Inédito nos palcos paulistanos, o espetáculo “O Livro dos Prazeres” de Clarice Lispector, estrelado por Melise Maia e Caio Paduan estreia em outubro na cidade de São Paulo para uma curta temporada
Estreia no dia 02 de outubro, no Teatro Ruth Escobar, o espetáculo “O Livro dos Prazeres” de Clarice Lispector protagonizada pela atriz Melise Maia, que também assina a adaptação e pelo ator Caio Paduan. A peça tem direção de Ernesto Piccolo e direção musical e trilha sonora de Edu Lobo.
A montagem que chega à capital paulista já fez duas temporadas na cidade do Rio de Janeiro e participou do Festival Literatura em Cena em Niterói. A obra “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres” é o sexto romance da escritora Clarice Lispector, publicado em 1969. A obra começa com uma vírgula: ", estando tão ocupada, viera das compras de casa que a empregada fizera às pressas porque cada vez mais matava serviço..."
A inusitada introdução é apontada, pelo crítico Benedito Nunes, como uma indicação de que o romance deve ser lido como uma continuação das obras anteriores de Clarice Lispector, em especial de ‘A Paixão Segundo G.H.’ (1964), que por sua vez termina com dois pontos:
A história narra o início do relacionamento amoroso entre Loreley, mais conhecida como Lóri, uma professora primária, e Ulisses, um professor de filosofia. A tensão entre os dois, que têm objetivos e desejos diferentes, leva a um processo de aprendizagem e de autodescoberta.
“Nesta adaptação teatral, o início do espetáculo acontece com o processo criativo de Clarice Lispector escrevendo, em cena, um livro onde a professora primária Loreley, sai de Campos para o Rio de Janeiro, em busca de uma liberdade impossível de ser alcançada numa cidade do interior. A narrativa acompanha o processo angustiante e prazeroso característico dos amantes. Nessa jornada, Lóri segue em busca de si mesma e do prazer sem culpa. Ulisses funciona como um farol, iluminando os caminhos para que ela possa viver um grande amor”, explica a atriz e adaptadora Melise Maia.
Clarice Lispector - Nascida Chaya Pinkhasivna Lispector em Chechelnyk, no dia 10 de dezembro de 1920, faleceu no Rio de Janeiro, em 9 de dezembro de 1977. Foi uma escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia. Autora de romances, contos e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, reputando-se como uma de suas principais características a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano. Quanto às suas identidades nacional e regional, declarava-se brasileira e pernambucana.
Nasceu em uma família judia russa que perdeu suas rendas com a Guerra Civil Russa e se viu obrigada a emigrar em decorrência da perseguição a judeus, à época, a qual resultou em diversos extermínios em massa. Especula-se que a mãe de Clarice teria sido violada por soldados russos durante a Primeira Guerra Mundial. A futura escritora chegou ao Brasil, ainda pequena, em 1922, com seus pais e duas irmãs. Clarice dizia não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil. Inicialmente, a família passou um breve período em Maceió, até se mudar para o Recife, onde Clarice cresceu e onde, aos oito anos, perdeu a mãe. Aos quatorze anos de idade transferiu-se com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro, local em que a família se estabilizou e onde o seu pai viria a falecer, em 1940.
Estudou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, conhecida como Universidade do Brasil, apesar de, na época, ter demonstrado mais interesse pelo meio literário, no qual ingressou precocemente como tradutora, logo se consagrando como escritora, jornalista, contista e ensaísta, tornando-se uma das figuras mais influentes da Literatura brasileira e do Modernismo, sendo considerada uma das principais influências da nova geração de escritores brasileiros. É incluída pela crítica especializada entre os principais autores brasileiros do século XX.
Suas principais obras marcam cada período de sua carreira. “Perto do Coração Selvagem” foi seu livro de estreia, publicado quando Clarice tinha 24 anos de idade; “Laços de Família”, “A Paixão segundo G.H.”, “A Hora da Estrela” e “Um Sopro de Vida” são seus últimos livros publicados. Faleceu em 1977, um dia antes de completar 57 anos, em decorrência de um câncer de ovário. Deixou dois filhos e uma vasta obra literária composta de romances, novelas, contos, crônicas, literatura infantil e entrevistas.
FICHA TÉCNICA:
Autora: Clarice Lispector
Adaptação: Melise Maia
Elenco: Melise Maia e Caio Paduan
Direção: Ernesto Piccolo
Assistente de direção: Hélio Ribeiro
Direção de produção: Fabio Camara
Direção Musical e Trilha Sonora: Edu Lobo
Trilha Sonora (gravação): Biscoito Fino
Músicos: Mauro Senise (Sopros), Cristóvão Bastos (Piano) e Jorge Helder (Contrabaixo)
Direção de Movimento: Marcia Rubin
Cenografia: Rostand Albuquerque
Iluminação: Eduardo Salino
Figurino: Marcela Treiger
Operação de som: Ana Carolina
Operação de luz: Jackson Oliveira
Produção executiva: Mayara Mariotto
Fotos: Guilherme Bezerra
Programação visual e redes sociais: Stephano Matolla
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Produção local: Lugibi Produções Artísticas e Girassol em Cena Produções Artísticas
Idealização: Melise Maia
Realização: Rimel produções
SERVIÇO:
LOCAL: Teatro Ruth Escobar – Sala Dina Sfat. (Rua dos Ingleses 209 – Bela Vista). 370 lugares.
DATA: 02/10 até 31/10 (Quarta e quinta 20h)
INGRESSOS: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia).
