Nesse ano de 2014 que marca os 15 anos da morte do autor Plínio Marcos e 50 anos do início da Ditadura Militar no Brasil a Companhia Triptal, dirigida pelo ator e diretor André Garolli, remonta “Abajur Lilás” um dos mais consagrados textos de Plínio Marcos. Essa nova montagem que estreia no dia 09 de julho no Teatro Nair Bello tem no elenco os atores Fernanda Viacava, Isadora Ferrite, Josemir Kowalick, Daniel Morozetti e Carol Marques.
A história acontece em um prostíbulo em que vítimas do autoritarismo do cafetão Giro, as prostitutas Dilma, Célia e Leninha, na sua insubmissão, encarnam diferentes forças atuantes dentro de uma sociedade fictícia. Um ambiente onde os jogos de poder e os conflitos de interesses podem reduzir o valor da vida a menos que um abajur lilás.
Dando continuidade aos temas abordados nos projetos Homens ao Mar (Rumo a Cardiff, Zona de Guerra, Longa Viagem de Volta pra Casa, Luar sob o Caribe) e Homens à Margem (O Macaco Peludo e Dois Perdidos numa Noite Suja); Abajur Lilás, dentro do projeto Homens à Deriva (As Moças e Histórias dos Porões), retoma tanto o problema social quanto o existencial numa dimensão histórica dos dramas enfrentados pelos trabalhadores na sociedade capitalista. Em cena: a luta pela sobrevivência, a solidão nas grandes metrópoles, o trabalho precarizado, o subemprego, a situação de abandono, o individualismo e o narcisismo dos próprios operários, a circularidade entre o "bem" e "mal", a exposição dos preconceitos sociais, a busca pelo "caminho fácil" do crime, a prostituição, o desânimo, a crueldade, a violência. Há no conflito entre as personagens uma afirmação crítica sobre a dissolução das classes, que almeja uma solução no sentido de exemplificar a justiça que será um dia o homem atingir a igualdade perante o homem.
Segundo André Garolli, “nas peças de Plínio Marcos, avultam como temas a solidão e a decadência humana, o círculo vicioso da tortura mútua e a absoluta falta de sentido nas vidas degradadas, o beco sem saída da miséria e a violência, a super exploração do trabalho humano e a morte prematura como horizonte permanente. Sobressaem, portanto, sujeitos sociais distintos, marcados pela tragédia individual e coletiva. Grande parte da sua dramaturgia foi escrita e concretizada num contexto histórico específico — o autoritarismo. A dimensão do regime ditatorial foi devastadora: prisões, torturas, cassação de direitos civis, assassinatos, censuras, traumas, ausência e aniquilamento da memória. Entretanto, o que deve ser enfatizado é que o horror da repressão foi vivido no país e é pelo exposto que sustento a idéia de que não há como analisar as obras dramáticas desse autor sem o entendimento do regime de opressão ao qual estiveram submetidos os cidadãos brasileiros.”
“Dessa forma, estudar o período da ditadura brasileira e contextualizá-lo a partir das obras de Plínio Marcos permite não apenas conhecer, mas também entender melhor o porquê de se retratar as personagens marginalizadas e os motivos pelos quais elas se fizeram centro da dramaturgia pliniana. O autor assume a responsabilidade de colocar em questionamento “o passado não dito”, fazendo de suas personagens objeto de questionamento do momento presente”, argumenta Josemir Kowalick, ator e produtor da peça.
“A questão do “poder” se converte num dos aspectos centrais da dramaturgia, fazendo com que possamos questionar a tipologia das classes sociais. A idéia de múltiplas explorações permite pensar a existência de localizações contraditórias de classe, que podem ser simultaneamente exploradas por um mecanismo e por outros. Neste sentido, observa-se que o exercício do poder assume facetas diferenciadas, podendo ser lido como micro-poderes que se instalam”, completa André Garolli
O PROJETO HOMENS À DERIVA:
O Projeto contempla a encenação de peças teatrais cujo tema principal é a discussão sobre o que foi e quais as consequências do golpe militar de 64 nos dias de hoje tendo como foco principal desenvolver uma análise sobre a importância das manifestações artísticas que se verifica durante a ditadura militar, e a maneira como estas se inserem no contexto histórico de sua produção, oferecendo-nos um repertório para análise desta época. Composto das seguintes peças:
· As Moças, de Isabel Câmara; estreou em abril de 2014, no Teatro dos Parlapatões e cumpre temporada atualmente no Teatro Augusta.
· Abajur Lilás, de Plinio Marcos, previsão de estreia para julho de 2014.
· Histórias dos Porões, de Analy Alvarez, com previsão de estreia para outubro de 2014.
· Not About Nitghgales, de Tennessee Willians, projeto coral, com previsão de estreia para novembro de 2014.
FICHA TÉCNICA:
Autor: Plínio Marcos
Direção: André Garolli
Elenco: Fernanda Viacava, Isadora Ferrite, Josemir Kowalick, Daniel Morozetti e Carol Marques
Cenário: André Garolli
Figurino: Olivia Arruda Botelho
Luz: Rodrigo Alves
Caracterização: Beto França
Preparação Corporal: Tiago Antunes
Fotos: Francisco Junior
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Realização: Cia. Triptal
SERVIÇO:
LOCAL: Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca 3º piso (Rua Frei Caneca, 569 – Consolação), 200 lugares. Acesso a deficiente.
DATA: 09/07 até 14/08 (Quartas e quintas às 21h)
INGRESSOS: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada). Aceita todos os cartões.
VENDAS PELA INTERNET: www.ingresso.com
INFORMAÇÕES: 3472-2414
DURAÇÃO: 80 minutos
CLASSIFICAÇÃO: 16 anos