Cultura - Teatro

Eric Lenate dirige 'Veneno', texto de Lot Vekemans

11 de Abril de 2025

Inédita no Brasil, Veneno, da premiada dramaturga holandesa Lot Vekemans, estreia no Teatro Estúdio no dia 28 de abril

Créditos: Leekyung Kim 

Montada em 30 países, a premiada peça Veneno (GIF, em holandês), da dramaturga, escritora e roteirista holandesa Lot Vekemans, acaba de ganhar uma versão inédita dirigida por Eric Lenate e protagonizada por Cléo De Páris e Alexandre Galindo. O espetáculo tem sua temporada de estreia no Teatro Estúdio, de  28 de abril a 28 de maio, com sessões de segunda a quarta, às 20h30.

Considerada uma das autoras mais consagradas da Holanda, Lot Vekemans escreve para o teatro desde 1995 e já recebeu diversos reconhecimentos por seus trabalhos, como os Prêmios Van Der Vies por "Truckstop" (2005) e "Schwester von" (2005); Taalunie Toneelschrijftprijs por "Veneno"  (2010); e Ludwig-Mühlheim por sua dramaturgia (2016). “Veneno” também ganhou, em 2024, uma adaptação para as telonas, em um filme homônimo dirigido pela alemã Désirée Nosbusch e estrelado por Tim Roth and Trine Dyrholm.

Na trama da peça, um casal separado volta a se encontrar em um cemitério, dez anos depois da morte de seu filho. Eles receberam uma carta que anuncia que será preciso remover seu ente querido, ali enterrado, devido a uma contaminação de veneno no solo. Passado e presente se embaraçam num diálogo entre os personagens na busca pela possibilidade de ressignificar uma dor dilacerante. 

O texto questiona: “Qual o tempo para se elaborar um luto?”. É possível perceber nessa trama que essa resposta não existe, os personagens evidenciam os caminhos traçados por cada um para transpor esse abismo onde não há certo ou errado. As singularidades de cada um se escancaram nos questionamentos, confissões, nas memórias das mais ternas as mais impiedosas. A peça é sobre a reconciliação de um homem e uma mulher após a morte de seu filho.

Vekemans despeja essa tragédia universal em um cenário compacto e cristalino: dois ex-amantes choram a morte de seu filho, mas cada um o faz de uma maneira diferente. Ela sente falta dele, ele pensa nele todos os dias. Ele aceitou, ela abraçou sua dor e sente que tem todo o direito de fazê-lo.

Segundo o diretor Eric Lenate, embora a autora enfatize firmemente essas diferenças mútuas, ela toma cuidado para não tornar seus personagens muito nítidos ou diretos. “Suas emoções são expressas de forma confusa e contraditória, ambos são tão simpáticos quanto cruéis. Dessa forma, a dramaturga também descasca todas as camadas que estão abaixo da superfície do luto: desilusão, reprovação, arrependimento. Ela cria pessoas complexas de carne e osso, pelas quais você sente alternadamente compreensão e aversão, e que são, portanto, um grande desafio para os atores retratarem”, revela.

“O apelo universal de VENENO não está apenas no que Vekemans escreveu, mas também em tudo o que ela conscientemente omitiu. Assim se desenrola um estudo meticuloso sobre perda e luto, por meio de duas pessoas que, em seu luto mútuo, tentam se abraçar mais uma vez, só por um momento, acrescenta.

VENENO alterna com muita precisão grandes emoções com conversas sóbrias e relativizadoras, para que o drama nunca se torne muito pesado. Entre confissões de cortar a garganta e repreensões incisivas, os personagens também falam sobre o clima ou a qualidade do café. 

“Ao injetar conscientemente ar e humor no diálogo, ela habilmente evita o melodrama que, inevitavelmente, espreita neste tema pesado. O efeito é que os momentos emocionais só nos atingem com mais força”, explica o encenador.

Sobre Eric Lenate

Ator, diretor e cenógrafo. Em 2005, ingressou no CPT – Centro de Pesquisa Teatral do SESC. Lá participou do Núcleo de Cenografia e atuou nas seguintes montagens de Antunes Filho: “O Canto de Gregório”, de Paulo Santoro; “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna e “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues. Ainda no CPT, estreou como diretor em 2008 com “O céu 5 minutos antes da tempestade”, de Silvia Gomez, nomeado para o prêmio Qualidade Brasil de melhor espetáculo.

Em 2009, dirigiu “Celebração”, do inglês Harold Pinter, premiado no 13º Cultura Inglesa Festival como melhor espetáculo adulto. Em 2012, trabalhou como ator em “No coração do mundo”, adaptada da obra de Tony Kuschner, dirigida por Zé Henrique de Paula. Por este trabalho, Lenate foi indicado ao prêmio Aplauso Brasil 2012 de melhor ator coadjuvante e recebeu o prêmio R7 de Teatro 2012 de melhor ator. Foi diretor e cenógrafo da peça “Rabbit”, de Nina Raine, projeto da Companhia Delas de Teatro que estreou em agosto de 2012, em SP. Este trabalho recebeu duas indicações ao prêmio CPT 2012 (melhor trabalho apresentado em sala convencional e melhor direção). 

Ainda em 2012, Lenate foi indicado ao prêmio Shell na antiga categoria especial “pela força performativa de seus experimentos”. “Vestido de Noiva”, trabalho que dirigiu em 2013, rendeu a Lenate o prêmio Aplauso Brasil 2013 de melhor arquitetura cênica. Por “Sit Down Drama”, em 2014, foi indicado ao prêmio Shell de melhor direção. Dirigiu também “Mantenha fora do alcance do bebê”, de Silvia Gomez; “Fim de Partida”, de Samuel Beckett, pelo qual foi indicado ao prêmio APCA de melhor ator, em 2016; e “Refluxo”, de Ângela Ribeiro, pelo qual Lenate recebeu o prêmio Shell 2017 de melhor cenário e foi indicado na categoria melhor direção. Dirigiu “Love, Love, Love”, de Mike Bartlett, em parceria com o Grupo 3 de Teatro e, por este trabalho, Lenate foi indicado aos prêmios APTR e Shell de 2017 de melhor direção, ambos no RJ. Este trabalho foi indicado, em 2018, ao prêmio APCA de melhor espetáculo. 

Em 2019, por sua atuação no solo “Testemunho Líquido”, dirigido por Erica Montanheiro, foi indicado ao prêmio APCA de melhor ator. Em 2022, estreou “Misery”, de Stephen King, que cumpriu temporadas em SP e RJ. “Misery” e recebeu 5 indicações do Prêmio Bibi Ferreira 2022 – incluindo melhor peça, direção e cenografia – e 2 indicações ao prêmio Cenym 2022 – melhor cenário (Eric Lenate), montagem (Eric Lenate), recebendo os prêmios de melhor qualidade técnica (Aline Santini e Eric Lenate) e melhor sonoplastia ou execução de som (L. P. Daniel). Em 2023, estreou "The Money Shot", de Neil LaBute, pelo foi indicado ao Prêmio I Love Prio de Humor nas categorias melhor espetáculo e melhor direção.

Sobre Cléo De Páris

Cléo De Páris iniciou sua carreira de atriz em Porto Alegre, na Cia das Índias. Ainda no Rio Grande Sul, trabalhou em diversas produções cinematográficas, e ganhou um Kikito de melhor atriz no festival de cinema de Gramado. 

Fez parte, durante 15 anos, da Cia de Teatro Os Satyros, onde participou de importantes montagens, tendo se apresentado na Alemanha, na Suécia e em Cuba. 

É também formada em jornalismo e uma das fundadoras da SP Escola de Teatro, onde assumiu, por 16 anos, um cargo de coordenadora.

Autora e idealizadora de Desamparos, espetáculo performativo digital, que permaneceu em cartaz por nove meses durante a pandemia e lhe rendeu o Prêmio Arcanjo de Cultura, na categoria Teatro.

Faz parte do elenco do espetáculo A mulher da van, com direção de Ricardo Grasson, que cumpriu temporada no ano passado e retornará no segundo semestre de 2025. 

Destaca, em seu trabalho de atriz, as montagens de Roberto Zucco, Inocência, A vida na Praça Roosevelt, A Filosofia na Alcova, Justine, Vestido de Noiva, Édipo na Praça e Liz (que teve estreia em Havana), ambas dirigidas por Rodolfo Garcia Vásquez; e Ludwig e suas irmãs, dirigida por Eric Lenate.

Sobre Alexandre Galindo

Ator e produtor, estreou profissionalmente em 2017, conciliando as duas funções, com o espetáculo A Festa de Aniversário, de Harold Pinter. A montagem, realizada no Teatro Poeira (RJ), fatura duas indicações ao Prêmio Cesgranrio de Teatro. 

Ainda em 2017, produziu duas montagens em teatros cariocas, Animal Doméstico, que abordava questões do universo feminino, e A Viagem do Capitão Tornado, adaptação do clássico cinematográfico de 1.990. Ainda no Rio, esteve no elenco de peças como, Crave ou Ânsia, Mostra A Tua Cara, A morte e a Donzela, Fábrica de Chocolate e o grande sucesso A Tropa, que ultrapassou as 200 apresentações, realizando temporadas por todo o Brasil. 

Na TV, fez a novela Cara e Coragem e as séries Sob Pressão, Dom e Crimes.Com. Em 2022 participou da peça Misery, em São Paulo, ao lado dos atores Mel Lisboa e Marcello Airoldi. Na capital paulista, funda, em 2023, o Teatro Estúdio, complexo artístico que inaugura a sua sala de espetáculos com a montagem de Álbum de Família, do dramaturgo Nelson Rodrigues, pela qual foi eleito o Melhor Ator do ano de 2024, pelo júri do blog especializado em cultura Arte8.   

Ficha Técnica

Texto: Lot Vekemans

Tradução: Mariângela Guimarães

Direção: Eric Lenate

Elenco: Cléo De Páris e Alexandre Galindo

Figurinos: Fabiano Menna

Cenário, Som, Iluminação e Programação Visual: Eric Lenate

Direção de Produção: Alexandre Galindo

Produção Executiva: Lucas Asseituno

Assessoria de Imprensa: Helô Cintra e Douglas Picchetti (Pombo Correio)

Fotos: Leekyung Kim

Realização: Teatro Estúdio

Sinopse

Uma carta anuncia que o filho de um casal precisará ser removido do cemitério onde fora enterrado, pois há veneno naquele solo. Um encontro entre esse casal, dez anos depois, escancara as dores de um luto ainda presente. O maravilhoso diálogo entrelaça o sofrimento de duas pessoas que perderam um filho, a si mesmas e uma a outra. Além de tocante e pungente, o espetáculo proporciona que momentos cômicos brilhem até mesmo nas tragédias mais profundas.

Serviço

Veneno, de Lot Vekemans

Temporada: 28 de abril a 28 de maio, de segunda a quarta, às 20h30

Teatro Estúdio - Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos – São Paulo - SP

Ingressos: R$80 (inteira), R$40 (meia-entrada) e R$30 (ingressos populares)

Vendas online em https://bileto.sympla.com.br/event/104665

Bilheteria: aberta em dias de espetáculos, 03 horas antes do início

Telefone: (21) 99690-9699

Duração: 90 minutos

Classificação: 14 anos

Gênero: Drama

Lotação: 112 lugares

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