Emissoras com menos recursos financeiros e sem grandes nomes no seu cast que pudessem atrair, em um primeiro momento, maior audiência, as TVs Cultura e Gazeta resolveram investir em programas de entrevistas e debates no início da década de 70.
Humberto Mesquita comandava o programa Confronto |
E se esses programas não traziam grande retorno de audiência, garantiam as emissoras uma maior credibilidade e instituíram, de uma certa forma, o fim de noite na TV como o melhor horário para matérias jornalísticas que pudessem levar os telespectadores à reflexão e a participarem, de alguma forma, das grandes discussões e debates sobre os problemas brasileiros.
Foi pensando assim que a TV Gazeta produziu programas como “Confronto”, apresentado pelo jornalista Humberto Mesquita, que vinha de importantes trabalhos no rádio e havia sido chefe de reportagem anteriormente do jornalístico “Titulares da Notícia”, na TV Bandeirantes. O programa se propunha a debater os últimos acontecimentos nacionais, sempre com entrevistados no estúdio da emissora e ia ao ar todas as sextas-feiras a partir das 23h.
Fausto Canova veio do rádio para comandar o "Opção" |
Um pouco mais cedo, no horário das 21h, em todos os domingos, a mesma TV Gazeta também produziu no início dos anos 70, o programa “Opção”, uma espécie de colagem que misturava entrevistas com notícias da atualidade e reportagens especiais e tinha na sua apresentação outro nome importante do rádio, o jornalista Fausto Canova, e que serviu também para revelar um jovem inquieto repórter chamado Goulart de Andrade.
Nidia Licia criou e apresentou o Presença na TV Cultura |
Na TV Cultura, três programas marcaram também essa época. O primeiro foi “Presença”, uma criação da atriz, diretora, produtora e apresentadora Nídia Lícia, que ia ao ar todas as segundas-feiras no horário das 20h30. Era um programa de entrevistas, no estilo dos talk shows atuais, com Nídia funcionando como uma espécie da Marilia Gabriela dos dias de hoje.
As outras atrações eram “Homens de Imprensa”, apresentado por Júlio Lerner e que promovia o questionamento jornalístico da profissão e dos caminhos da imprensa e dos cidadãos no Brasil; e “De Conversa em Conversa”, também com Lerner, mas dessa vez ao lado de Maria Lúcia Vidigal, vencedor duas vezes do prêmio de melhor programa de entrevistas da televisão.
Júlio Lerner falava do jornalismo em "Homens de Imprensa" |
Não podemos esquecer também do grande “Pinga Fogo”, precursor de todos essas outras atrações, e que fechava a programação noturna das terças-feiras da TV Tupi. Surgido na segunda metade da década de 50, o programa se estendeu por toda a década de 70 e foi um marco na televisão brasileira, com a participação de nomes importantes do jornalismo como Almir Guimarães, Saulo Gomes, Vicente Leporace e Reali Junior, entre outros.
Saulo Gomes estava no mais famoso fim de noite: o "Pinga Fogo" na TV Tupi |
Na próxima semana: A primeira novela inteiramente colorida.