Ator fala da temporada de sucesso, que se encerra nesse fim de semana, e da importância de contar histórias como a abordada pelo espetáculo, que faz um relato poderoso da crise migratória global
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Paulo Guidelly em Migrantes |
Créditos: Nil Caniné |
“Migrantes” encerra temporada nesse fim de semana, dia 31, no Teatro Ipanema Rubens Corrêa, Ipanema (RJ). O espetáculo, dirigido por Rodrigo França, expõe de maneira crua e impactante a realidade dos deslocamentos humanos forçados, mergulhando o público na experiência daqueles que atravessam desertos e oceanos em busca de sobrevivência. Um dos destaques do elenco é o ator Paulo Guidelly que vive o personagem Elihu, um imigrante vindo da África que para alcançar seu objetivo é influenciado a vender seus órgãos.
“Elihu é um africado nascido na Eritreia, país no nordeste da África. Ele é mais um de muitos cidadãos que vivem em países com extrema pobreza e condições de guerra. Seu maior sonho é ir à Inglaterra para trabalhar, sustentar a família e futuramente trazê-los para junto dele no novo país. Para alcançar seu objetivo, ele é influenciado a vender seus próprios órgãos que é um Capital, justificando que Deus fez dois órgãos para dar uma reserva”, conta Paulo sobre seu personagem.
Guidelly fala mais sobre a importância de fazer o espetáculo que tem texto de Matéi Visniec.
“Fazer ‘Migrantes’ foi uma experiência profundamente transformadora. A peça vai muito além da atuação: ela exige entrega emocional, pesquisa e empatia para dar voz a histórias que, muitas vezes, permanecem silenciadas. Cada cena é um mergulho em realidades que preferimos não encarar. Interpretar um personagem que chega ao extremo de doar seus próprios órgãos para tentar alcançar um sonho e buscar uma vida melhor me fez refletir sobre as fronteiras — físicas e humanas — que construímos e sobre o preço que tantas pessoas pagam para simplesmente ter uma chance de viver”, complementa.
Cada cena da produção confronta o público com um dilema moral, seja o cinismo das autoridades, a impessoalidade da burocracia ou o tráfico humano que explora o desespero de quem não tem escolha. Entre o trágico e o absurdo, “Migrantes” lança um olhar satírico e cortante sobre a hipocrisia de um mundo que prega a liberdade, mas ergue muros cada vez mais altos. Mais do que um espetáculo, é uma experiência imersiva e necessária, que nos obriga a refletir sobre o significado de fronteiras, pertencimento e humanidade.
“Contar histórias como as de ‘Migrantes’ é essencial porque nos lembra que, por trás de cada número, de cada estatística sobre refugiados, existem vidas reais: rostos, nomes, famílias, sonhos interrompidos. Em tempos marcados pela intolerância e pelo individualismo, o teatro se torna um espaço de empatia, escuta e reflexão. Dar visibilidade a essas narrativas é, acima de tudo, um ato de resistência contra o esquecimento e a indiferença que tantas vezes cercam essas pessoas”, diz o intérprete de Elihu.
Entre seus projetos futuros, Paulo integra o elenco da segunda temporada de “Rabo de Peixe”, série de sucesso portuguesa da Netflix, que chega à plataforma em outubro. A produção é inspirada num acontecimento real que ocorreu em 2001, quando um veleiro naufragou com cocaína a bordo, e tem previsão para segundo semestre de 2025. Paulo interpreta um dos braços direitos dos vilões da segunda temporada, interpretados por Paola Oliveira e Caio Blat. Além disso, está gravando o longa “Mate Todos os Lobos”, o qual protagoniza, com previsão de estreia em 2026.
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