Nesse ano de 2014 que marca os 15 anos da morte do autor Plínio Marcos e 50 anos do início da Ditadura Militar no Brasil a Companhia Triptal, dirigida pelo ator e diretor André Garolli, remonta “Abajur Lilás” um dos mais consagrados textos de Plínio Marcos. A montagem reestreia no dia 08 de outubro no Viga Espaço Cênico com os atores Fernanda Viacava, Isadora Ferrite, Josemir Kowalick, Daniel Morozeti e Carol Marques.
A história acontece em um prostíbulo em que vítimas do autoritarismo do cafetão Giro, as prostitutas Dilma, Célia e Leninha, na sua insubmissão, encarnam diferentes forças atuantes dentro de uma sociedade fictícia. Um ambiente onde os jogos de poder e os conflitos de interesses podem reduzir o valor da vida a menos que um abajur lilás.
Dando continuidade aos temas abordados nos projetos Homens ao Mar (Rumo a Cardiff, Zona de Guerra, Longa Viagem de Volta pra Casa, Luar sob o Caribe) e Homens à Margem (O Macaco Peludo e Dois Perdidos numa Noite Suja); Abajur Lilás, dentro do projeto Homens à Deriva (As Moças e Histórias dos Porões), retoma tanto o problema social quanto o existencial numa dimensão histórica dos dramas enfrentados pelos trabalhadores na sociedade capitalista. Em cena: a luta pela sobrevivência, a solidão nas grandes metrópoles, o trabalho precarizado, o subemprego, a situação de abandono, o individualismo e o narcisismo dos próprios operários, a circularidade entre o "bem" e "mal", a exposição dos preconceitos sociais, a busca pelo "caminho fácil" do crime, a prostituição, o desânimo, a crueldade, a violência. Há no conflito entre as personagens uma afirmação crítica sobre a dissolução das classes, que almeja uma solução no sentido de exemplificar a justiça que será um dia o homem atingir a igualdade perante o homem.
Segundo André Garolli, “nas peças de Plínio Marcos, avultam como temas a solidão e a decadência humana, o círculo vicioso da tortura mútua e a absoluta falta de sentido nas vidas degradadas, o beco sem saída da miséria e a violência, a super exploração do trabalho humano e a morte prematura como horizonte permanente. Sobressaem, portanto, sujeitos sociais distintos, marcados pela tragédia individual e coletiva. Grande parte da sua dramaturgia foi escrita e concretizada num contexto histórico específico — o autoritarismo. A dimensão do regime ditatorial foi devastadora: prisões, torturas, cassação de direitos civis, assassinatos, censuras, traumas, ausência e aniquilamento da memória. Entretanto, o que deve ser enfatizado é que o horror da repressão foi vivido no país e é pelo exposto que sustento a ideia de que não há como analisar as obras dramáticas desse autor sem o entendimento do regime de opressão ao qual estiveram submetidos os cidadãos brasileiros”.
“Dessa forma, estudar o período da ditadura brasileira e contextualizá-lo a partir das obras de Plínio Marcos permite não apenas conhecer, mas também entender melhor o porquê de se retratar as personagens marginalizadas e os motivos pelos quais elas se fizeram centro da dramaturgia pliniana. O autor assume a responsabilidade de colocar em questionamento “o passado não dito”, fazendo de suas personagens objeto de questionamento do momento presente”, argumenta Josemir Kowalick, ator e produtor da peça.
“A questão do “poder” se converte num dos aspectos centrais da dramaturgia, fazendo com que possamos questionar a tipologia das classes sociais. A ideia de múltiplas explorações permite pensar a existência de localizações contraditórias de classe, que podem ser simultaneamente exploradas por um mecanismo e por outros. Neste sentido, observa-se que o exercício do poder assume facetas diferenciadas, podendo ser lido como micro-poderes que se instalam”, completa André Garolli
O PROJETO HOMENS À DERIVA:
O Projeto contempla a encenação de peças teatrais cujo tema principal é a discussão sobre o que foi e quais as consequências do golpe militar de 64 nos dias de hoje tendo como foco principal desenvolver uma análise sobre a importância das manifestações artísticas que se verifica durante a ditadura militar, e a maneira como estas se inserem no contexto histórico de sua produção, oferecendo-nos um repertório para análise desta época. Composto das seguintes peças:
As Moças, de Isabel Câmara; estreou em abril de 2014, no Teatro dos Parlapatões e cumpre temporada atualmente no Teatro Augusta.
· Abajur Lilás, de Plinio Marcos, previsão de estreia para julho de 2014.
· Histórias dos Porões, de Analy Alvarez, com previsão de estreia para outubro de 2014.
· Not About Nitghgales, de Tennessee Willians, projeto coral, com previsão de estreia para novembro de 2014.
FICHA TÉCNICA:
Autor: Plínio Marcos
Direção: André Garolli
Elenco: Fernanda Viacava, Isadora Ferrite, Josemir Kowalick, Carol Marques
Cenário: André Garolli
Figurino: Olivia Arruda Botelho
Luz: Rodrigo Alves
Caracterização: Beto França
Preparação Corporal: Tiago Antunes
Fotos: Francisco Junior
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Realização: Cia. Triptal
SERVIÇO:
LOCAL: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1323 – entre as ruas Heitor Penteado e Amália de Noronha, próximo ao metrô Sumaré), 74 lugares.
DATA: 29/10 até 27/11 (Quarta e Quinta às 21h)
INGRESSOS: R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia-entrada)
INFORMAÇÕES: 3801 1843
DURAÇÃO: 80 minutos
CLASSIFICAÇÃO: 16 anos