Cultura -

Daniel Munduruku e Márcia Kambeba levam beleza, criatividade e eficiência da linguagem das ficções

11 de Julho de 2025

Escolha do livro que será tema do encontro acontece nos dias 10 e 11/7 no perfil do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro no Instagram

O consagrado escritor Daniel Munduruku e a poeta e ativista indígena Márcia Kambeba levam a beleza e criatividade da linguagem de seus escritos para o Clube de Leitura CCBB 2025. Nesse encontro, em agosto, o público conhecerá um pouco mais desses dois expoentes da literatura indígena, cujos textos refletem a pujança da sua produção, abrindo cada vez mais espaços nas prateleiras das livrarias e nos programas escolares. 

Em julho, entre os dias 10 e 11, o público escolhe, em votação aberta no perfil do CCBB Rio no Instagram (instagram.com/ccbbrj),  um livro de cada autor para o debate. De Muduruku, estão no páreo “Das coisas que aprendi” e “O Karaíba” e, de Kambeba, as opções são “Saberes da Floresta” e “Ay kakyri tama”. Os livros para votação desse encontro foram selecionados pelos próprios autores, por serem os mais significativos do trabalho desenvolvido por ambos. 
O Clube de Leitura CCBB 2025 conta com o patrocínio do Banco do Brasil.

“Ao reunir  Daniel Munduruku e Márcia Kambeba, o Clube de Leitura reafirma seu compromisso de levar a seus leitores autores que desconstroem os estereótipos sobre os povos originários. Ambos lutam por uma pedagogia que valorize a ancestralidade indígena e respeite suas tradições” afirma a mediadora e curadora do Clube, Suzana Vargas..

Para ela, a literatura escrita há mais de 30 anos por Daniel Munduruku é inaugural. “De produção abundante, sem nunca perder em qualidade, Daniel afirma-se no cenário nacional como o principal expoente dessas ficções que têm nas tradições indígenas seus mitos, suas lendas e seu cotidiano a mola propulsora de um trabalho premiadíssimo, já traduzido em diversos idiomas e dirigido para todas as faixas etárias”, reforça Suzana, para quem a presença de Márcia Kambeba embala os olhos e ouvidos do público com sua poesia que cumpre a função social de comunicar a existência e o modo de ser indígena através de imagens fortemente líricas,  tocantes, de contornos épicos.

“Oriunda da etnia Kambeba / tikuna, Márcia, discute a importância da cultura dos povos indígenas numa luta descolonizadora. Com sua poesia crítico-reflexiva ela nos convida a pensar o lugar atual dos nossos povos originários, seus direitos e suas leis”, reflete..

Quem passar pelo CCBB Rio neste encontro vai se deparar com uma literatura galgada nas vivências cotidianas, heranças linguísticas e com o “modus operandi “ indígenas e suas diferenças. 

A importância desse tema tem a ver com a conscientização do público para uma literatura ainda pouco percebida, pouco publicada e conhecida, trazendo à luz a produção artística de nossos povos originários como forma de compreender melhor o país onde moramos e de onde necessariamente descendemos.

A curadoria espera o mesmo público atento que tem acompanhado os encontros e que está interessado nas transformações e expansão daquilo que se chama de literatura brasileira. “Não existe uma literatura no Brasil, mas várias”,  sublinha Suzana. 

O encontro com Daniel Munduruku e Márcia Kambeba acontece em 13 6 de agosto, a partir das 17h30, na Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h da manhã do dia do evento.
 
*Clube de Leitura CCBB completa quatro anos, reforça a interface entre as artes por meio de palavras e se firma como evento internacional de leitura

Com mediação de Suzana Vargas, também curadora do evento, e do poeta Ramon Nunes Mello, a edição de 2025 do Clube de Leitura CCBB pretende trabalhar as relações da literatura com as outras artes: música, teatro, cinema. O objetivo, segundo Suzana, é levar o público leitor a perceber como a palavra rege quaisquer manifestações artísticas.

“Clássicos da literatura, autores contemporâneos, dramaturgos, escritores que expressam parte da alma brasileira, poetas do cotidiano estão programados para essa nova temporada.

Com ela pensamos atingir um público mais amplo, diverso, bem como fazer com que os livros sejam compreendidos mais além de suas fronteiras escritas”, antecipa a curadora.

O Clube de Leitura CCBB conta com o patrocínio do Banco do Brasil para trazer  mais uma vez ao país outros escritores internacionais, como já fez com Mia Couto , José Eduardo Agualusa, Leonardo Padura, Pepetela e muitos, e como mais uma forma de contribuir para a visibilidade da leitura como importante veículo de conhecimento e cidadania.

