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Psicóloga Dra. Joana Sakai revela os principais desafios emocionais dos adolescentes na atualidade

23 de Junho de 2025

Profissional aponta a importância do diálogo entre pais e filhos na adolescência.

Foto: Divulgação

A rotina frenética, as telas, as mudanças hormonais e as próprias pressões sociais, tendem a resultar num impacto bastante significativo na vida do adolescente, afetando seu psiquismo. Com isso, assinala-se a prevalência de diversos desafios emocionais a serem enfrentados pelos jovens ao lado de seus responsáveis.

Conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), passa dos 10% as pessoas entre 10 e 19 anos em todo o planeta, que sofrem com algum tipo de transtorno mental. Ou seja, na atualidade, os adolescentes enfrentam diversos desafios emocionais. “Temos como exemplo a pressão por excelência acadêmica, pelo sucesso e produtividade, o que resulta num peso absoluto para o adolescente”, revela a psicóloga clínica e escolar Dra. Joana d’Arc Sakai, Doutora e Mestra em Psicologia pela USP, com especialização em Psicanálise de crianças e adolescentes.

Outro desafio bastante comum é o movimento de comparação, seja diante dos amigos ou mesmo com influencers protagonistas nas telas dos celulares. Cria-se, portanto, um ideal muitas vezes inalcançável de perfeição. As angústias e ansiedades pelo alcance do topo se tornam frequentes. “São as melhores notas que precisam ser obtidas, os muitos likes nas mídias sociais que sugerem uma suposta aprovação social, o número de seguidores, as expectativas dos pais e do meio social... E tem mais: diante dessa avalanche, vem a concepção natural da identidade social. Formam-se, então, diversas perguntas internas, dentre elas: quem eu sou e o que esperam de mim?”, segundo a Dra. Joana d`Arc.

“Toda essa avalanche só aumenta as exigências, gerando mais angústias e inseguranças no jovem. O temor de não pertencimento se torna mais complexo. É uma mobilização e implicação séria na sua autoestima, muito mais visível nas meninas, o que resulta em transtornos alimentares, vergonha do corpo... Essa desregulação emocional tende a se manifestar com a depressão, transtorno do sono, até a automutilação. O comportamento torna-se arredio, compulsivo, choro fácil, podendo ter dificuldade para reconhecer o próprio sofrimento psíquico”, aponta a psicóloga.

Se a adolescência é uma travessia desafiadora, também pode ser encarada como potente. E, quem faz essa ponte são os pais, os professores e responsáveis por esse convívio. Com isso, torna-se muito importante distinguir os comportamentos que fazem parte do processo de desenvolvimento normal (oscilação de humor, pressão pelo cumprimento de regras, limites, isolamentos breves...) com aqueles que sinalizam um sofrimento emocional significativo (dura por meses, intensificados de forma desproporcional...). Quando a segunda opção prevalece, a atenção deve ser redobrada: ganho ou perda de peso abruptos, queda no desempenho escolar, problemas no sono, tristeza e irritabilidade constante.

O que fazer? Além de buscar a orientação de um profissional psicólogo, é preciso escutar o adolescente sem julgamentos, mostrando-se afetivo. A adolescência é o período em que o diálogo se faz necessário. Ele é a base do vínculo. “Quando os pais escutam e conversam com seus filhos, constroem essa ponte baseada na confiança, tão importante e necessária para a segurança desse jovem. Eles passam, então, a se sentirem à vontade para expressarem suas dúvidas, medos, desejos e frustrações”, explica a psicóloga.

O diálogo é ainda fator de proteção às drogas, pornografia, cyberbullying. Diante disso, antes que o sofrimento maior se instale, esse jovem estará preparado para buscar a ajuda necessária. Portanto, utilize-se da conversa para maior aproximação, convidando o jovem a assistir um filme juntos, perguntando como foi o dia na escola, dentre outras ações. Evite condutas afastadoras, como menções do tipo “Isso é coisa da sua cabeça”. Caso o adolescente não queira conversa imediata, deixe claro que estás à disposição para um diálogo futuro. E evite momentos de conversa quando o adolescente estiver irritado ou arredio. É possível conversar durante o trajeto no carro ou nas refeições.

Vale lembrar que a internet hoje, tem um impacto profundo na vida das pessoas, principalmente na rotina emocional do adolescente. Por isso, a importância da educação digital consciente. Se no aspecto positivo a internet amplia o acesso à informação, o uso excessivo e sem mediação tem se mostrado prejudicial. Isso afeta a autoconfiança, contribuindo para o aspecto da ansiedade, por exemplo. O papel dos pais é fazer com que os filhos tenham parâmetros para se entender no ambiente digital, educando-o para uma atmosfera crítica, distinguindo principalmente o que é real do que é manipulável e ainda, estabelecendo limites como o de horário no uso das redes e estimulando momentos off-line.

Quando houver tristeza constante, apatia, agressividade fora do habitual, crises de choros, perdas do interesse por atividades antes estimulantes, dentre outras situações rotineiras, chega-se ao momento de procurar ajuda profissional. “Não julgue o adolescente. Evite dizer aquelas frases lineares e corriqueiras, como ‘você só quer chamar a atenção’. Troque isso por ‘tenho notado que você não anda legal. Podemos conversar sobre isso’ ou ‘não precisa enfrentar tudo isso sozinho’. Diga-lhe que quando fez terapia, gostava dos momentos junto ao psicólogo, que se conheceu melhor a partir do processo, que as sessões traziam esclarecimentos importantes etc. Caso haja uma recusa total e o sofrimento persista, procure para você, enquanto responsável, ajuda profissional para ser orientado. Essa ação não dependerá do adolescente. Um psicólogo pode ajudar a criar pontes, mesmo com adolescentes resistentes”, finaliza a Dra. Joana d’Arc.

A profissional atua em consultório particular a atendimentos clínicos, orientação parental, assessoria educacional e supervisão clínica a psicólogos. É palestrante em temas ligados à Psicologia, Educação e Desenvolvimento da Mulher, com forte atuação no meio corporativo. Também ministra cursos in company, como o reconhecido Projeto Escola de Pais.

Contatos: @sakaipsicologia /(11)  99978.0565

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