VENDAS: https://www.sympla.
INFORMAÇÕES: 11 3289 2358
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
DURAÇÃO: 60 min
EQUIPE:
Ernesto Piccolo, ator e diretor, se destaca no meio cultural por sua versatilidade tanto no teatro, no cinema, como na TV. Seus últimos espetáculos como diretor foram: ‘Divã’, com Lílian Cabral, ‘A História de Nós Dois’, com Alexandra Richter, ‘Doidas e Santas’, com Cissa Guimarães e ‘Simples Assim’, com Julia Lemmertz. “Duetos” com Du Moscovis e Patrícia Travassos. Além do grande sucesso infantil ‘Detetives do Prédio Azul’.
Melise Maia iniciou sua carreira no fim dos anos 70, e fez alguns espetáculos de sucesso, como: “Peer Gynt”, “Vejo um Vulto na Janela me Acudam que eu Sou Donzela”, “Por um Triz Não Sou Feliz”, “Tributo”, “Os Sete Gatinhos”, “Um Pijama para Seis”, “Toda donzela tem um pai que é uma fera”, “Não explica que complica”, “Quatro adultérios e um funeral”, entre outros. Participou de algumas novelas como “O Outro”, “De Corpo e Alma”, “Que Rei Sou Eu”, “Páginas da vida”, entre outras. Depois partiu para experiências mais autorais tanto no teatro, como no cinema e na TV. Escreveu e realizou as peças teatrais: "As Absorventes" e "O Diabo Veste Saara", em parceria com Marcelo Lino. Escreveu e realizou alguns curta metragens que participaram de vários festivais nacionais e internacionais, ganhando alguns prêmios com um deles: "O Caso Libras" e também escreveu dirigiu e produziu uma série para TV: "Ribanceira" que ganhou um edital pela Ancine e foi ao ar no Canal Brasil em 2016.
Caio Paduan estreou aos 18 anos no espetáculo “Good Morning" com direção dos renomados Deto Montenegro e Candé Brandão. Em 2011, durante a peça “Avalon”, na qual interpretou o “Rei Arthur", foi descoberto por um produtor da TV Globo que o levou a sua estreia na televisão em 2011/2012, interpretando o protagonista “Gabriel” em “Malhação Conectados”. Em 2013 Caio voltou aos palcos do teatro para as peças “33 Dedos Bem aquecidos” e em “Pra Sempre Nunca Mais”. Em 2015, participou da novela “Além do Tempo”. No ano seguinte ganhou destaque ao dar vida ao vilão “Alex” da novela das sete, “Rock Story”. Em 2017, o ator viveu o ‘‘delegado Bruno”, na novela das nove “O Outro Lado do Paraíso”. Em 2019, deu vida a “Quinzinho”, em “Verão 90”. O ator também fez papéis de destaque na Record TV, interpretando “Abinadabe” na série “Reis”. No cinema, em 2021, o artista fez parte do elenco do longa “Fazendo Meu Filme" e também atuou no filme “Ninguém é de Ninguém”, com direção de Wagner de Assis. No ano passado, o ator participou de um espetáculo da Broadway: 'The Boys In The Band'. Em 2023, foi iniciada uma nova etapa na trajetória de Caio Paduan, realizando o seu primeiro musical como diretor criativo no espetáculo ‘‘Iron - O Homem da Máscara de Ferro’’, que ficou em cartaz na capital paulista. Esse é o primeiro projeto de um Hub de criação e desenvolvimento fundado pelo artista, em que Caio não só atua em novos projetos, como também os idealiza por completo. Esse ano foi indicado ao Prêmio Bibi Ferreira de melhor ator pelo espetáculo Palhaços.
CRÍTICAS:
“A imersão da atriz Melise Maia, nas páginas de “Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres”, publicado por Clarice Lispector (1920-1977) em 1969, com sua “Lóri”, inunda o palco da Casa de Cultura Laura Alvim de tensão. Sua estrela esbanja viço na maneira de esgrimar frases de concreto armado. A peça traz a direção inquieta de Ernesto Piccolo que se posiciona entre a arrancada do processo de escrita de um romance, enquanto “Ulisses”, o professor de filosofia defendido por Rafael Queiroz apresenta um deslumbre de atuação, seus movimentos na direção de Melise são de acolhimento, na percepção de que um abraço pode ser um abrigo”. Rodrigo Fonseca (crítico teatral – Estadão-SP).
“A adaptação de “Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres" é um perfeito itinerário do que deve ser o teatro contemporâneo. A direção de Ernesto Piccolo transforma as experiências amorosas dos dois personagens em poesia do encontro. E a trilha sonora e direção musical de Edu Lobo são uma verdadeira sinfonia do que deve ser o fazer, a educação do prazer da paixão.” Claudia Chaves (crítica teatral – RJ).
“Eis que Ulisses e Lori se encontraram no bairro de Ipanema, como na aprendizagem de Clarice. Eu vi Lori e Ulisses em cena. Eu vi! O encontro de Melise Maia com “O Livro dos Prazeres” estava marcado há séculos: paixão e afeto. Teatro com “vibrações translúcidas, potentes e ecoantes em pleno ar da vida”, como escreveu Clarice Lispector. Teresa Montero (Professora e uma das biógrafas de Clarice).
“A transposição da obra de Clarice para o palco foi feita com sensibilidade. A montagem galvaniza a plateia.”. Aloisio Abreu (ator, diretor, roteirista e júri do Prêmio APTR).