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Marketing no futebol: designer paranaense dá dicas para quem quer começar na área

7 de Janeiro de 2025

Aos 21 anos, Victor Sell trabalha com marketing esportivo desde os 12

Se, dentro de campo, o artilheiro Juan Martin Lucero, do Fortaleza, e o zagueiro Nino, do Zenit, fazem jus às suas famas de craques com grandes atuações, fora dos gramados, suas carreiras são bem amparadas. Vaidosos, tanto Lucero como Nino investem no mesmo serviço de marketing pessoal - o da VS4 Marketing, criada em 2016 pelo designer paranaense Victor Sell, de 21 anos. Apesar da pouca idade, Sell aproveitou uma brecha para botar seu amor por futebol e design gráfico em arte para criar seu negócio.

“Desde pequeno, eu gostava de ver possibilidades de negócios em todas as áreas. Confesso que ainda sou assim. Com 12 anos, comecei a fazer artes visuais para atletas e com 14 já tinha criado o perfil da VS4 Marketing no Instagram. Quando atingi a maioridade, imediatamente abri o CNPJ. Coloco nesse negócio toda a minha dedicação e esforço para ajudar os clientes que confiam no meu trabalho e em minha equipe”, comenta.

A oportunidade de trabalhar na área surgiu graças ao pai, funcionário da Lipatin Sports, empresa de agenciamento de carreiras de atletas do ex-atleta Marcelo Lipatin. Após uma falha na entrega da empresa contratada, Sell se prontificou a resolver o problema para o grupo. Sem nunca ter mexido no Adobe Photoshop, se aventurou pela primeira vez no design gráfico lembrando apenas de aulas online que havia visto no YouTube e vendo referência de outros trabalhos de profissionais consagrados. Como resultado, o chefão ex-Grêmio aprovou o material construído de forma emergencial.

“No começo, eu ganhava um valor simbólico, mas confesso que não trabalhava pelo dinheiro. Graças a Deus, essa brincadeira ganhou proporção suficiente para ter se tornado uma referência não só no design gráfico mas sim como uma empresa de marketing esportivo, onde hoje oferecemos assessoria de imprensa e edição de vídeos para grandes atletas do futebol”, comemora.

Segundo a escola de tecnologia Alura, o número de pessoas procurando cursos relacionados à formação em design cresceu 40,7% entre 2021 e 2022. Logo após tomar o design gráfico como profissão, Sell investiu em cursos e acumulou certificados. Na saída do Ensino Médio, passou a cursar marketing na PUCPR. Com o aumento da qualificação, os clientes foram aumentando.

“Tenho um carinho gigantesco por todos os nossos clientes. Hoje, tenho a oportunidade de trabalhar com grandes nomes, atletas que disputam grandes campeonatos e que onde passam são destaques, como Nino, do Zenit, Lucero e Marinho, do Fortaleza, e Cláudio Tencati, do Criciúma”, conta.

DESIGN E VAIDADE

Se foi somente no começo dos anos 2000 que os homens passaram a realmente “se cuidar” em um senso estético, no futebol, não seria diferente. Antes das redes sociais, um atleta dificilmente teria a necessidade da contratação de mais nada além de um assessor de imprensa - quando muito.

Com o nascimento do Instagram, as artes pré-jogo - aquela que traz uma foto do jogador com as informações de onde, quando e como será o confronto do dia - foram inventadas. Era uma forma do atleta divulgar seu trabalho para a própria rede. Sell conta que essas artes eram feitas somente para o feed de Instagram ou Facebook. Mas que, com a chegada dos stories, fazia mais sentido utilizá-las no feed temporário do Instagram. Aos poucos, o Facebook parou de ser utilizado.

“Anteriormente, todos os materiais pré-jogo eram postados somente no feed. Quando os stories surgiram foi um momento onde tivemos que nos adaptar e, como esse processo de transição ainda estava acontecendo, nós preparamos um material que chamamos de híbrido. A arte era produzida no tamanho de stories porém todas as informações da arte ficavam centralizadas, assim, caso o cliente postasse no stories ela encaixaria perfeitamente, mas se ele preferisse postar no feed, nenhuma informação seria cortada. Com o tempo, os stories viraram a casa dessas artes e os feeds foram reservados para materiais mais “crus” - fotos do próprio atleta ou vídeos feitos pela agência de marketing pessoal dele, com imagens do último jogo disputado. Varia de jogador para jogador”, explica.

Engana-se quem pensa que são só as promessas do meio futebolístico, reveladas em meio ao boom das redes sociais, que querem artes elaboradas. Tem para todos os gostos e idades. Apesar disso, os mais novos continuam sendo alguns dos clientes mais exigentes.

“É nítido como os atletas mais novos percebem as artes de pré-jogo não só como um agrado, mas quase como uma necessidade. Um dos grandes diferenciais que tivemos aqui na empresa foi o uso do tratamento de pele nas imagens. O autocuidado começou a fazer parte do meio masculino, a cada ano que passa isso é mais potencializado e não teria como ser diferente no nosso meio. Por isso, preparamos todos os materiais pensando nos detalhes. Já no futebol feminino, o tratamento de pele não é algo que as atletas costumam gostar. Elas preferem uma estética mais natural e original da imagem com artes mais “cleans”, o que para muitas pessoas pode soar como algo inusitado. Por isso, com clareza consigo confirmar que a parte mais difícil do meu trabalho é entender e se adaptar ao gosto de cada cliente”, revela.

DICA PARA INICIANTES

“Investir em cursos de design ou aulas gratuitas do Youtube sempre ajuda. A grande verdade, que vivi na pele e escutei de outras pessoas na área, é que o interesse próprio é a chave do sucesso. Nessa área precisamos correr atrás e buscar a aprimoração diariamente. Uma grande dica que tenho é - tenha referências, se inspire, mas desenvolva o seu estilo próprio a partir delas, buscando sempre um diferencial para ser reconhecido. A pessoa deve bater o olho na arte e saber que ela foi feita por você”, aconselha.

COMO PROSPECTAR

“A prospecção não possui uma regra exata. Às vezes, o contato com o atleta acontece através de uma indicação, uma chamada no direct ou eles olham nossas redes sociais e nos contactam. Já com as empresas, a indicação é fundamental somada com uma prospecção ativa, de porta a porta, identificando players que poderiam se beneficiar de uma agência de marketing esportivo”, explica.

INVESTIMENTOS

“O investimento mais marcante que tive ao longo desses anos foi na minha ferramenta de trabalho, o meu notebook. Apesar de ter sido um valor alto, o que realmente estava comprando era qualidade e mobilidade de trabalhar a qualquer hora, em qualquer momento e principalmente, em qualquer lugar! Nessa área, não tem hora e nem lugar, é extremamente dinâmico. Esse “work anywhere” é um dos meus fatores favoritos no design gráfico”, pontua.

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