Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memoria: Orlando Silva

15 de Agosto de 2014
 Orlando Silva aprendeu a tocar violão bem jovem

 

Nascido Orlando Garcia da Silva, o carioca Orlando Silva foi um dos maiores cantores da história da nossa música popular. Ele nasceu no bairro de Engenho de Dentro, filho de um violonista que era muito amigo do célebre Pixinguinha.

Ele teve uma infância muito sofrida já que perdeu o pai, vitimado pela epidemia da gripe espanhola, quando tinha apenas três anos de idade. Foi trabalhar ainda muito jovem para ajudar a manter a casa e antes de se tornar um ídolo popular foi sapateiro, vendedor de tecidos e roupas e trocador de ônibus.

Vivia na casa da vizinha ouvindo no rádio os grandes cantores da época e gostava de imitar Francisco Alves, o rei da voz. Já nesse período, possuía um timbre de voz incomum e atingia as notas mais agudas nas suas imitações do rei da voz.

Orlando Silva era conhecido como o Cantor das Multidões

 

Um acidente quando adolescente, ao saltar de um bonde, deixou cicatrizes profundas e um pé parcialmente amputado. Mas a tragédia não abalou a vontade do jovem de cantar profissionalmente, e ele começou a fazer pequenas “apresentações” para os colegas de serviço. Foi assim que, com 18 para 19 anos, um amigo recomendou que ele não tivesse vergonha e procurasse uma rádio para fazer um teste.

O primeiro teste foi na Rádio Cajuti e ao ouvi-lo, o compositor Bororó ficou entusiasmado com o timbre de voz do iniciante e levou-o para se apresentar justamente para o rei da voz, Chico Alves, no mais famoso cabaré do Rio de Janeiro. O resultado foi um convite para se apresentar no programa de estreia de Francisco Alves na Rádio Guanabara.

 Seus discos pela RCA Victor eram campeões de vendagem

 

Orlando Silva impressionou a todos desde a primeira apresentação oficial pela extensão da sua voz e da sua interpretação. Em dois anos de carreira ele já disputava o título de maior intérprete do país justamente com quem lhe deu a primeira oportunidade, Chico Alves.

Em 1937 ele já era uma das maiores estrelas da RCA Victor, a mais importante gravadora dessa época. Era também uma das principais atrações da Rádio Nacional e passou a ser disputado por grandes compositores.

Orlando Silva deixou interpretações marcantes em composições como “Lábios que eu beijei”; “Juramento Falso” e “Carinhoso”, só para citar algumas e o sucesso de suas apresentações ao vivo era um fenômeno, com fãs querendo rasgar as roupas do cantor e colocando a sua vida em risco muitas vezes.

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, a programação das rádios sofreu um grande baque e a vida de Orlando Silva também. Um desastroso relacionamento amoroso levou-o a enfrentar problemas de saúde e a adquirir uma doença que atingiu os seus dentes e lhe causava muita dor. O uso de morfina e de bebidas alcóolicas acabou por prejudicar a vida e a carreira do grande intérprete.

Ele deixou uma interpretação marcante de "Carinhoso", de Pixinguinha

 

Ele passou por um período de ostracismo e retornou às rádios e aos discos no final dos anos 50. Considerado por João Gilberto como “o maior cantor brasileiro de todos os tempos”, Orlando foi aos poucos reconstruindo a sua carreira, mas não teve mais tanta repercussão como a conseguida nos anos 40.

Orlando Silva morreu em sua casa, em 7 de agosto de 1978, em consequência de um derrame, e seu enterro foi acompanhado por uma multidão de fãs e admiradores.

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