Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memória: Clarice Lispector

11 de Julho de 2014
Clarice com o ex-marido diplomata no exterior

 

A escritora Clarice Lispector nasceu na Ucrânia e em uma família judaica que veio para o Brasil, fugindo da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa, um ano após o nascimento dela. A família se instalou na cidade do Recife, e era por isso que quando questionada sobre sua nacionalidade, ela dizia ser pernambucana.

Clarice perdeu a mãe aos nove anos e, três anos depois, se mudou com o pai e as duas irmãs para o Rio de Janeiro. Desde muito pequena ela falava o iídiche, o idioma da mãe.

No Rio de Janeiro, Clarice fez a Escola de Direito na Universidade do Brasil, mas se desiludiu com o curso e ao invés de investir na advocacia, preferiu começar a escrever poemas. Resolveu então fazer o curso de Literatura e em 1940, publicou seu primeiro conto, “Triunfo”, que saiu na revista “Pan”.

Clarice lançou seu primeiro romance em 1944

 

Ao terminar o curso de Literatura, Clarice se casou com Maury Gurgel Valente, que trabalhava no Ministério das Relações Exteriores. E em 1944, Clarice publicou seu primeiro romance, “Perto do Coração Selvagem”, que lhe valeu o Prêmio Graça Aranha da Academia Brasileira de Letras.

Com o marido como diplomata, Clarice morou em vários países, mas sempre dizia que sentia muita falta do Brasil. Seu primeiro filho nasceu em Berna e o segundo em Washington. Pedro, o primeiro filho, teve problemas na infância e foi diagnosticado com esquizofrenia. A doença do filho e as constantes viagens do marido fizeram com que Clarice resolvesse se separar do marido em 1959. Ele ficou na Europa e ela veio com os filhos para o Rio de Janeiro.

Ela escreveu vários romances e contos 

 

Um pouco antes da separação, Clarice lançaria mais um livro de sucesso, “A Maçã no Escuro”. Instalada no Rio de Janeiro, ela começou com uma coluna “Só para mulheres”, no jornal carioca “Diário da Noite”.

Em 1975, Clarice participa do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria e apresenta seu conto “O Ovo e a Galinha”, que fez sucesso e foi traduzido para o espanhol. Alguns anos depois, o escritor Otto Lara Resende, que se tornou seu amigo, definia a obra de Clarice Lispector da seguinte forma: “não se trata de literatura, mas de bruxaria”.

 "A Hora da Estrela" foi o último livro de Clarice Lispector

 

Na década de 1960 ela escreveu seu primeiro livro de contos e o romance “A Paixão Segundo G.H.”, considerado até hoje um marco na literatura brasileira. Já na década de 1970, reconhecida como uma das mais importantes escritoras brasileiras, Clarice Lispector publicou romances importantes como “Água Viva”; “A Imitação da Rosa”; “Via Crucis do Corpo” e “A Hora da Estrela”, seu último romance.

A obra de Clarice atinge a todas as faixas de idade

 

Clarice descobriu um câncer no ovário na época do lançamento de “A Hora da Estrela” e o tumor foi detectado como muito avançado e inoperável. Ela faleceu um dia antes de completar 57 anos, mas deixou uma obra que encanta todas as gerações pela força da sua linguagem, mensagem e estrutura literária.

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