Colunistas - Rodolfo Bonventti

O autor que revolucionou nossos palcos

5 de Janeiro de 2015

Nelson Falcão Rodrigues nasceu na capital pernambucana e, com quatro anos de idade, veio com a família para o Rio de Janeiro, para ali se transformar no mais influente e encenado dramaturgo brasileiro. Sua infância foi toda passada na Zona Norte carioca.

O dramaturgo começou como repórter policial nos anos 30

 

Sempre foi uma criança e um jovem muito retraído e um leitor compulsivo de romances. Ele começou a carreira como repórter policial no jornal “A Manhã”, no Rio de Janeiro, e essa experiência foi decisiva para criar personagens e situações que fizeram parte de várias crônicas, contos, romances e peças teatrais que escreveu.

Foi ao mudar com a família para o bairro de Copacabana, em plena orla carioca, que Nelson Rodrigues começou a escrever compulsivamente. Nos primeiros anos se destacou por suas crônicas esportivas no “Jornal dos Sports”, onde se revelou um fã ardoroso do time de futebol do Fluminense.

Uma tragédia marcaria a vida de Nelson no início de 1930: a morte do irmão Roberto, assassinado por uma mulher que se sentiu ofendida por uma matéria que os dois escreveram para o jornal “A Crítica”, e que falava sobre o escândalo da separação dela do marido.

Cartaz do filme "Perdoa-me por me Traires" com Vera Fisher

 

Em 1931 passou a escrever para o jornal “O Globo” de onde só saiu muitos anos depois, em 1946. E foi justamente na década de 40 que o dramaturgo Nelson Rodrigues começou a substituir o jornalista. A primeira peça foi “A Mulher Sem Pecado”, dirigida pelo ator e diretor Rodolfo Mayer, mas ela não provocou nenhum impacto.

Mas foi na sua segunda peça, “Vestido de Noiva”, que teve uma montagem audaciosa e inovadora de Ziembinski, que Nelson começou a marcar definitivamente o seu nome nos palcos nacionais. O espetáculo revolucionou a forma de se produzir e apresentar peças teatrais, e Nelson criou uma linguagem totalmente nova para o moderno teatro brasileiro, com muitas gírias e expressões usadas até então somente pela população mais pobre ou boêmia.

O primeiro romance ou folhetim veio em 1944, quando usando o pseudônimo de Suzana Flag escreveu “Meu Destino é Pecar”. Um grande sucesso nas páginas de “O Jornal”. E, a partir daí, vieram uma peça atrás da outra como “Anjo Negro”; “Álbum de Família”; “Dorotéia”; “Senhora dos Afogados”; “Valsa nº 6”; “A Falecida”; “Perdoa-me por me Traíres” e “Viúva, Porém Honesta”, entre muitas outras.

Também escreveu por alguns anos no jornal “Última Hora” onde criou uma série de crônicas que levaram o nome de “A Vida Como Ela É”. Consagrado como jornalista e teatrólogo, Nelson Rodrigues enfrenta problemas de saúde e particulares na década de 70, onde chega a se separar da esposa Elza após 30 anos de casado; a ter que conviver com o filho Nelson Rodrigues Filho na clandestinidade e com sérios problemas gastroenteorológicos.

"Meu Destino é Pecar" 

 

Considerado um autor realista e com forte conteúdo erótico em toda a sua obra, Nelson deixou frases que o definiam muito bem, como “Todo tímido é candidato a um crime sexual” ou “Não vou para o inferno, mas não tenho asas”.

Nelson é o autor mais encenado nos palcos nacionais, há sempre pelo menos um espetáculo seu a cada temporada teatral, nas grandes capitais, sendo apresentado e sempre com sucesso de público. Também a televisão e o cinema estão sempre bebendo na fonte da obra do autor com obras como “Os Sete Gatinhos”; “Boca de Ouro”; “Bonitinha, Mas Ordinária”; “Toda Nudez Será Castigada”; “A Dama do Lotação” ou “Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores”. 

Ele nos deixou em 21 de dezembro de 1980, uma bela manhã de domingo, aos 68 anos de idade, vitimado por complicações cardíacas.

 

"Meu Destino é Pecar"

 
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