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Menopausa e reposição hormonal: entenda os riscos do "chip da beleza" e as opções de tratamento

5 de Março de 2024

Com mais de 29 milhões de mulheres passando pelo climatério e menopausa no Brasil, ginecologista explica cuidados que as mulheres devem ter nessa fase

Reposição hormonal pode ser solução para quem busca tratar sintomas da menopausa e retornar ao equilíbrio

Março é o mês em que celebramos o Dia Internacional da mulher e época propícia para evidenciar a importância dos cuidados com a saúde feminina. No Brasil, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país tem maioria feminina, e o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em 12 anos. Estimativas com base nos dados do censo apontam que 29 milhões de brasileiras podem estar passando pelo período de climatério ou menopausa.

Os sintomas mais comuns são ondas de calor, pele seca, alterações genitais como vagina ressecada apresentando dor ou incômodo, alterações urinárias e diminuição da libido. O ginecologista do Grupo São Lucas, Dr. Davidson Alvarenga (CRM: 49583), explica que existe acompanhamento de um ano da paciente antes de fechar o diagnóstico de menopausa. “Nós consideramos menopausa quando a paciente tem a sua falência ovariana decretada e normalmente nós fechamos esse diagnóstico um ano após a falta da menstruação. Essa paciente teria uma indicação de reposição hormonal a partir do momento em que ela tivesse todos os sinais desses sintomas, desde que não haja contraindicação do uso do hormônio, como câncer de mama e trombose, por exemplo”, explica.

Entre os hormônios utilizados, os três principais são estrogênio, que melhora os sintomas da menopausa, progesterona, para proteção endometrial do útero e testosterona, com função principal no aumento da libido. “Outras recomendações que fazemos é uma atividade física contínua e constante, pois um dos problemas da falta de estrogênio é a osteoporose, e a atividade física melhora isso. Uma alimentação regular rica em cálcio e balanceada também é recomendada, já que o sobrepeso pode trazer complicações graves nessa faixa etária. Às pacientes que não podem fazer uso de hormônio são recomendadas medicações alternativas que vão melhorar os sintomas, por exemplo medicações de inibidores de captação de serotonina, como a sertralina ou drogas semelhantes, hidratantes vaginais e procedimentos vaginais para melhora do trofismo vaginal, como laser e outros tratamentos locais”, complementa.

Ginecologista ressalta importância de acompanhamento médico e desmistifica uso do chip da beleza na menopausa

Chip da beleza: indicado ou não?

Com dados tão significativos, o tema se torna destaque com a viralização do “chip da beleza”, conhecido por melhorar a performance física e muscular. O ginecologista desmistifica que a medicação possa ser considerada solução para menopausa. “Além de estrogênio, progesterona e testosterona, o chip da beleza possui um hormônio chamado gestrinona, que pode melhorar a condição física de pacientes que praticam muita atividade física. Apesar da opção de alguns profissionais por esse tipo de medicação, as sociedades médicas e de ginecologia contraindicam o uso desse chip da beleza por desconhecimento de efeitos adversos que podem ser causados por este tipo de medicamento”, alerta.

Os riscos também se estendem para utilização de hormônios sem indicação ou avaliação médica, podendo causar sérios danos e problemas de saúde em pacientes com contraindicações, como pessoas com histórico de câncer de mama, trombose ou tromboembolismo. “A prescrição não feita por um médico não se vê a questão da contraindicação, somente o benefício do hormônio. Com o médico, temos uma visão holística, total da paciente, na qual uma série de exames são feitos e avaliados. Uma avaliação clínica dessa paciente também é extremamente importante para que possamos ver a indicação e o tipo de hormônio que pode utilizar”, frisa o médico.

Por fim, a recomendação principal é que a partir dos 50 anos e com a aparição dos sintomas, as mulheres procurem fazer o acompanhamento ginecológico para avaliação, prevenção e cuidados com sua saúde. “O ginecologista é o clínico da mulher, e muitas vezes identificamos outras alterações iniciais que depois encaminhamos para outras especialidades, como alterações na pressão, alterações do colesterol, queixas de alterações cardíacas. Sabemos que pacientes que têm alterações nas coronárias são mais sujeitas a ter problemas de infarto no miocárdio e em algumas situações não podemos usar o estrogênio. O ginecologista além de fazer todos esses exames para verificar a utilização do hormônio vai orientar outros cuidados essenciais fora da questão hormonal”, finaliza.

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