Colunistas - Rodolfo Bonventti

O jornalista e historiador que fundou o PT

23 de Fevereiro de 2015

Para muitos ele é lembrado como o pai de uma família musical por excelência, os Buarque de Holanda, da qual fazem parte o cantor e compositor Chico Buarque e as cantoras Miúcha, Cristina Buarque e Ana de Holanda. Mas a importância de Sérgio Buarque de Holanda para a cultura nacional é muito maior.

Sérgio Buarque foi jornalista, historiador e escritor
 

Nascido na capital paulista em 1902, ele se transformou em um dos mais importantes historiadores, jornalistas e críticos literários brasileiros. Foi também um dos criadores e fundadores do Partido dos Trabalhadores, o PT, em 1980.

Formado pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), Sérgio Buarque começou a trabalhar como jornalista, no “Jornal do Brasil”, em 1928, mas em seguida ele foi para Berlim, como correspondente do periódico, ficando na Alemanha de 1929 a 1931.

Voltou ao Brasil no final de 1931 e continuou na carreira de jornalista, se tornando em 1936, professor assistente da Universidade do Distrito Federal. Foi justamente nesse ano que ele se casou com  Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim, com quem teria sete filhos, quatro dois quais seguiriam a carreira musical.

Ainda em 1936, Sérgio Buarque de Holanda publicaria o ensaio "Raízes do Brasil", até hoje sua obra mais conhecida. E em 1941, passou uma longa temporada em diversas universidades dos Estados Unidos.

Sérgio lançou obras importantes como "Cobra de Vidro", em 1944, com uma série de artigos e ensaios que publicara nos meios de imprensa; "Monções" em 1945 e "Caminhos e Fronteiras", em 1957, uma coletânea de textos sobre a expansão oeste da colonização da América Portuguesa.

Ele morou por vários anos fora do Brasil
 

Ainda na área cultural ele foi diretor do Museu Paulista e de 1953 a 1955, viveu na Itália, onde trabalhou na Cátedra de Estudos Brasileiros da Universidade de Roma. Em 1959 publicou "Visão do Paraíso", no qual analisa aspectos do imaginário europeu à época da conquista do continente americano.

Novamente fora do Brasil, Sérgio Buarque entre 1963 e 1967 foi professor convidado em universidades no Chile e nos Estados Unidos e participou de missões culturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em Costa Rica e Peru.

Publicou ainda “História Geral da Civilização Brasileira"; "Do Império à República"; "Vale do Paraíba - Velhas Fazendas" e a coletânea "Tentativas de Mitologia". Em 1980 ele recebeu o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores e o Prêmio Jabuti de Literatura, da Câmara Brasileira do Livro.

Com o filho mais famoso, o cantor e compositor Chico Buarque
 

 

Dois anos antes de falecer, Sérgio Buarque participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), recebendo a terceira carteira de filiação do partido. Ativo militante, foi homenageado logo após a sua morte pelo PT e hoje dá nome ao Centro de Documentação e Memória da Fundação Perseu Abramo.

Em quase 80 anos de vida, Sérgio Buarque se tornou uma referência cultural do Brasil aqui e no exterior, e foi muito mais do que apenas o pai de Chico Buarque e Miúcha.

 

 

Sérgio assina a filiação no lançamento do PT
Com o amigo Vinicius de Moraes no final dos anos 70

 

 

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