Com dramaturgia de Angela Ribeiro e direção de Eliana Monteiro, o espetáculo traz os atores Ricardo Henrique e Rafael De Bona; peça coloca em xeque a representação da masculinidade e aborda a experiência do isolamento nos tempos atuais
Ricardo Henrique e Rafael De Bona colocam lado a lado a depressão e a masculinidade |
Em cena dois atores compõem um mesmo homem num embate consigo mesmo. As camadas da complexidade humana dispostas uma a uma, evidenciadas num jogo de argumentações internas
Chroma Key estreia no próximo dia 28 de janeiro no Sesc Avenida Paulista, resultado de uma pesquisa iniciada em 2018, com direção de Eliana Monteiro e dramaturgia de Angela Ribeiro. Em cena, os atores Rafael De Bona e Ricardo Henrique vivem um homem cindido em um circuito incansável em torno de si, que articula questões, em isolamento, sobre pilares sociais, trabalho, dinheiro, família e o modo como atua no mundo.
Segundo Eliana Monteiro, a peça exibe a trajetória de um homem com um reservatório cheio de violência e opressão. Ao revisitar determinados pontos da sua vida, vão surgindo em sua estrutura fissuras, trincas, rachaduras até se deparar com a ruína. Nesse mergulho, ele tateia sua ideia de masculinidade ou ao menos olha para o lado de fora. “No processo, nós questionamos e problematizamos essa identidade masculina, nos aproximando de seus medos, fragilidades, incapacidades e violência”, coloca a diretora.
No enredo, esse homem vive em descompasso e procura resistir à dissolução de seus desejos. Realidade, memórias, inseguranças e afetos se misturam.
O espetáculo une algumas questões que lançam o personagem em sua trajetória: a estrutura patriarcal nociva à masculinidade, a experiência de solidão profunda vivenciada nos últimos dois anos com o isolamento social e o objeto de estudo durante o processo de criação, especificamente: a depressão como sintoma social.
"Vou desenterrar o bode que está morto no meio da sala. Será que é isso? É isso que o cachorro vem procurar? Vou esperar aqui então. Amanhã eu desço".
(Chroma Key)
O espetáculo é fruto de um processo colaborativo e conta com a participação de Rafael Bicudo na cenografia e assistência de direção; Bruna Menezes no dramaturgismo; Guilherme Bonfanti no desenho de luz, Bianca Turner com a concepção de vídeo projeção, Érico Theobaldo na direção musical; Marichilene Artisevskis no figurino e Fabricio Licursi com direção de movimento.
Pesquisa
Dois livros foram essenciais para guiar os primeiros passos dos estudos e orientar os experimentos cênicos para a criação de uma dramaturgia em processo: “O Demônio do Meio-Dia - Uma Anatomia da Depressão”, de Andrew Solomon, e “Sociedade do Cansaço”, de Byung Chul-Han. Combinadas a essa abordagem, em 2019, a convite do Sesc Avenida Paulista, o projeto deu um passo a mais ao participar do Processos Abertos, ação destinada à aproximação do público com os trabalhos de pesquisa e criação na área teatral, por meio da realização de oficinas de direção, atuação, dramaturgia e vídeo. Parte da residência, o projeto também trouxe olhares de profissionais como Maria Rita Kehl e Peter Pál Pelbart para rodas de conversa. “Toda essa vivência contribuiu para o trabalho, trouxe um avanço na pesquisa e gerou novas questões para o desenvolvimento do espetáculo”, revela Eliana Monteiro.
Em meio ao processo de finalização da dramaturgia, a pandemia revelou novos elementos em relação ao tema, com os impactos e as consequências do isolamento social. “A experiência da solidão profunda elevou a altos níveis a depressão como sintoma social. Assim, foi incontornável a necessidade de dialogar com essa circunstância que nos atravessa diariamente, mais forte do que nunca”, finaliza a dramaturga Angela Ribeiro.
SINOPSE
Um homem cindido corre incansavelmente em direção a si mesmo na tentativa de escapar da sua realidade. Aprisionado em sua subjetividade, ele vive um tempo em descompasso e procura resistir à dissolução de seus desejos. Seu inconsciente projeta- se sobre o campo da realidade, confrontando-o com suas memórias, seus medos e afetos.
