Com direção de Débora Dubois e canções originais de Thomas Huszar e Alex Huszar, o espetáculo está cheio de referências à cultura popular
O riquíssimo Teatro de Cordel do saudoso dramaturgo Chico de Assis é investigado pela diretora Débora Dubois em uma nova montagem da peça Xandú Quaresma - A Farsa do Cangaceiro, Truco e Padre, que estreia no dia 29 de julho no Teatro Paulo Eiró.
O espetáculo, que também tem direção musical de Thomas Huszar e Alex Huszar, segue em cartaz até o dia 25 de setembro em diversos teatros da prefeitura.
A produção é estrelada por José Eduardo Rennó, Cristiano Tomiossi, Conrado Caputo, Greta Antoine, Gisela Millás, Dênis Goyos e Lui Vizotto. Além disso, tem cenografia de Débora Dubois e elenco e figurinos assinados por Kleber Montanheiro.
Encenado pela primeira vez em 1967, o texto de Chico de Assis se chamava originalmente “Farsa com Cangaceiro Truco e Padre” e encerrava uma trilogia de teatro de cordel, composta ainda pelas peças “O Testamento do Cangaceiro” (1961) e “A Aventura de Ripió Lacraia” (1963).
Sobre essa estética investigada pelo autor, a diretora Débora Dubois explica: “É um gênero que reproduz os valores tradicionais e conservadores de uma época, cuja sobrevivência de seus personagens estradeiros, pícaros, anti-heróis por definição, dá-se por força da astúcia em escapar de um sistema opressor”.
O espetáculo retrata um grupo de teatro mambembe musical que conta as maravilhosas histórias do prisioneiro Xandú Quaresma em uma cidadezinha do sertão nordestino chamada São Sebastião da Serra. Ele está encarcerado há dois anos por enganar o Vigário ao vender-lhe um cavalo cego e velho.
O fora da lei relata que só está preso esse tempo todo porque todos adoram ouvir os seus causos, já que ele é a pessoa mais interessante, criativa e arguta que passou pela cidade em muitos anos.
Ao narrar todas suas histórias fantasiosas, Xandú deixa todo mundo na dúvida sobre o que é verdade e o que é mentira em seus relatos. E essa divertida comédia de costumes ainda evoca figuras históricas brasileiras, como Marechal Deodoro, Padre Cícero, Antonio Conselheiro e Lampião.
“O texto de Chico de Assis é de um humor inteligente, que lembra as grandes obras e os personagens de Ariano Suassuna, assim como o início do cinema no Brasil com Mazzaropi, Oscarito e Grande Otelo”, compara a diretora.
Ela ainda conta que a vontade de montar essa peça surgiu como uma resposta ao enorme aumento da pobreza, da desesperança e da dor enfrentadas pelo povo brasileiro nos últimos anos.
“Transformei esses personagens de São Sebastião da Serra numa trupe de teatro que espera a oportunidade para se apresentar e fazer o povo sorrir. Comecei a trabalhar com o elenco diversas formas de se movimentarem de maneira grupal, em blocos formados tanto para construir as cenas consecutivas como para cantar e dançar, numa pesquisa sobre coralidades que muito tem a ver com as manifestações folclóricas brasileiras e as ancestralidades gregas e europeias em geral”, revela.
Para dar forma a esses conceitos de forma bela e lúdica, o espetáculo conta com ajuda do bailarino e coreógrafo Roberto Alencar. Já as canções originais de Thomas e Alex Huszar buscam uma mistura de sonoridades tradicionais brasileiras com ritmos extraídos de movimentos que invadem a internet - no TikTok e no Instagram, por exemplo. E, por fim, os figurinos de Kléber Montanheiro têm como inspiração uma poética e bela releitura do quadro “Os Retirantes” (1944), do famoso pintor modernista paulista Candido Portinari.
Sobre Chico de Assis
Chico de Assis (1933-2015) foi um dos grandes dramaturgos brasileiros do século passado. Grande pesquisador, teve uma parte de sua vida dedicada aos cordéis. Encontrou naquelas obras “ingênuas” muito mais do que uma diversão literária. Investigou as estruturas e achou que boa parte da estética popular brasileira estava naqueles livros de poucas páginas e grande conteúdo.
