Colunistas - Rodolfo Bonventti

O criador do jornal Última Hora

4 de Dezembro de 2014

Filho de imigrantes judeus, Samuel Wainer nasceu na Moldávia, na época uma pequena região entre a Romênia e a União Soviética, e veio para o Brasil com apenas dois anos, antes que estourasse a Primeira Guerra Mundial.

Samuel Wainer Capa do livro Minha Razao de Viver
 

O jornalista foi um dos nomes mais importantes da imprensa nacional nas décadas de 40 e 50 e teve um papel destacado no segundo governo de Getúlio Vargas, a partir de 1950. Antes disso, Samuel Wainer já escrevera seu nome na história do jornalismo brasileiro ao ser o único repórter sul-americano a estar presente no julgamento dos generais comandados por Adolf Hitler, em 1945, na Alemanha.

Ele trabalhava nos Diários Associados com Assis Chateaubriand quando, em 1950, conseguiu uma entrevista exclusiva com Getulio Vargas, durante a campanha eleitoral dele e assim construiu uma amizade que duraria até o suicídio do ditador em 1954. Getulio costumava chamá-lo de “o profeta”.

Samuel Wainer criou vários órgãos da imprensa nacional, entre eles o jornal “Última Hora”, que sempre assumiu uma posição pró-Getúlio, e do qual foi editor-chefe e diretor, fazendo com que ele se transformasse em um dos veículos mais importantes da mídia brasileira de todos os tempos.

O “Última Hora” se transformou em um jornal popular e foi o responsável por criar novidades como a seção de cartas dos leitores; a implementação de uma editoria de cidades só para tratar dos problemas da cidade do Rio de Janeiro, e por compor um grupo de articulistas de peso, entre os quais se incluíam Nelson Rodrigues, Paulo Francis, Stanislaw Ponte Preta e Chacrinha, entre vários outros.

 

Samuel Wainer com Getulio Vargas em 1952
 

Wainer também foi muito perseguido por todos aqueles que eram anti-getulistas, entre eles Carlos Lacerda, que faziam campanhas para denegrir a sua imagem e a do jornal que ele dirigia. Samuel chegou a ser acusado durante muitos anos de falsidade ideológica, porque sempre negou que tivesse nascido fora do Brasil, na época uma condição para poder ser dono de um jornal.

Ele também se transformou em um nome muito presente nas rodas sociais do Rio de Janeiro, na década de 1950, quando se casou com a modelo e jornalista Danuza Leão, com quem teve a filha Pinky Wainer, que depois da morte do pai publicou a sua biografia, intitulada “Minha Razão de Viver”.

Samuel Wainer foi também perseguido pela ditadura militar e teve seus bens indisponibilizados. Teve que se refugiar na França e, em 1972, vendeu sua participação no jornal “Última Hora”. Voltou para o Brasil definitivamente em 1975, onde passou a morar em São Paulo e a escrever para o jornal “Folha de S.Paulo”, bem como fazer parte de seu conselho editorial. Ele faleceu em 1980, aos 69 anos, na capital paulista.  

Samuel Wainer foi exilado para a Franca
 
Samuel Wainer e Danuza Leao na década de 60 quando eram casados
 

 

Samuel Wainer no jornal Última Hora
 
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