O espetáculo apresenta quatro alegorias da insensatez social brasileira como o mal-uso da coisa pública, o consumismo, o desinteresse pela racionalidade e a relação superficial com o conhecimento
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Espetáculo Os Insensatos |
Crédito: Alessandra Nohvais |
O espetáculo Os Insensatos apresenta quatro alegorias da insensatez social brasileira. O mal-uso da coisa pública, o consumismo, o desinteresse pela racionalidade e a relação superficial com o conhecimento são algumas das características das figuras em cena. A peça faz temporada de 8 a 18 de setembro no Sesc Belenzinho.
O brasileiro aqui é olhado pela lente da insensatez. E essa lente foi aumentada fazendo as figuras superarem suas características elementares de personagens humanos à medida que seus corpos interagem com elementos do entorno e vão tomando formas carregadas de significados.
A peça é composta de algumas camadas de leitura e por diferentes conexões com a questão central: a insensatez. A trilha sonora, os figurinos, as frases escritas nos figurinos, os textos, os vídeos, o gestual dos atores e os objetos de cena constituem um corpo cênico feito de elementos que não necessariamente se complementam ou se equivalem. Permitindo até mesmo interpretações independentes por parte do espectador.
Sobre uma ideia original de Cristian Duarte e de uma seleção de textos de André Sant’Anna, os artistas-criadores Aury Porto, Joana Porto, Roberta Schioppa, Rogério Pinto, Zahy Guajajara e o próprio idealizador criaram um roteiro partindo da premissa de exploração que os colonizadores europeus estabeleceram com as terras “brasileiras” e com seus povos originários, desde o início do processo de colonização no século XVI.
“Exploração que atravessa séculos seguindo os mesmos procedimentos que sedimentaram uma certa "mania" predatória e excludente que, para além das anedotas, também nos caracterizam como brasileiros”, diz Aury Porto. O elenco conta com a participação de Anderson Kary Baya, André Sant'Anna, Aury Porto, Erika Puga e Lena Roque
Sobre a mundana companhia
Desde o ano 2000, inspirados pela militância política dos artistas de teatro da cidade de São Paulo junto ao movimento “Arte contra a Barbárie”, Aury Porto e Luah Guimarãez desejavam criar um núcleo artístico formado essencialmente por atores-produtores.
Almejavam formar uma companhia teatral na qual, a cada projeto, idealizado e produzido necessariamente por um ou mais atores, um/a diretor/a, com afinidades afetivas e estéticas com os membros da companhia, seria convidado/a a integrar-se a esta. O mesmo ocorreria com os profissionais das outras áreas, como cenografia, figurino, música, luz, e até mesmo com outros atores.
A cada projeto, a companhia teria um quase novo corpo forjado na ideia de continuidade na transitoriedade. Assim foi gestada a mundana companhia (nome integralmente grafado em letras minúsculas).
Criado em 2007, o grupo criou os espetáculos Medeamaterial, Máquinas do Mundo, Necropolítica, Dostoiévski-Trip, Na Selva das Cidades- Em Obras, O Duelo, Pais e Filhos, O Idiota – Uma Novela Teatral, Tchekhov 4 – Uma Experiência Cênica, Das Cinzas e A Queda.
Atividade formativa
Além do díptico, a mundana companhia organiza quatro encontros prático-teóricos, com três horas de duração cada, no Sesc Belenzinho, a partir do material de pesquisa e do processo de criação dos espetáculos "Guerra em Iperoig" e "Os Insensatos".
“A pandemia atravessou o processo criativo do que seria um único espetáculo teatral: Guerra em Iperoig. E o isolamento social nos levou para encontros virtuais que fizemos com regularidade. A vivência desse tipo de encontro incomum nos processos criativos teatrais nos fez inventar novos procedimentos de trabalho com a contribuição de todos os membros da equipe. Novas e diversas fontes de estudo foram compartilhadas e debatidas. Novos textos, imagens e cenas aumentaram o volume de material de trabalho para a futura encenação sem data prevista para estrear. O longo tempo e a quantidade de material produzido possibilitou a criação de dois roteiros que nos levaram a duas peças esteticamente diversas”, reflete o artista.
Partindo desse histórico de trabalho, o ator Aury Porto vai dividir a condução de cada um dos encontros com os artistas da equipe da mundana companhia que trabalharam ao longo do processo em 2020.
3 de setembro, das 15h às 18h
Aury Porto + André Sant'Anna: Ideia original e seu desdobramento, escritura e reescritura dos textos da cena ao longo do ano de 2020
10 de setembro, das 15h às 18h
Aury Porto + Renato Sztutman e Stelio Marras: Histórias das relações entre os povos originários e os colonizadores europeus ao longo do primeiro século de colonização dessa faixa litorânea entre São Paulo e Rio de Janeiro
17 de setembro, das 15h às 18h
Aury Porto + Rogério Pinto: Materiais e procedimentos na criação plástica dos espetáculos "Guerra em Iperoig" e "Os Insensatos"
Serviço
Os Insensatos, com mundana companhia
Temporada: De 8 de setembro a 18 de setembro, Quinta a Sábado, às 21h30. Domingo, às 18h30
Classificação: 14 anos
Duração: 55 minutos
Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena)
Vendas online em www.sescsp.org.br
Sinopse: A peça apresenta quatro alegorias da insensatez social brasileira. O mal-uso da coisa pública, o consumismo, o desinteresse pela racionalidade e a relação superficial com o conhecimento. O espaço cênico é inspirado nas praças de alimentação dos shopping centers, e se configura como um octógono, onde o público está ao meio, circundado por diversos televisores e por quatro figuras histriônicas e insensatas que debatem em seus nichos.
Ficha Técnica
Roteiro: Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto, Roberta Schioppa, Rogério Pinto e Zahy Guajajara Textos: André Sant'Anna
Direção: Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto e Rogério Pinto
Elenco: Anderson Kary Baya, André Sant'Anna, Aury Porto, Erika Puga e Lena Roque
Direção de Movimento: Cristian Duarte Direção vocal interpretativa: Lucia Gayotto Direção Musical: Gui Calzavara Cenografia: Rogério Pinto Figurinos: Joana Porto e Rogério Pinto
Assistente de direção de arte: Beatriz Coelho
Maquiagem: Rogério Pinto
Luz: Wagner Antônio
Operação de luz: Felipe Tchaça e Sibila
Vídeos e programação audiovisual: Bruna Lessa
Contrarregragem: Rafael Matede
Sonoplastia, operação de som e operação de vídeo: Ivan Garro
Colaboração Conceitual: Renato Sztutman e Stelio Marras Coordenação de projeto: Aury Porto
Gestão de projeto: Metro Gestão Cultural Direção de Produção: Carla Estefan
Produção Executiva: Bia Fonseca Fotos: Renato Mangolin e Alessandra Nohvais Projeto Gráfico: Mariano Mattos Martins Manutenção website e redes: Yghor Boy
SESC BELENZINHO Endereço: Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho – São Paulo (SP) Telefone: (11) 2076-9700 sescsp.org.br/Belenzinho
Estacionamento De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h. Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.
Transporte Público Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)