Na verdade, ali, ele buscava a estrutura poética de um herói brasileiro. A esperteza de suas personagens dialoga perfeitamente com a tensão da ordem e da desordem, apontando todas as acomodações ocorrentes na forma de denúncias diretas, ingênuas, ou no sarcasmo mais ácido. Às vezes para se resguardar, o poeta nas feiras e praças usa de “subterfúgios”.
Após a leitura de 800 libretos de cordel, Chico de Assis pôs-se a escrever as peças “O testamento do Cangaceiro”, “As aventuras de Ripió Lacraia” e “Farsa com Cangaceiro Truco e Padre”, que, mais tarde, receberia o nome de “Xandú Quaresma”. Ele classifica esses textos como Épicos Populares e os apresenta como uma trilogia de Teatro de Cordel.
Sobre Débora Dubois
É atriz, diretora e produtora de teatro. Iniciou sua carreira teatral priorizando as exigentes plateias jovens. Nesses últimos 20 anos, somam mais de 30 espetáculos, alguns premiados. Entre eles, estão “Roque Santeiro – O Musical” (2017), de Dias Gomes; “A Paixão Segundo Nelson” (2016), uma adaptação de contos de Nelson Rodrigues por Zeca Baleiro; “Dom Casmurro” (2016), com adaptação de Toni Brandão; “Infiéis” (2016), de Marco Antônio De La Parra; “Moinhos e Carrosséis” (2016), de José Geraldo Rocha; “Otelo” (2015), de Willian Shakespeare; “Rita Lee Mora ao Lado” (2014), de Henrique Bartsch adaptação de Paulo Lopes; e “Lampião e Lancelote” (2013), baseado no livro homônimo de Fernando Vilela, com texto adaptado por Bráulio Tavares e músicas originais de Zeca Baleiro.
Sinopse
Um grupo de teatro mambembe musical conta as maravilhosas histórias do prisioneiro Xandú Quaresma, que está preso há dois anos por enganar o Vigário ao vender-lhe um cavalo cego e velho, que morre logo após a negociação. Xandú conta para todos os cantos que, na realidade, só está todo esse tempo preso pois todos adoram ouvir seus causos, já que ele é a pessoa mais interessante, criativa e arguta que passou pela cidade em muitos anos. Ao contar tais causos ao longo da peça, Xandú deixa na dúvida o que é verdade e o que é mentira. Tudo isso numa divertida comédia de costumes, mesclando sua trajetória de vida com momentos e personagens históricos do país, como Marechal Deodoro, Padre Cícero, Antonio Conselheiro e Lampião.
Ficha Técnica
Direção e concepção Débora Dubois
Apoio técnico: Márcio Macena e Renata Aspesi
Direção de Movimento e Coreografias:Roberto Alencar
Assistência de Coreografias: Renata Aspesi
Consultoria sobre Coralidades: Roberto Moretto
Cenário: Débora Dubois e Elenco
Pintura Artística: Márcio Macena
Cenotécnico: Nilton Araújo
Luz: Karen Mezza
Assistente de Iluminação: Gui Pereira
Fotos: Bárbara Campos
Arte Gráfica: Ana Clara Giovani
Produção: Greta Antoine e Cristiano Tomiossi
Uma oficina ministrada pelo escritor e poeta Moreira de Acopira também faz parte do projeto. Para acessar o flyer e encontrar mais detalhes, clique aqui.
Serviço
Xandú Quaresma, de Chico de Assis
Temporada:
TEATRO PAULO EIRÓ
DATAS: 29 a 31 de julho de 2022
HORÁRIO: Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
VALOR DO INGRESSO: Gratuito
TEATRO JOÃO CAETANO
DATAS: 04 a 07 de agosto de 2022
HORÁRIO: Quinta a sábado às 21h e domingo às 19h
VALOR DO INGRESSO: Gratuito
TEATRO ALFREDO MESQUITA
DATAS: 11 a 14 de agosto de 2022
HORÁRIO: Quinta a sábado às 21h e Domingo às 19h
VALOR DO INGRESSO: Gratuito
TEATRO ARTHUR AZEVEDO
DATAS: 18 a 21 de agosto de 2022
HORÁRIO: Quinta a sábado às 21h e Domingo às 19h
VALOR DO INGRESSO: Gratuito
TEATRO CACILDA BECKER
DATAS: 2 a 25 de setembro de 2022
HORÁRIO: Sexta e sábado às 21h e Domingo às 19h
VALOR DO INGRESSO: Gratuito