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Uma mudança necessária chamada economia circular

15 de Maio de 2024

Por: Marcelo Souza

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Seria muito feliz, se pudesse de alguma maneira, transmitir os meus sentimentos nesse momento. Infelizmente, às vezes, palavras não são suficientes para poder expressar a essência da realidade.

Há mais de 15 anos, trabalho com economia circular, isso sem contar meu primeiro contato com o setor, quando ainda tinha apenas 8 anos. Durante essas “últimas fases” vamos chamar assim, vi muito progresso, inclusive com a difusão da terminologia Economia Circular, mesmo que muitas vezes de forma minimizada, limitado o conceito somente à reciclagem, mas sim, houve uma evolução inquestionável. Me recordo quando comecei a falar sobre reciclagem de eletroeletrônicos, meu Deus, reciclagem do que? Era o que costumava escutar.

Hoje sabemos que o lixo eletroeletrônico é a tipologia de resíduos que mais cresce no mundo.

Acredito fortemente, que esse progresso, está muito relacionado, a quarta revolução industrial, que apesar de ser uma das impulsionadoras do crescente volume de equipamentos eletroeletrônicos descartados, também proporcionou uma maior facilidade de difusão de conhecimento sobre circularidade.

Quando iniciei esse texto, essa expectativa de transmitir um sentido, relaciona-se, às perdas incalculáveis que as cheias estão causando no Rio Grande do Sul.

Vamos achar um culpado agora? Na verdade, isso seria muito pouco eficaz, o fato é que como gosto sempre de mencionar em minhas palestras é que “sem dúvida o lixo, é uma das criações humanas, mais marcantes e duradouras de toda a nossa história” e por mais de 250 anos, ou seja, desde a chamada era das revoluções, estamos gerando lixo e mudando o ecossistema de forma considerável.

Recentemente, vi uma imagem de como era a Foz do Rio Pinheiros e do Tietê na cidade de São Paulo, que serpenteavam pelo seu leito natural, mas que na primeira metade de 1900, foi canalizado para o formato que conhecemos hoje em dia e tendo o seu entorno, todo canalizado, tragédia anunciada? Eu não sei dizer.

Mudamos o mundo, e temos que entender isso rápido. E não foram somente nos leitos dos rios, mas em nossa pegada de carbono, e não somente das indústrias, mas os nossos, mudamos o padrão de consumo, mudamos....

Agora, precisamos entender que o mundo também está mudando. Queimadas intensas por várias partes do mundo, frio e calor extremos, enchentes, terremotos, tsunamis e muito mais. O aquecimento global é real, há muitos que duvidam, mas fato é uma realidade.

Essa semana, fui impactado por uma notícia que a Venezuela, é o primeiro país, Sul-Americano a perder suas geleiras, isso mesmo, derreteram. Em 1910, o país possuía 6 geleiras que cobriam cerca de 1000 km², dessas, 5 deixaram de existir em 2011 e somente uma, chamada de La Corona permanece, mas encolheu tanto, que é conhecida atualmente, como apenas um campo de gelo.

A questão é, o que vamos fazer? Já percebemos que além de tudo, as pessoas, menos favorecidas acabam sendo ainda mais impactadas por essas mudanças levando, sofrimento, destruição de sonhos e em muitos casos, morte.

Como um estudioso, pesquisador e empreendedor de assuntos relacionados à circularidade, tenho trabalhado no que quero em breve publicar, que chamo de “Manifesto da Circularidade” , documento que expõe, minhas crenças, de como podemos encarar a triste realidade que o mundo mudou.

1° - Educação, meu apelo, é para o MEC e todas as Secretarias de Educação, precisamos ensinar nossa população, do menor ao maior, do jardim da infância ao engenheiro e doutor, temos de circularidade. A criança precisa aprender sobre sua pegada de carbono e o engenheiro a projetar para a durabilidade e reciclabilidade.

2° - Direito ao Reparo, conceito já conhecido em países da Europa, cujo fabricante tem o dever de facilitar a reparabilidade de seus produtos.

3° - Direito à informação sobre durabilidade, também, conceito já conhecido. Consiste em ter a informação ao consumidor de qual a vida útil esperada daqueles equipamentos/produtos.

4° - Políticas públicas, que fomentem uma circularidade, por exemplo:

4.1 – Fomento ao serviço

4.2 – Metas de logísticas reversa, mais arrojadas, mas por contrapartida, que podem ser abatidas, com a inserção de materiais reciclados na fabricação de novos produtos.

4.3 – Incentivo real ao financiamento de tecnologia e indústria que fomente a circularidade

O mundo mudou e temos que mudar também e não temos mais tempo a esperar, na verdade estamos andando, enquanto deveríamos estar correndo.

O Sul está sofrendo, todos nós de alguma forma também. Precisamos estar um passo à frente, para que não vejamos novamente tamanha dor.

Eu não vejo outra alternativa, se não mudarmos, para uma economia circular.

Sobre o autor:

Marcelo Souza é CEO da Indústria Fox, palestrante, professor, escritor, publicou o livro Economia Circular – O Mundo Rumo à Quinta Revolução Industrial.

Mais sobre a Indústria Fox
Fundada em 2009, a Indústria Fox é pioneira em reciclagem com base na captação de gases no Brasil, foi a primeira fábrica de produção reversa de refrigeradores na América do Sul e se tornou referência em gestão e solução de armazenagem, manutenção, reforma e reparo de equipamentos. A empresa se posiciona com programas próprios de eficiência energética, além de processos de remanufatura de produtos. Com isso, é a única no Brasil a unir os três pilares de reciclagem, remanufatura e eficiência energética. Tudo isso alinhado com novas tecnologias e desenvolvimento de economia circular e indústria 4.0.

https://www.industriafox.com.br/

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