Premiado texto do francês Pascal Rambert tem versão brasileira protagonizada pelo casal Paula Cohen (APCA de Melhor Atriz de Televisão) e Jiddu Pinheiro. Com direção de Pedro Granato, a peça discute as relações familiares contemporâneas
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Créditos: José de Holanda |
O drama de um casal em crise é retratado no espetáculo Finlândia, que faz nova temporada de 16 de abril a 29 de maio, após temporada de sucesso no Teatro Vivo. A bem-sucedida montagem brasileira tem direção de Pedro Granato e é interpretada pelo casal Paula Cohen e Jiddu Pinheiro, que também assinam a tradução.
A peça do francês Pascal Rambert estreou em 2022 em Madri, na Espanha, e, desde então, ganhou montagens de sucesso em Paris (França), Montevidéu (Uruguai), Cidade do México (México) e Santo Domingo (República Dominicana).
Finlândia nos coloca em um quarto de hotel em Helsinque, junto com o casal de atores Paula e Jiddu, que está em processo de separação e tenta estabelecer um diálogo sobre o futuro de seu relacionamento. A peça emerge das complexidades e desafios emocionais enfrentados por esse casal em crise, que ainda precisa encontrar um consenso sobre a criação e guarda da sua filha pequena.
E, nesse duelo de linguagem entre dois mundos aparentemente inconciliáveis, um espelho reflete o momento que vivemos, uma estrutura de padrões opressivos que está por ruir, um mundo em desconstrução que aponta novos caminhos. E, por consequência, junto com a mudança vem os conflitos, as quebras e as resistências.
“Eu acho que o texto traz muito essa nova onda feminista para dentro das relações em que os pais estão mais presentes, compartilham as tarefas do lar e cuidados com os filhos e não terceirizam os cuidados. E aqui há também uma certa inversão de papéis em alguns momentos, uma desconstrução, uma visão mais crítica dessas estruturas de poder dos homens, do que é violência e do que é respeito. O texto traz muito a filha para o centro da questão”, comenta o diretor Pedro Granato.
Já para a atriz Paula Cohen, a obra explora bastante a dicotomia entre o modo como as pessoas foram criadas para reproduzir os velhos padrões de se relacionar e a tentativa de romper com essas formas antigas a partir da mudança de tempos, olhares e valores. “Acho que a peça explora essas contradições colocando em perspectiva esses questionamentos, de maneira muito humana na boca dessas personagens. Esse casal passa por muitos assuntos que estão em pauta na sociedade e, por isso, encontra ressonância em muitas casas, em muitos lares, em outros países”, comenta.
E, sobre essa impressionante atualização na forma de olhar para os relacionamentos, Jiddu Pinheiro diz: “O debate sobre opressores e oprimidos no ambiente público e privado, o embate político-ideológico nos mais diversos fóruns, as lutas por igualdade de direitos de gêneros e representatividade feminina, a forma como a estrutura patriarcal moldou e molda subjetividades de homens e mulheres são pautas de primeira ordem neste momento. O texto de Rambert traz de forma brilhante esse imaginário e esse debate nas subjacências dos dizeres desses personagens fazendo com que tudo pareça orgânico e cotidiano.
A encenação explora o aspecto claustrofóbico do quarto de hotel em que a história se passa. “Deixamos a encenação diagonal, o que diminui o espaço do quarto e permite essa relação mais cinematográfica como se o espectador visse quase que um plano contraplano. E, assim, rompe-se um pouco com aquela ação mais frontal ou da quarta parede. Temos um caminho de usar elementos de forma mais minimalista para que se sobressaiam os atores e o texto”, revela Granato.
O diretor ainda conta que, para criar essa encenação, buscou diversas inspirações no cinema, como a série “Cenas de um Casamento” (2021, HBO), e o original de Ingmar Bergman, “Closer” peça adaptada ao cinema de Patrick Marber e o filme “História de um Casamento” (2019), de Noah Baumbach.
