Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era Uma Vez: Francisco Cuoco deixava de ser o galã para ser um cafona da sociedade carioca

11 de Dezembro de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em março de 1971, substituindo uma trama de Dias Gomes para o horário das 22h, a TV Globo foi buscar em São Paulo e na TV Tupi, o autor Bráulio Pedroso (1931-1990), que estava no auge com o sucesso da novela “Beto Rockfeller”.

Junto com ele a emissora carioca trouxe também a atriz Marília Pêra, que a partir dessa nova criação de Bráulio, se tornou uma das principais estrelas da Globo. A desmoralização da alta sociedade brasileira e do movimento hippie foram o mote para que ele criasse “O Cafona”, um dos maiores sucessos da TV Globo no horário de fim de noite.

A novela “O Cafona” teve 183 capítulos, foi produzida ainda em preto e branco e teve a direção geral de Daniel Filho. A trama contava a história de Gilberto Athayde, ou simplesmente Gigi, um viúvo muito simplório e rude que de repente se transforma em um novo rico e passa a ser cobiçado por empresários e socialites decadentes ou falidos, que vêm nele a garantia de se manterem na alta sociedade.

O elenco da novela era um espetáculo à parte e possibilitou grandes trabalhos até hoje inesquecíveis nas carreiras de muitos dos atores que participaram dessa produção. A começar por Francisco Cuoco que deixou seus galãs de lado para viver brilhantemente o cafona ao mesmo tempo idolatrado e hostilizado pelos outros personagens da novela.

Outro destaque da trama de Bráulio Pedroso foi Marília Pêra no papel de Shirley Sexy, uma secretária apaixonada por Gigi, o seu patrão, e que sonhava com a carreira de atriz. Também Tonia Carrero e Paulo Gracindo como milionários falidos brilharam interpretando respectivamente Beatriz e Fred Bastos.

Mas foi também uma tal comunidade hippie do bairro de Santa Teresa que deixou inesquecível a trama de “O Cafona” com os trabalhos irrepreensíveis de Ary Fontoura como o Profeta; de Djenane Machado, a Lucinha Esparadrapo; de Osmar Prado como Cacá; Marco Nanini como Júlio e Carlos Vereza, o Rogério, os dois últimos em um caricatura dos cineastas undergroud do cinema nacional da época.

A novela também foi a primeira a ter duas trilhas sonoras pela Som Livre: uma nacional e outra internacional e a contar com personalidades fazendo participações especiais como os colunistas sociais Ibrahim Sued e Zózimo Barroso do Amaral, o apresentador Chacrinha e a cantora Maysa.

Ainda no grande elenco estavam nomes como Renata Sorrah, Álvaro Aguiar, Ilka Soares, Elizangela, Juan de Bourbon, Gracinda Freire, Felipe Carone, Roberto Bonfim, André Valli, Sonia Dutra, Angelito Mello, Vera Manhães, José Augusto Branco, Irma Alvarez e Moacyr Deriquem.

Na próxima semana: O charme e os bailes comandados por Petronio na TV.

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