“A Biblioteca Banco do Brasil, instalada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro hoje disponibiliza mais de 250 mil títulos ao público frequentador, gratuitamente, e é uma das bibliotecas com maior extensão de funcionamento diário – das 9h às 20h, incluindo sábados, domingos e feriados. Em 2024, foram mais de 126 mil leitores atendidos. A iniciativa do Clube de Leitura CCBB, criado em 2022, tem se mostrado cada vez mais relevante para aproximar o público frequentador do CCBB das artes literárias, popularizando o tema, o tornando acessível e contribuindo para a reflexão sobre a importância da leitura no mundo contemporâneo”, afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro.

Os vídeos dos encontros ficarão disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2025  e os encontros presenciais são realizados na segunda quarta-feira de cada  mês. Entre os próximos autores confirmados estão  Daniel Munduruku e Scholastique Mukasonga.
O Clube de Leitura CCBB faz parte do calendário oficial do ano do Rio Capital Mundial do Livro.

Sobre os livros:

Munduruku:

Das coisas que aprendi

Em “Das coisas que aprendi: ensaios poéticos sobre o bem-viver” Daniel Munduruku reúne reflexões que acumulou ao longo de sua jornada como pensador, escritor, filósofo, indígena e contador de histórias. As reflexões filosóficas de Alcione Pauli, que acompanham o volume, colocam em perspectiva as obras de Daniel Munduruku, situando sua importância para a literatura indígena, contextualizando os possíveis e diversos ensinamentos que o autor semeia em sua trajetória.

O Karaíba: uma história do pré-Brasil

As palavras do sábio Karaíba trouxeram espanto aos olhos dos homens e das mulheres que as escutavam. Essa era uma profecia que traria impacto profundo a suas existências, e os faria repensar sobre o modo de vida que tinham levado até aquele momento.
Antes da chegada dos colonizadores europeus, os habitantes do Brasil eram organizados, tinham sua vida estruturada e tiravam proveito da exuberante natureza que os cercava. Nessa narrativa cheia de aventura, poderemos imaginar um pouco sobre quais eram seus amores, seus dramas e suas ansiedades em relação ao futuro.
A edição mais recente de “O Karaíba: uma história do pré-Brasil” apresenta um cuidadoso projeto gráfico, que valoriza as belíssimas ilustrações de Maurício Negro.

De Márcia Wayna Kambeba

Saberes da Floresta 

Saberes da Floresta é o segundo título da Coleção Insurgências, que nasce com o objetivo de partilhar e fazer girar reflexões e práticas comprometidas com formas diversas de pensar o mundo, as relações, os modos de aprender e de ensinar. Neste livro, a produção poética da educadora e pesquisadora Márcia Wayna Kambeba, indígena Omágua/Kambeba, se apresenta como um fio que abre caminhos, promove aproximações entre saberes diversos, amplia possibilidades de visões de mundo e incita novas formas de ensino e aprendizado.

O livro é todo ilustrado a partir de grafismos criados pela própria autora, e desenhos de seu filho Carlos Augusto Kambeba.

Ay kakyri tama: Eu moro na cidade

O livro reúne poemas intercalados com fotografias majoritariamente de crianças indígenas em seus ambientes lúdicos, domésticos e rotineiros. Tal recurso é um elemento complementário às temáticas existentes nas poesias compostas por rimas diversas, que marcam uma musicalidade semelhante aos rituais e às marcações feitas com os pés, durante, por exemplo, as danças sagradas e as comemorações pertencentes aos povos originários.

A obra de Márcia Wayna Kambeba vai além de um livro de poemas. Ele é um rico e vasto material para que problematizemos, de imediato, duas datas comemorativas: o 19 e 22 de abril. Tal exercício, associado aos textos, é provocativo e nos faz refletir sobre palavras há séculos naturalizadas e banalizadas: conquista, descoberta, progresso. Logo, é preciso refletir sobre esses termos a fim de ressignificá-los: invasão, violência, estupro, sequestro, morte. Quem é bárbaro e quem é civilizado?  

Sobre os convidados 

Daniel Munduruku é um escritor e professor paraense, pertencente ao povo indígena, autor de 56 livros publicados por diversas editoras no Brasil e no exterior, a maioria classificados como literatura infantojuvenil e paradidáticos. É graduado em Filosofia e tem licenciatura em História e Psicologia. Tem mestrado e doutorado em Educação pela USP – Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.

Já recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua obra literária: Prêmio Jabuti CBL - Câmara Brasileira Do Livro (2004 e 2017); Prêmio da Academia Brasileira de Letras (2010) - ABL; Prêmio Érico Vanucci Mendes - CNPq; Prêmio para a Promoção da Tolerância e da Não Violência - UNESCO, Prêmio da Fundação Bunge pelo conjunto de sua obra e atuação cultural, em 2018. Em 2021 foi condecorado pela OAB/SP como personalidade literária, entre outros. 

Muitos de seus livros receberam selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ. Ativista engajado no Movimento Indígena Brasileiro, reside em Lorena, interior de São Paulo, desde 1987. Cidade onde é Diretor-Presidente do Instituto Uka e do selo Uka Editorial. Também é membro-fundador da Academia de Letras de Lorena. Foi cofundador da primeira livraria online especializada em livros de autores indígenas e promove, há 18 anos, o Encontro de Escritores e Artistas Indígenas no Rio de Janeiro em parceria com a FNLIJ. Em 2021 concorreu à Cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras.

