A peça se inicia com o discurso fragmentado e distorcido de um médico narrando um acontecimento perturbador: sua filha teria sido retirada de casa por estranhos, que pareciam investidos de todos os poderes para fazê-lo. Em tom melodramático e cheio de ressentimento, Protestad fala a respeito do trauma ligado à perda da menina, assim como das alegrias que a criança trouxe a um casal infértil e infeliz. O espetáculo, nova produção do Ágora Teatro, fica em cartaz do dia 10 de abril a 17 de maio, na Sala de Espetáculos do Sesc Pompeia. A temporada acontece de quinta a sábado, 21h, e domingos e feriados, às 19h.
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Partindo do contexto argentino, o espetáculo aborda uma temática comum entre os dois países latinos: os regimes militares. Em palco estão Laura Brauer e Celso Frateschi, que atuam sob direção de Pedro Mantovani.
Segundo Mantovani, o espetáculo traz ao palco “reflexões que estão na ordem do dia no Brasil, na medida em que nossa comissão nacional da verdade findou seus trabalhos, e a grita dos militares e a indiferença geral impedem que se avance até mesmo na batalha das memórias, que incide diretamente sobre os destinos da política hoje”.
A peça também aborda a impassibilidade com que o casal vive o cotidiano depois da perda da menina. Suas lembranças remetem, de maneira enigmática, a final dos anos 1970, durante a ditadura. Conforme ele conta o evento, revirando o passado, são desvelados os elementos da verdadeira cena traumática.
O texto do dramaturgo, psicanalista e ator argentino Tato Pavlovsky, escrito poucos anos depois do fim da ditadura militar argentina (1984/ 85), tem no seu bojo o rapto de crianças pelo governo durante o período do regime de exceção. Mais do que isso, tem no seu cerne, a mentalidade do cúmplice civil que perdeu seu butim de guerra durante a abertura, mas permaneceu livre, sem admitir os seus crimes nem para si mesmo.
Para o diretor, Potestad permite a reflexão sobre algumas das consequências das contrarrevoluções preventivas na Argentina e no Brasil, ainda arraigadas em nosso presente. Especificamente, sobre os crimes e danos cometidos pelas ditaduras civis-militares contra crianças que nasceram no período em que estas operavam, que permaneceram impunes. Por outro, acerca da persistência e reprodução incessante do modo de pensar e agir dos cúmplices civis da ditadura cá e lá ainda hoje.
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O projeto também inclui bate-papos com convidados e elenco após algumas sessões. O primeiro convidado é o psicanalista Tales Ab’Sáber, abordando o tema “patologias e mentalidade do repressor”. Os bate-papos acontecem após as sessões dos dias 30 de abril; 7 e 14 de maio.
Ficha Técnica Potestad
Autor: Eduardo Pavlovysky. Tradução: Betch Cleinmann. Direção: Pedro Mantovani. Cenário e figurinos: Sylvia Moreira. Luz: Wagner Freire. Assistente de Direção: Laura Brauer. Atuação: Celso Frateschi e Laura Brauer.
Serviço
Postestad. De 10 de abril a 17 de maio de 2015. Temporada: Quinta a sábado, às 21h; domingos e feriados, às 19h. Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos. Duração: 60 min. Ingressos: R$ 7,50 (credencial plena / trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 12,50 (usuário inscritos no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 25,00 (inteira). Ca
Venda online a partir de 31 de março, terça-feira, às 17h30.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 1 de abril, às 17h30.
Bate-papo.
· Patologias e Mentalidades do Repressor: 30/04, com Tales Ab´Saber
· O estatuto da verdade: 7/05, convidado a confirmar.
· Políticas de memória e o futuro do passado: 14/05, convidado a confirmar.
No Espaço Cênico. Grátis. Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos. O ingresso adquirido para o espetáculo é válido para o bate-papo. Quem vier após a sessão, apenas para o bate-papo, estará sujeito a lotação da sala.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
Telefone para informações: (11) 3871-7700.
Não temos estacionamento. Para informações sobre outras programações, acesse o portalsescsp.org.br/pompeia
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