Terceira parte do clássico “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa faz sua estreia nacional na capital paulista e fica em cartaz em uma curtíssima temporada
O julgamento de Zé Bebelo |
Créditos: Renato Mangolin |
Estreia no dia 04 de outubro no Teatro Sérgio Cardoso o espetáculo "O Julgamento de Zé Bebelo", terceira parte da Trilogia Grande Sertão: Veredas. A peça é um recorte de um dos mais marcantes trechos do clássico "Grande Sertão: Veredas", do renomado escritor mineiro João Guimarães Rosa, protagonizada pelo ator Gilson de Barros com direção de Amir Haddad.
"O Julgamento de Zé Bebelo" transporta o público para o contexto da transição entre a República Velha e o início do governo de Getúlio Vargas, traçando um panorama detalhado do sistema jagunço e do poder dos coronéis. Zé Bebelo, um chefe jagunço rival, é derrotado na guerra e, ao invés de ser executado como de costume, exige um julgamento "correto e legal". Essa passagem, além de ilustrar um pluralismo jurídico no sertão, apresenta uma teoria da justiça única, onde Joca Ramiro, o chefe dos chefes, assume o papel de juiz, garantindo a Zé Bebelo o direito à defesa com todas as garantias de um processo civilizado.
O projeto Trilogia Grande Sertão: Veredas teve início em 2020, com a estreia do espetáculo "Riobaldo", que conquistou reconhecimento ao ser indicado ao Prêmio Shell- RJ 2022 nas categorias de Melhor Ator e Dramaturgia. Em 2022, foi a vez da segunda parte, "O Diabo na Rua, No Meio do Redemunho", estrear e dar continuidade ao projeto da obra de Guimarães Rosa. Desde então, o projeto tem percorrido diversas cidades do Brasil, além de ter se apresentado internacionalmente em Portugal e Colômbia, levando a rica cultura brasileira a plateias diversas.
“A montagem preserva a especificidade da linguagem poética de Guimarães Rosa, utilizando técnicas de interpretação narrativa que permitem uma imersão profunda na história, respeitando a riqueza linguística do autor.”, diz Gilson de Barros.
O espetáculo, realizado pelo ator Gilson de Barros e dirigido pelo consagrado Amir Haddad, traz à tona a complexidade da justiça e da moral no sertão brasileiro, com uma encenação que reflete os estudos intensivos da obra de Guimarães Rosa. "O Julgamento de Zé Bebelo" integra a trilogia que inclui ainda as peças "O Diabo Na Rua, No Meio do Redemunho" e "Riobaldo", consolidando-se como uma imersão profunda no universo roseano.
“O espaço cênico minimalista, com poucos elementos visuais e sonoros, foi concebido para não sobrecarregar a narrativa, criando um ambiente propício para que o espectador se entregue à força da história e às questões universais que permeiam a obra.”, acrescenta o diretor Amir Haddad.
Sinopse:
"O Julgamento de Zé Bebelo" retrata um dos momentos mais emblemáticos de "Grande Sertão: Veredas", onde um chefe jagunço, ao ser derrotado, exige um julgamento justo, desafiando as tradições violentas do sertão.
Guimarães Rosa pelo olhar de Amir Haddad e Gilson de Barros
Amir Haddad - @amirhaddadreal
Li as duas primeiras páginas do ‘Grande Sertão’ várias vezes até perceber que aquela ‘língua’ tinha tudo a ver comigo. O resto da narrativa devorei em segundos, segundo minhas sensações. Aprendi a ler, aprendi a língua, lendo este romance portentoso no original. Entendi! Não era uma tradução, era um livro brasileiro, escrito na ‘língua’ brasileira.
Até hoje me orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de Guimarães Rosa. E tenho certeza de que qualquer leitor estrangeiro que ler o livro traduzido jamais lerá o que eu li. Assim como jamais saberei o que lê um inglês quando lê Shakespeare. Os realmente grandes são intraduzíveis.
Gilson de Barros - @gilsondebarrosator
Há alguns anos venho estudando a obra de Guimarães Rosa, com ênfase no livro Grande Sertão: Veredas. Interpretar Riobaldo tem sido meu trabalho e minha dedicação. A cada releitura do livro, a cada temporada da peça, a cada curso que participo, vou aumentando a compreensão da obra.
O objetivo é traduzir a prosa Roseana para a linguagem do teatro. Pretensioso, eu sei. Mas, não imagino outra forma de enfrentar essa obra-prima, repleta de brasilidade. Por fim, registro a honra de estar no palco com o suporte de João Guimarães Rosa, Amir Haddad, Aurélio de Simoni e todos os colegas envolvidos nessa montagem. Evoé!
FICHA TÉCNICA:
Recorte e atuação: Gilson de Barros
Direção: Amir Haddad
Cenário e direção de arte: José Dias
Iluminação: Aurélio de Simoni
Programação visual: Pedro Azamor
Produção local e assessoria de imprensa SP: Fabio Camara
Assessoria de imprensa RJ: Júlio Luz
Fotos: Renato Mangolin
Realização: Barros Produções Artísticas Ltda.
SERVIÇO:
LOCAL: Teatro Sérgio Cardoso, Rua Barbosa 153 - Bela Vista. 143 lugares.
DATA: 04/10 até 27/10 (Sexta, sábado e domingo às 19h).
INGRESSOS: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
INFORMAÇÕES: 11 3288 0136
VENDAS PELA INTERNET: https://bileto.
DURAÇÃO: 60 minutos
CLASSIFICAÇÃO: 16 anos
CVs:
Amir Haddad (diretor)
Diretor e ator brasileiro, é co-fundador do Teatro Oficina, posteriormente rebatizado como Uzyna Uzona, onde dirigiu produções notáveis e recebeu reconhecimento pela sua habilidade na direção. Fundou grupos teatrais influentes como A Comunidade e o grupo Tá na Rua, e ao longo de sua carreira participou de diversos projetos, incluindo encenações de Shakespeare e colaborações em shows. Atualmente, Haddad continua ativo, liderando o Grupo Tá Na Rua e dirigindo ou supervisionando peças com renomados artistas.
Gilson de Barros (ator e dramaturgo)
Indicado ao Prêmio Shell 2023 nas categorias de Melhor Dramaturgia e Melhor Ator, este notável operário do teatro destaca-se por sua versatilidade como ator, gestor e dramaturgo. Com formação em Artes Cênicas pela UNIRIO, sua sólida trajetória inclui colaborações com renomados diretores como Augusto Boal, Luiz Mendonça, Mário de Oliveira e Domingos Oliveira, além de uma significativa parceria artística com Amir Haddad na Trilogia Grande Sertão: Veredas. Com mais de 25 peças em seu currículo, atuou em produções diversas, como "Bolo de Carne" de Pedro Emanuel, dirigido por Yuri Cruschevsk; "Murro em Ponta de Faca" com texto e direção de Augusto Boal; e "A Tempestade" de Shakespeare dirigido por Paulo Reis, entre outras. Seu talento foi reconhecido com prêmios destacados, incluindo Melhor Ator no Festival Inter-regional de Teatro do Rio em 1982 e o prêmio de Melhor Ator no Festival de Teatro SATED/RJ em 1980.