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Dez principais cuidados que o pecuarista deve ter com o gado leiteiro

9 de Junho de 2023

Atenção ao rebanho começa ainda na gestação dos bezerros, para que os animais consigam atingir todo seu potencial genético ao longo da vida e seja garantida a máxima produtividade

Para que o gado leiteiro alcance 100% de seu potencial genético e tenha a máxima produtividade possível, é recomendável que os pecuaristas e técnicos adotem uma série de cuidados especiais, iniciados ainda durante a gestação do bezerro. Pensando nisso, a VetBR, mais completa distribuidora de produtos para saúde animal do País, convidou um especialista para elencar algumas práticas de manejo essenciais do gado leiteiro para aliar bem-estar animal e produtividade.

Segundo Rondinele Araújo da Silva, médico veterinário e consultor de vendas da VetBR, o bem-estar de cada animal vai interferir diretamente na quantidade e na qualidade do leite ordenhado. “O gado leiteiro precisa ser muito bem tratado. O sistema nervoso da vaca tem receptores responsáveis pela quantidade de leite que vai liberar. Se ela se estressa — por exemplo, com gritos ou toques bruscos — vai liberar menos leite”, explica. “Além disso, o animal estressado libera células inflamatórias que vão diretamente para o leite e que interferem na CCS (contagem de células somáticas) e, por consequência, no preço do produto vendido”, acrescenta. 

Confira a seguir dez dicas fundamentais para garantir um rebanho saudável e produtivo.

1. Gestação

Os cuidados com o bezerro começam durante a gestação, para que nasça saudável. Um ponto importante é deixar as vacas prenhas separadas no piquete da maternidade nas últimas três semanas de gestação, perto do caseiro, com água, comida e sombra com fácil acesso. A partir daí, é necessário fazer o monitoramento para que o parto seja o mais natural possível. O acompanhamento vai influenciar diretamente na saúde do bezerro. Vale ficar atento às possíveis distocias (anormalidades de posição ou tamanho do feto) — além disso, a vaca pode não reconhecer o bezerro como filho e machucá-lo na hora do parto, por exemplo, pontos que podem prejudicar a saúde do animal na vida adulta.

2. Colostro

O colostro é um líquido espesso e amarelado, rico em anticorpos que desempenham um papel fundamental na imunidade e no desenvolvimento saudável do bezerro. É importante que seja fornecido nas primeiras horas de vida do animal, cuidado que pode evitar várias doenças. Se o animal não receber o colostro logo após o nascimento, o líquido não terá mais a mesma eficácia, já que o organismo vai deixar de identificá-lo como anticorpo. É importante sempre confirmar se o bezerro realmente mamou o colostro.

3. Cura do umbigo

Outro ponto essencial para o crescimento saudável do bezerro — e que está relacionado à produtividade do animal — é a cura do umbigo. É fundamental, após o nascimento, fazer o procedimento de maneira correta, usando concentrado de iodo. Se a secagem e a curetagem não forem feitas corretamente, o umbigo pode ficar aberto, suscetível à entrada de micro-organismos que estão no ambiente e moscas que podem levar miíases (afecções causadas pela presença de larvas),  o que pode gerar infecções e diversas complicações de saúde para o animal.

4. Dieta balanceada

Após o desmame, além do sal mineral, é necessário iniciar o fornecimento da suplementação para que o bezerro consiga atingir todo o seu potencial genético. É a nutrição adequada durante a fase de crescimento que vai fazer com que o bezerro atinja, na vida adulta, a produtividade máxima de leite. Quanto mais bem atendido em termos de suplementação nutricional, mais protegido estará o animal. A dieta balanceada inclui a suplementação mineral e vitamínica.

5. Calendário sanitário 

Além das vacinas obrigatórias que podem evitar doenças no rebanho — como raiva, brucelose e febre aftosa (em alguns estados) e os imunizantes sugeridos, como manqueira, leptospirose, IBR e BVD também —, é preciso ficar atento ao controle de endoparasitas e ectoparasitas no rebanho bovino e fazer a vermifugação correta. Focar nesse planejamento garante um animal saudável e, por consequência, o aumento na produtividade. A falta da vacinação e a aplicação incorreta dos imunizantes podem provocar queda de produtividade e disseminação de doenças no rebanho.

6. Pré-dipping

De extrema importância, o pré-dipping, procedimento de desinfecção dos tetos, é obrigatório antes da ordenha. Ele é realizado por meio da aplicação de um produto antisséptico, geralmente por imersão dos tetos, e tem como objetivo reduzir a incidência de infecções intramamárias. O procedimento auxilia também na redução de casos de mastite no rebanho. É recomendável atenção a ações preventivas para o pré-dipping, como limpeza do ambiente, utilização de luvas e manutenção contínua de equipamentos. 

7. Ordenha

O processo para a ordenha também precisa ser o mais higiênico possível — isso inclui cuidados com o ambiente, o rebanho e os equipamentos. Para garantir que o leite esteja saudável, pode ser feito o teste da caneca de fundo telado, que é a forma mais simples e eficaz para identificação de anormalidades. O técnico ou produtor deve retirar os três primeiros jatos e observar o aspecto do leite e, depois disso, seguir normalmente com a ordenha. Esse procedimento vai impactar diretamente na contagem bacteriana total, o que pode influenciar o valor da comercialização do leite. 

8. Pós-dipping

O pós-dipping é uma técnica de manejo fundamental após a ordenha, garantindo a saúde da glândula mamária e prevenindo doenças como a mastite — inflamação que, se não controlada, pode resultar em grandes prejuízos na produção. O processo consiste na imersão dos tetos em solução desinfetante glicerinada, responsável pela proteção e vedação do esfíncter do teto, impedindo o contágio dos micro-organismos causadores de doenças. Assim como no pré-dipping, é importante manter o ambiente limpo, utilizar luvas para o procedimento e fazer a manutenção contínua de equipamentos. 

9. Alimentação depois da ordenha

É muito importante fornecer alimento ao animal logo após a ordenha, para garantir que ele fique em pé por mais tempo. A ação vai reduzir a exposição do esfíncter do teto ainda aberto após a ordenha a agentes presentes no solo. 

10. Período de secagem

Após dez meses do fim da gestação, período em que a vaca continua produzindo leite, é necessário o período de secagem de 60 dias, intervalo em que ela deixa de ser ordenhada. Isso vai interferir diretamente na quantidade de leite que vai produzir na gestação seguinte. Nesse processo, o produtor pode ter dois aliados: o selante de teto, responsável por criar uma barreira contra a entrada de microrganismos causadores de mastite, e a bisnaga de mastite, antibiótico preventivo contra a doença.

Para mais informações, consulte o site da VetBR: https://www.vetbr.com.br/conteudos-tecnicos/ 

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