Márcia Kambeba nasceu na aldeia indígena Belém do Solimões no AM, aos nove anos saiu da aldeia e  foi para a cidade de São Paulo de Olivença. 

Fez  Geografia pela Universidade Estadual do Amazonas, especialização em Educação Ambiental pela Faculdade Salesiana Dom Bosco e mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas. Atualmente reside no Estado do PA desde 2011 e  fez doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Pará.
Márcia Wayna Kambeba é escritora, poeta, fotógrafa, locutora, compositora, ativista, educadora, atriz, roteirista, apresentadora, cantora, faz recitais, contadora de histórias, palestrante de assuntos indígenas e ambientais no Brasil e exterior. 

Como ativista luta usando a memória, as narrativas orais e a arte em prol das questões ambientais e indígenas envolvendo povos de aldeia e cidade de modo particular o empoderamento da mulher indígena na Amazônia e em outras regiões do Brasil. Com a causa indígena fala sobre educação indígena, a luta da mulher no século 21, a memória e o valor das narrativas orais, identidade e cultura. Como pesquisa de doutorado pretende com as narrativas orais interligar territórios do povo Kambeba na Pan Amazônia por meio dos saberes, fortalecendo principalmente nas crianças e jovens a certeza de ser continuidade.  

Tem 11 livros publicados. Como compositora suas músicas falam da questão indígena, ambiental e Amazônica. Compõe e canta em tupi língua materna de seu povo e em português. Como fotógrafa faz exposições foto etnográficas pelo Brasil. Como atriz participou da minissérie Diário da Floresta na personagem da Soapor retratando o povo Suruí Paiter. 
Márcia Kambeba também é roteirista e membro da Academia Formiguene de Letras em Formiga MG. Em  2021 entrou para a Academia Internacional de Literatura Brasileira nos EUA. Em 2022 ganhou mais uma comenda por trabalhos desenvolvidos em prol dos direitos humanos pela Câmara dos Vereadores de Belém projeto da vereadora hoje deputada Lívia Duarte. 
Tem participação em várias antologias com poemas que retraram os povos originários e a questão da Amazônia e atuação ativista na cultura, na questão ambiental e na educação.  
Márcia Kambeba  busca com seu trabalho apresentar uma forma de se pensar a ancestrtalidade indígena como ponte entre os mundos da aldeia e da cidade entendendo que a interculturalidade é possível.
Tem suas poesias estudadas em várias Universidade pelo Brasil e exterior como a L’Université du Québec à Montréal (UQAM), a Universidade de Sorbone, a Kingston Universit entre outras.
Em 2022 foi a pesquisadora/escritora convidada a falar sobre a Nobel de literatura entregue a Anie Ernaux escritora francesa de 80 anos com 20 livros publicados. Esse convite veio da embaixada da Suécia para debater o fomento a pesquisa e inovação no Brasil. 

Sobre o Clube de Leitura CCBB

Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e do poeta Ramon Nunes Mello e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. 

A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. Em 2024, 2515 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Marilene Felinto, Eliana Alves Cruz, Viviane Mosé, Eliane Potiguara, Eliane Brum, Anapuaká Tupinambé, Lilian Schwarcz, Beatriz Resende, Luiz Fernando Soares, Nadia Batella Gontlib, Melina Dalboni, Tom Grito, Rita Von Hunty e Ramon Mello, Luiz Eduardo Soares, MV BillLeonardo Padura, Rodrigo Labriola, Pepetela, Carmen Tindó, Jeferson Tenório e Itamar Vieira Jr., Frei Betto e Magali Cunha.

A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 250 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.

Sobre os mediadores

Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal “Escrever para Lembrar” no portal Publishnews - 2021. Há 29 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.

Ramon Nunes Mello  é poeta, escritor e ativista dos direitos humanos. Autor dos livros Vinis mofados, Poemas tirados de notícias de jornal, Há um mar no fundo de cada sonho e A menina que queria ser árvore. Organizou Tente entender o que tente dizer: poesia + hiv / aids (2018), Ney Matogrosso, Vira-Lata de Raça – memórias (2018) e Escolhas, autobiografia intelectual de Heloisa Buarque de Hollanda. Poeta convidado do Rio Occupation London no Battersea Arts Centre (Londres, 2012) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2016).

SOBRE O CCBB RJ 

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.  

SERVIÇO:

Clube de Leitura CCBB 2025 – Carla Madeira

Votação no Instagram @ccbbrj – 10 e 11 de julho

Encontro presencial – 13 de agosto de 2025

Às 17h30

Evento Gratuito

Classificação indicativa: Livre

Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.

Centro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.

Biblioteca Banco do Brasil – 5º andar

Contato: 21 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

Mais informações em bb.com.br/cultura 

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