“Esses filmes têm um olhar bem intimista sobre casais em momentos cruciais. Eles nos inspiraram a pensar em como podemos trazer as questões das relações contemporâneas e, ao mesmo tempo, dialogar com um histórico de retratos de relacionamentos. Acho que Finlândia traz um olhar muito mais aguçado e renovado do que obras clássicas sobre o tema. E era isso o que buscamos até encontrarmos o texto. Então, isso vai ser ótimo de ver no palco, porque os casais vão se envolver muito com a história”, acrescenta.
Sobre Pascal Rambert
Nasceu em Nice, França, em 1962. É autor de teatro, diretor e coreógrafo. Atualmente, é considerado um dos mais aclamados dramaturgos do continente europeu e sua obra foi traduzida para vários idiomas (inglês, russo, italiano, alemão, japonês, chinês, holandês e outros). Foi contemplado com inúmeros prêmios importantes, entre eles o Prêmio Émile Augier de Literatura y Filosofía, por sua obra "Ensayo", em 2015, e o Prêmio de Teatro da Academia Francesa, pelo conjunto de sua obra, em 2016. Recentemente estreou "Une Vie" na Comédie-Française. Além disso, dirigiu uma série de curtas-metragens, alguns deles premiados nos festivais de Pantin, Locarno e Paris. Em 2007, transformou o Théâtre de Gennevilliers «T2G» em um centro nacional de criação contemporânea. Desde janeiro de 2017 é artista residente do Théâtre des Bouffes du Nord em Paris, fundado por Peter Brook. Sua peça "Clôture de l'Amour", que estreou no Festival d'Avignon, em 2011, se tornou um sucesso mundial.
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MINISTÉRIO DA CULTURA E MOBIFÁCIL APRESENTAM: FINLÂNDIA
Com Jiddu Pinheiro e Paula Cohen
Direção: Pedro Granato
Texto: Pascal Rambert
Participação especial: Turí
Coordenação de produção: Erika Horn e Paula Cohen
Cenografia e Desenho de Luz: Marisa Bentivegna
Figurinos: Iara Wisnik
Cenotécnico: Urso Quina
Montagem e desmontagem: Diego Dac
Operação de som e vídeo: Nanda Cipola
Operação de luz: Rodrigo Damas
Fotografia: José de Holanda
Produção Executiva: Erika Horn
Assistente de produção: Alana Carvalho
Assistentes de Direção : Gabriela Lang e Joana langeani
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Tráfego online: Fábrica de Resultados
Designer gráfico: Pedro Inoue
Redes sociais: Diego Leo
Direçao audiovisual: Karina Ades
Assessoria jurídica: CSMV Advogados
Direção de fotografia: André Prata
Edição de vídeo: Pablo Pinheiro
Gestão de projeto e difusão: Dulcinéia Produções Artísticas e Horn Produções Artísticas
Realização: Dulcinéia Produções Artísticas
Apoio: Pequeno Ato
Patrocínio: Mobifacil e Vivo
Sinopse:
Finlândia nos coloca em um quarto de hotel junto com as personagens Paula e Jiddu, um casal em crise tentando estabelecer um diálogo. Numa narrativa pertinente para os tempos atuais, a peça emerge das complexidades e desafios emocionais enfrentados por um casal em crise. A mudança estrutural de papéis entre homens e mulheres dentro de uma relação nas últimas décadas, as responsabilidades de cada um na criação de uma filha e a relação com seus trabalhos colocam essa discussão de casal em compasso com temas contemporâneos urgentes.
Serviço
Finlândia, de Pascal Rambert
Temporada: 16 de abril a 29 de maio de 2025
Quartas e quintas às 20h
Teatro UOL: Av. Higienópolis, 618 - Consolação, São Paulo - SP, 01238-000
Ingressos: R$80
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 300 lugares
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida