Cultura - Teatro

Theatro Municipal apresenta as óperas Navalha na Carne e Homens de Papel, de Plínio Marcos

23 de Março de 2022

Com participação da Orquestra Sinfônica Municipal e Coro Lírico, as récitas acontecem nos dias 8 a 10 e 12 a 14 de abril. Haverá também uma exposição sobre o dramaturgo, na Praça das Artes

Crédito: Stig Lavor

O Theatro Municipal de São Paulo apresenta em abril duas óperas de Plínio Marcos: Navalha na Carne e Homens de Papel. Ambas as montagens são as primeiras óperas encomendadas especialmente pelo Municipal. Apresentadas em double bill, trazem textos icônicos da dramaturgia brasileira, que se debruçam sobre existências vistas como marginais, tanto nos anos 60, em que tais peças foram escritas, quanto atualmente.

As apresentações ocorrem de 8 a 10 e de 12 a 14 de abril e contam com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, sob a batuta do maestro Roberto Minczuk e do Coro Lírico, sob a regência do maestro Mário Zaccaro. Com os ingressos entre R$30 e 120 reais, a classificação é de 12 anos.

“As obras de Plínio Marcos tiveram papel fundamental na história do teatro brasileiro, visto que ele foi um dos primeiros dramaturgos a registrar a vida de camadas mais marginalizadas da sociedade, até então pouco retratadas no palco de maneira incisiva e contundente, como protagonistas de uma peça. Trazer os textos do Plínio para o universo da ópera não só atualiza questões inerentes ao nosso contexto como amplia o repertório do Theatro, com duas importantes obras especialmente comissionadas para esse projeto. Desse modo, reafirmamos nosso compromisso com o fomento à criação de obras contemporâneas”, afirma Andrea Caruso Saturnino, diretora geral do Theatro Municipal de São Paulo.

A ópera Homens de Papel, composta pela violonista venezuelana Elodie Bouny, é originalmente uma peça de teatro de Plínio Marcos, escrita em 1968 durante o período da ditadura militar. A história retrata um grupo de catadores de papel, que fomenta uma revolta contra o homem que, ao comprar-lhe o papel coletado pelas ruas, “rouba no peso e no preço”, para revendê-lo, mais tarde, para uma fábrica. Eleva-se, assim, a partir dessa “sociedade” de catadores de papel, uma metáfora do poder pelo poder, que aprisiona explorador e explorado a um sistema desumano de luta pela sobrevivência.

“Uma das principais tarefas que eu tenho na direção dessa peça é, em primeiro lugar, adaptar a linguagem do teatro e da ópera. A ópera possui uma espécie de lente de aumento que faz com que as coisas sejam mais alegóricas, mais simbólicas e menos realistas. O espectador que irá ao Theatro Municipal se deparará com uma peça dura, áspera e sem muita alegria, visto que o objetivo principal é retratar essas pessoas que levam uma vida muito endurecida”, afirma José Henrique de Paula, diretor cênico da ópera.

“A obra é uma ópera de coletividade, assim como os protagonistas que são os Homens de Papel. Nesta peça podemos trazer o entorno do Theatro Municipal para dentro do palco, já que hoje em dia o local se tornou um ponto de encontro dessa população marginalizada, por questões socioeconômicas e urbanísticas”, completa José Henrique.

Já a ópera Navalha na Carne, composta pelo professor e pesquisador Leonardo Martinelli, será apresentada em ato único. A obra, foi criada em 1967 por Plínio Marcos, também sofreu com a censura da ditadura militar, trata da relação entre três personagens principais: Neusa Sueli, a prostituta; Vado, o Cafetão e Veludo, um funcionário do hotel em que os personagens estão.

Na trama, Neusa Sueli se encontra em um quarto de hotel junto a Vado, que a acusa de não entregar todo o dinheiro que ela devia a ele. Os dois entram em enfrentamento, porém descobrem que haviam sido roubados por uma terceira pessoa, Veludo. Os três possuem uma posição de domínio que se alterna com uma de fraqueza, sofrendo alterações durante a peça e escancarando a miséria humana e as injustiças que eles sofrem.

“A peça em si é uma metáfora para os mecanismos de poder e relações entre as classes sociais em uma disputa entre elas mesmas, reflexo do que observamos até hoje na sociedade. A obra simboliza a população marginalizada e que se encontram em uma situação de violência, opressão e na batalha entre elas e a sociedade”, afirma Fernanda Maia, diretora cênica da peça.

Como complemento da programação, haverá uma exposição gratuita em homenagem ao Plínio Marcos, na Praça das Artes, entre os dias 8 de abril e 8 de maio. A mostra exibirá painéis, manuscritos, reproduções de matérias em jornais, fotografias - fragmentos da trajetória atribulada ao dramaturgo, incluindo um embate com a censura da ditadura militar.

SERVIÇO

NAVALHA NA CARNE 
de Leonardo Martinelli 

Ópera em ato único a partir da peça de teatro de Plínio Marcos.

Orquestra Sinfônica Municipal

Coro Lírico

Roberto Minczuk, direção musical e regência

Fernanda Maia, direção cênica   

Luisa Francesconi, Neusa Sueli

Fernando Portari, Vado

Homero Velho, Veludo 

Bruno Anselmo, cenografia

Fran Barros, iluminação

João Pimenta, figurino

HOMENS DE PAPEL
De Elodie Bouny

Ópera em dois atos a partir do texto de Plínio Marcos adaptado por Hugo Possolo.

Orquestra Sinfônica Municipal

Coro Lírico

Roberto Minczuk, direção musical e regência

Zé Henrique De Paula, direção cênica

Solistas do Coro Lírico

Bruno Anselmo, cenografia

João Pimenta, figurino

Ingressos R$30,00 a R$120,00

Classificação 12 anos

Duração total aproximadamente 3 horas (com intervalo)

EXPOSIÇÃO PLÍNIO MARCOS - Teatrólogo Brasileiro

08 ABR a 08 MAI - abertura, às 18h

segunda a sexta - 10h às 19h

sábado - 10h às 16h

Sala de Exposição - Praça das Artes

Grátis

SOBRE O COMPLEXO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.

O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras). Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado.

Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.

Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.

Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.

SOBRE A SUSTENIDOS

Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Sustenidos é a organização responsável pela gestão do Projeto Guri (nos polos de ensino do interior, litoral e Fundação CASA), do Conservatório Dramático-Musical dr. Carlos de Campos - Tatuí e do Complexo Theatro Municipal. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm suporte fiscal da Lei Federal de Incentivo à Cultura e do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir neste link.

Patrocinadores e apoiadores do Theatro Municipal de São Paulo - Sustenidos: Bradesco.
Patrocinadores Institucionais da Sustenidos: Microsoft e VISA

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