Ferramentas de IA e novas métricas transformam o trabalho dos assessores, que passam a atuar com mais dados, propósito e relevância editorial
![]() |
| Foto: Freepik |
A assessoria de imprensa, historicamente ligada à construção de reputação e relacionamento com a mídia, passa por uma das transformações mais profundas das últimas décadas. A chegada da inteligência artificial e a exigência por métricas mais precisas estão redefinindo o papel do assessor — que deixa de ser apenas um produtor de releases para se tornar um analista de informação, estrategista de conteúdo e curador de narrativas.
Nos últimos anos, o setor de comunicação e relações públicas incorporou tecnologias capazes de automatizar tarefas repetitivas, como clipping, monitoramento e análise de menções. No entanto, esse avanço também trouxe um novo desafio: como manter o fator humano e o olhar editorial diante de tantas ferramentas?
Segundo dados da Cision 2025 Global Comms Report, 74% dos profissionais de PR afirmam que a IA tornou seus processos mais ágeis, mas 82% reconhecem que a diferenciação ainda está na capacidade de transformar dados em histórias com contexto e emoção.
“A tecnologia é uma aliada poderosa, mas a essência do nosso trabalho continua sendo humana. É o olhar analítico, a sensibilidade e o entendimento do que é notícia que diferenciam uma comunicação automatizada de uma comunicação relevante”, afirma Michel Alexander, diretor de comunicação da Pressworks.
Além da IA, a mensuração de resultados também evoluiu. Se antes a principal métrica era o número de publicações ou o valor equivalente em mídia (AVE), hoje os indicadores se tornaram mais sofisticados: engajamento orgânico, backlinks de autoridade, tráfego gerado e impacto sobre a reputação corporativa passaram a ser prioridades.
Essa mudança aproxima o trabalho de PR das metas de marketing e branding, consolidando a assessoria de imprensa como uma função estratégica dentro das organizações.
“A mensuração agora precisa responder à pergunta ‘o que esse resultado representa para o negócio?’. A visibilidade é importante, mas o verdadeiro valor está na credibilidade conquistada e no impacto que isso gera na percepção do público”, completa Michel.
Outro fator que impulsiona a evolução do setor é a multiplicação de canais. A mídia tradicional ainda é o principal termômetro de reputação, mas redes sociais, podcasts e newsletters corporativas ganham espaço como vitrines complementares para conteúdo relevante. Isso exige assessorias cada vez mais híbridas, capazes de navegar entre o jornalismo, o digital e o branding.
No fim, a essência permanece a mesma: contar boas histórias, com ética e propósito. Em tempos de ruído informacional e algoritmos, a assessoria de imprensa reafirma seu papel como o elo humano que conecta marcas e sociedade com credibilidade e clareza.