Eliana Monteiro, mestranda em artes cênicas na ECA - USP. É formada em artes cênicas pela Universidade São Judas, em interpretação pela Escola Superior de Teatro Célia Helena, e em direção pela Escola Livre de Santo André. Diretora no grupo Teatro da Vertigem. Coordenou o núcleo de encenação do Programa Vocacional da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. É formadora convidada do curso de Direção Teatral da SP Escola de Teatro. Integrou a 26ª Comissão julgadora de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo, curadoras da Mostra de Teatro do Maranhão. Dirigiu a peça Enquanto Ela Dormia. Curadora das atividades pedagógicas da MITsp - 2018/2019. Curadora das atividades pedagógicas do FIT - 2019. Participou como artista convidada no III Seminário Internacional de Artes Escénicas: El cuerpo y el espacio (PUC-Peru).
Angela Ribeiro, atriz, dramaturga e também publicitária, conquistou diversos prêmios como redatora. É uma das fundadoras da Companhia Bruta de Arte. Atua em diversos projetos adultos e infantis. Escreveu e dirigiu as peças “Boletim”, “Poderia Ter Sido” e “O lá É Aqui”. Por “Refluxo” recebeu o Prêmio Shell de teatro/2018. Fez algumas séries como atriz, entre elas Pico da Neblina, Carcereiros e PSI. Atriz formada pela Escola de Arte Dramática da USP e pelo CPT, Centro de Pesquisa Teatral, dirigido por Antunes Filho. Dramaturga formada pelo SESI British Council, onde atualmente trabalha como assistente de Silvia Gomez dando aulas no Núcleo de Dramaturgia.
Rafael De Bona é ator, formado pela Escola de Arte Dramática (EAD/ECA/USP). Atuou nos espetáculos teatrais "O Filho" (Teatro da Vertigem, direção de Eliana Monteiro), "O Leão no Inverno" (direção de Ulysses Cruz), "A Toca do Coelho" (direção de Dan Stulbach), "Livro de Ouro" e "Krokchips" (ambos com direção de Geraldo Rodrigues), dentre outros. É idealizador do espetáculo "Chroma Key" em parceria com o ator Ricardo Henrique.
Ricardo Henrique, ator formado na EAD - Escola de Arte Dramática. É co-fundador da DeSúbito Cia. onde também atua como diretor e produtor, destacando a direção dos espetáculos “Casa e Nuvem Branca” (2015), “Coisas que você pode dizer em voz alta” (2019) e a atuação no solo “Você só precisa saber da piscina” (2017). É idealizador do espetáculo “Chroma Key” em parceria com o ator Rafael de Bona.
Ficha técnica
Concepção Direção Artística: Eliana Monteiro
Elenco: Rafael De Bona e Ricardo Henrique
Dramaturgia: Angela Ribeiro
Dramaturgismo: Bruna Menezes
Desenho de Luz: Guilherme Bonfanti
Trilha Sonora: Érico Theobaldo
Cenografia: Rafael Bicudo
Assistente de Direção: Rafael Bicudo
Concepção de Vídeo Projeção: Bianca Turner
Figurino: Marichilene Artisevskis
Envelhecista: Foquinha Cris
Direção de Movimento: Fabricio Licursi
Orientação de atuação: Luciana Canton
Assistente de Iluminação: Giorgia Tolaini e Mauricio Matos
Engenheiro de som: Tomé de Souza
Operação de vídeo: Vic Von Poser e Bianca Turner
Operação de sonoplastia: Igor Souza
Operação de Iluminação: Maurício Matos
Técnica de palco: Giorgia Tolaini
Cenotécnico: Wanderley Wagner
Estagiária de Direção: Luciana Fontes
Designer Gráfico: Fábia Karklin
Direção de Produção: Leonardo Monteiro
Produção Executiva: Isabel Barroso
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Gestão de mídias sociais: Revoada Assessoria
Idealização: Ricardo Henrique e Rafael de Bona
Serviço
Teatro | Chroma Key
Quando: De 28 de janeiro a 27 de fevereiro de 2022. Quinta a sábado, às 21h; domingo, às 18h.
* Dia 17 de fevereiro, quinta-feira, a sessão será acessível, com serviço de audiodescrição.
** Dia 23 de fevereiro, quarta-feira, haverá uma sessão especial, às 21h.
Local: Arte II (13° andar).
Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes; meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência). Limite de compra de até dois ingressos por pessoa - Vendas a partir de 19 de janeiro, às 14h no portal do Sesc São Paulo e às 17h nas bilheterias das unidades do Sesc São Paulo.
Ingressos limitados
Classificação etária: 16 anos.
Duração: 90 minutos.
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Horário de funcionamento da unidade:
Terça a sexta, das 10h às 21h30.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.
É necessário apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19 das duas doses (ou dose única), pessoas a partir de 12 anos, e documento com foto para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo.
Horário de funcionamento da bilheteria:
Terça a sexta, das 10h às 21h30.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30