Uma turma de adolescentes sempre se encontra na piscina onde praticam natação. Uma morte inesperada abala a relação de todos. Agora, o grupo de amigos precisa lidar com a perplexidade, entendimento e superação da perda. Texto inédito de Léo Moreira com direção dePedro Granato - que dirigiu recentemente Quanto Custa?; de Bertolt Brecht e Il Viaggio; adaptação de Marcelo Rubens Paiva para texto inédito de Federico Fellini -, a peça Submarino estreia dia 2 de agosto, sábado, às 20 horas, no Teatro Cultura Inglesa, em Pinheiros.
No elenco, Bárbara Sgarbi, Celina Vaz, Gabriel Tavares, Jonatan Justolin, Manuela Pereira, Matheus Polimeno, Pedro Monteiroe Victoria Martinez. A temporada segue até 17 de agosto, com sessões aos sábados, às 20h e domingos, às 19h.
A montagem investe na plasticidade das cenas e nos movimentos coreografados para contar uma história sensível de superação do luto e do surgimento de novos sentimentos. O local de encontro da turma tem como único cenário a piscina onde praticam natação.
A história se passa durante um ano e mostra como cada personagem lidou com a situação e como suas vidas e sentimentos foram transformados. A peça trata de questões que envolvem a morte e de como as pessoas atravessam um acontecimento trágico como a perda de uma pessoa tão jovem. Algo que deixa marcas em todos os envolvidos.
O texto revela fragmentos da vida dos personagens com grandes saltos temporais. Os atores usam seus próprios nomes para se apropriar melhor da história que estão contando e parte dos ensaios aconteceram numa piscina de verdade o que foi fundamental para definir movimentos e sensações em cena.
Para o diretor, Pedro Granato, o texto é muito provocativo. “Trata-se de um tema denso e profundo que não é normalmente associado aos adolescentes. Os diálogos são sensíveis e as marcações muito sugestivas, pois deixam espaço para criação. O fato da peça toda se passar em uma piscina é um grande desafio para a encenação, por isso também assino a luz e o cenário, pois estava intrinsicamente ligado a direção. É um espetáculo muito visual”, comenta.
Léo Moreira - autor e diretor da Cia Hiato, premiado três vezes com o Prêmio Shell de melhor autor - escreveu a peça especialmente para o Projeto Conexões, uma parceria entre o National Theatre de Londres, British Council e Cultura Inglesa com realização da Escola Superior de Artes Célia Helena.
Submarino é a primeira parceria entre Pedro Granato e Léo Moreira. O diretor comemora o resultado da união desses dois universos. “Léo é um dramaturgo generoso. Ele não define como as cenas têm que ser. Mesmo sendo diretor ele deixa muito espaço para ser completado e isso é um prazeroso desafio de inventar a peça visualmente, achar o equivalente em música, imagem e movimento para rubricas livres e poéticas”.
Cenografia e Figurino
Com estética minimalista, o cenário é uma plataforma de madeira forrado com lona de piscina. Os atores utilizam a parte superior e inferior do cenário sugerindo diferentes espaços de até 8 raias. Nas extremidades tem um trampolim e uma escada. Os figurinos seguem a mesma paleta de cores criando uma impessoalidade entre os personagens e sua fusão com o ambiente da peça. Maiôs de banho, toalhas e camisetas em tons entre o preto e azul, além de todos os elementos cênicos, remetem aos tons azulados e ao universo da natação. O único elemento vermelho é uma toalha submersa que personifica a morte de um personagem.
A iluminação propõe um jogo sinestésico ao investir em diversos tons de azul para ressaltar a piscina. Um ciclorama preenche o fundo e cada raia tem luzes independentes manipuladas pelos atores. Os cubos cobertos de azulejos de fundo de piscina reforçam a sensação de solidão e a claustrofobia que a água traz após o afogamento.
“Como na peça sugerimos mergulhos e nados, busquei imagens fortes que pudessem indicar essas ações. Criei um cenário que sugere mudanças de ângulo. Em alguns momentos, é como se você estivesse vendo a piscina de cima. Outras vezes, o cenário é um trampolim e uma raia ou até mesmo o fundo da piscina. E para transformar o cenário foi fundamental o recorte da iluminação. Por isso, utilizo luzes que os próprios atores manipulam e o ciclorama para dar a sensação de estar imerso”, explica Granato.