Colunistas - Rodolfo Bonventti

Os incêndios se sucediam e a memória da nossa TV se perdia em cada um deles

12 de Junho de 2013

Foi em maio de 1960 que a memória da televisão brasileira teve seu primeiro baque, com um incêndio que atingiu a TV Record. Infelizmente, foi o primeiro de muitos que dominaram ás décadas de 60 e 70 e consumiram boa parte dos acervos das nossas emissoras, em uma época que elas ainda tinham uma infraestrutura muito ruim nos estúdios e não conseguiam mensurar a importância que aqueles registros e aquelas fitas tinham para a história do nosso próprio País.

Foto: Arquivo Pessoal 

Na década de 60, em plena ditadura militar, os incêndios nas emissoras de televisão se tornaram, infelizmente, muito frequentes. Há quem defenda que a maior parte deles foi fruto de atentados terroristas provocados por grupos de esquerda que consideravam a tv brasileira como a responsável pela alienação política da população.

Provocados por atentados; pela fraca infraestrutura e desleixo das emissoras ou por um azar do destino, os incêndios provocaram prejuízos imensos para todas as emissoras e transformaram em cinzas momentos que nunca mais serão resgatados.

Só no ano de 1966 dois grandes incêndios consumiram parte dos arquivos da TV Record em 29 de julho e, no segundo semestre, na TV Excelsior, gerando a primeira das várias crises que a emissora paulista viveria. Em 1968, a TV Record enfrentaria mais um incêndio de proporções.

Mas nada se compara ao ano de 1969, quando a TV Globo de São Paulo e a TV Bandeirantes enfrentaram incêndios de grandes proporções que destruíram grande parte dos seus acervos até então. A TV Globo, por exemplo, teve um prejuízo de 4 milhões de cruzeiros e transferiu toda a sua produção para o Rio de Janeiro em função da proporção do incêndio que a atingiu na então sede em São Paulo.

Foto:Arquivo Pessoal 

E foi também em 1969 que a TV Record viveu mais dois incêndios, primeiro no Teatro Consolação e depois no Teatro Paramount, ambos os locais em que ela gravava ou apresentava ao vivo toda a sua grande linha de shows.

E a década de 1970 começou com o fogo consumindo ainda mais acervos e a nossa memória televisiva. Foi assim em janeiro de 1970 na TV Globo, no Rio de Janeiro, e em julho nos estúdios da TV Excelsior, quando a emissora já havia fechado suas portas e encerrado suas transmissões.

A TV Globo ainda enfrentaria mais dois incêndios, um em 1971 e outro em 1976, enquanto a TV Record também viveria mais dois, o pior deles em 1977. Em 1972 foi a vez da TV Tupi e a TV Cultura passaria por quatro vezes o drama de ver se tornar em cinzas todo um trabalho rico em criatividade, garra e emoção.

Foto: Arquivo Pessoal 

Uma triste época que levou imagens que hoje são apenas recordações na memória de cada vez menos profissionais e telespectadores.

E na próxima semana: as bruxas dominavam a tela da TV Tupi.

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