguns desses personagens se tornaram integrantes permanentes da nossa vida diária e um deles, em especial, se tornou uma referência política: a Salomé, uma velha senhora gaúcha, ex-professora do então presidente do Brasil, João Batista Figueiredo, e que conversava com ele por telefone com muita intimidade em um texto cheio de reclamações para o presidente, isso em plena época ainda da ditadura militar.

O prefeito corrupto e populista Walfrido Canavieira era outra atração
 

A idéia do personagem da Salomé partiu do diretor Mauricio Sherman, e Chico Anysio resolveu batizá-la com o nome da personagem bíblica que pedia a cabeça do profeta João Batista, trazendo ainda um viés mais crítico para a personagem, que, no entanto, foi bem recebida pelo então presidente da República.

O pai de santo gay Painho era outra atração do programa
 

Ao lado de Chico Anysio, grandioso na criação de quase todos os personagens, um grande elenco de humoristas reforçava o programa, que era líder de audiência toda sexta-feira na TV Globo, em todo o Brasil.

Chico Anysio e Jomba atuaram e escreveram para o programa
 

Estavam ao lado dele, entre outros, Carlos Leite, Zezé Macedo, Arnaud Rodrigues, Amândio, Lúcio Mauro, Stela Freitas, Wálter D’Ávila, Augusto Olímpio, Alcione Mazzeo, Antonio Carlos Pires, Castrinho, Jomba, Estelita Bell, Selma Lopes, Martim Francisco, Tião Macalé, Suely May, André Villon, Joe Lester, Dorinha Duval e Iran Lima.

 

 

Na próxima semana: elas eram divinas e maravilhosas na TV Tupi.

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