Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memoria: Paschoal Carlos Magno

3 de Novembro de 2014

Paschoal Magno em 1940 quando estava em Londres

 

Paschoal Carlos Magno foi um carioca que se formou pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, em 1929, e se tornou diplomata a partir de 1933, quando serviu em Manchester, Liverpool e Londres. Entre suas funções consulares ele se dedicava ao teatro, sua grande paixão.

Em 1929, aos 23 anos, esse ator, autor, crítico e diretor de teatro, fundou a Casa do Estudante Brasileiro, e nove anos depois, o Teatro do Estudante do Brasil, o TEB. Também atuou como ator em montagens do Teatro de Brinquedo e da Companhia de Jaime Costa, e foi nessa companhia que estreou como diretor.

Paschoal Magno em 1940 quando estava em Londres

 

O responsável pela formação teatral de importantes atores e atrizes nas décadas de 30, 40 e 50, entre eles o grande Sérgio Cardoso, revelado na montagem do TEB, “Hamlet”, de William Shakespeare. Em 1949, por exemplo, ele lançou no Rio de Janeiro um Festival Shakespeare que apresentou vários clássicos dos palcos escritor pelo célebre autor inglês.

Foi Paschoal Carlos Magno também o criador do Teatro Duse, em 1952, um espaço em Santa Tereza, no Rio de Janeiro, que possuía apenas 100 lugares, mas trabalhava com ingresso gratuito e montou muitas peças de sucesso, tanto de autores nacionais como estrangeiros.

Paschoal ao lado do ônibus que levava a Caravana da Cultura

 

No governo do presidente Juscelino Kubitschek, Paschoal foi reconhecido pelo seu trabalho árduo nos palcos brasileiros e foi nomeado como responsável pelo setor cultural e universitário da Presidência da República. Posteriormente, em 1962, ele se tornou Secretário Geral do Conselho Nacional de Cultura.

Ele criou a Caravana da Cultura, no início da década de 60, que consistia em um grupo de mais de 200 jovens artistas que percorreram cinco estados, a partir do Rio de Janeiro e rumo ao Nordeste, com espetáculos de teatro, dança e música e exposições de artes plásticas.

Na década de 70 na Aldeia do Arcozelo, no Rio de Janeiro

 

Paschoal se afasta dos palcos como o Golpe Militar de 1964 e perde inclusive sua condição de diplomata. A partir daí passa a se dedicar a um sonho: a construção da Aldeia de Arcozelo, no interior do Rio de Janeiro, que pretendia ser um centro de treinamento e de repouso para artistas e intelectuais. O projeto acabou não vingando por falta de recursos financeiros e ele morreu, aos 74 anos, em 1980, deixando um legado de luta e inovação na vida teatral brasileira.

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