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Células-tronco ajudam animais a se recuperar de sequelas da cinomose

25 de Novembro de 2021

Apenas 15% conseguem sobreviver à virose. Crystal, um vira-latinha de 6 meses, foi tratada em Goiânia; terapia celular trouxe de volta movimentos e qualidade de vida

Se seu cãozinho apresentar sintomas, como diarreia, secreção amarelada e densa saindo pelo nariz e olhos, convulsões, desorientação, paralisia ou movimentos involuntários, pode ser cinomose, virose considerada um pesadelo para os tutores de cães. Nesse caso, é melhor correr para o veterinário.

A vira-latinha Crystal, já recuperada da cinomose: células-tronco devolveram os movimentos e a qualidade de vida

Apenas 15% dos animais conseguem sobreviver à doença, mas, se os sintomas forem tratados no início, e o sistema imunológico conseguir combater o vírus, eles podem ter cura espontânea. Entretanto, se a doença acometer o sistema nervoso central, o animal irá apresentar sequelas, como tremores musculares, andar desordenado ou crises convulsivas, por toda sua vida. Nesses casos, a má qualidade de vida pode levar à necessidade de sacrifício do animalzinho.
Para o tratamento da cinomose, como o de outras doenças graves, as células-tronco têm se mostrado cada vez mais eficientes. "Elas atuam estimulando a imunidade e reparando os tecidos destruídos pela doença", explica a doutora Fernanda Landim, médica veterinária, pesquisadora e especialista em biotecnologia de reprodução animal e cultivo de células-tronco da Omics Biotecnologia Animal, de Botucatu.

Segundo ela, 75% dos casos de cinomose tratados com células-tronco pela Omics tiveram melhora do quadro clínico, sendo 47%, logo na primeira aplicação. "Quando a aplicação é realizada ainda no estágio ativo da doença (fase viral ou aguda), a taxa de sucesso pode ser menor, uma vez que, pela progressão natural da doença, o animal muitas vezes não tem tempo de responder à terapia celular. Portanto, indicamos fazer a aplicação sempre na fase crônica ou em pacientes clinicamente estáveis. Quanto antes iniciar o tratamento, mais rápida será a resposta, uma vez que sequelas crônicas podem necessitar múltiplas aplicações", diz.

Crystal, uma vira-latinha bebê diagnosticada com cinomose, foi salva pela terapia celular. A tutora Carla Resende, de Goiânia, percebeu os sintomas logo no início e se apressou para levá-la ao veterinário. "O tratamento foi intenso e sofrido. Levou 15 dias, mas foi bem-sucedido", contou Carla Resende, de Goiânia.
Entretanto, Crystal carregava a sequela da fraqueza motora, que a fazia caminhar com bastante dificuldade. "Uma tristeza de ver", lembrou a tutora.
Com a esperança de devolver à Crystal a qualidade de vida que ela merecia, Carla estava sempre pesquisando alternativas de tratamento, Foi quando conheceu a terapia celular. "Cerca de 20 dias após a primeira aplicação de células-tronco, Crystal já apresentou sinais de recuperação. Ela passou a ser mais ativa, procurava interagir com meus outros cães, voltou a correr, brincando com todos, até que a vimos subir na cama, num salto único. Ela estava recuperando a força das patas traseiras", comemorou.
Crystal já foi submetida à segunda aplicação de células-tronco e vem a cada dia se fortalecendo.

Fique por dentro

O que é?
A cinomose canina é uma doença infecciosa viral, extremamente contagiosa que possui altas taxas de mortalidade. A doença pode acometer animais de qualquer idade, raça e sexo, especialmente animais sem imunidade ou com vacinação incompleta. Entretanto a prevalência é maior em animais jovens, com idade entre 3 e 6 meses.

Sintomas
O vírus se replica nas células sanguíneas e sistema nervoso central do animal, mas, devido a sua atração por diversos tipos de células, leva a uma infecção generalizada. Nos estágios iniciais da doença, um sintoma bastante comum é a diarreia. Em um estágio um pouco mais avançado, o sistema respiratório é acometido, sendo observadas secreções normalmente amareladas e densas saindo pelo nariz e região dos olhos. Na fase mais tardia da doença, acontece o acometimento do sistema nervoso central, que é quando o animal passa a apresentar convulsões, depressão, desorientação, paresia, paralisia, incoordenação, quedas, inclinação da cabeça, tremor dos olhos e movimentos involuntários.

Transmissão
Um cão infectado elimina o vírus pela urina, fezes e secreções (nasal e ocular) até 90 dias após a exposição ao vírus. Portanto, é importante evitar seu contato com outros cachorros durante o período em que está doente. Após o contato com partículas virais, elas entram pela cavidade oronasal. O período de incubação varia de 7 a 28 dias ou mais.
Vale lembrar que o contato não necessariamente precisa ser direto/ próximo. A infecção pode acontecer quando passeamos com nosso pet em locais públicos por onde passaram animais doentes que eliminaram o vírus na rua. Por isso, se seu pet não possui o quadro de vacinas completo, não permita que ele tenha contato com outros cães.

Só cachorros contraem a doença?
A cinomose pode ocorrer também em animais silvestres como furões, doninhas, guaxinins e gambás.

Tratamento
Não há medicamentos eficazes para combater a doença. Por isso, o tratamento consiste em tratar os sintomas.
Antibiótico, anti-pirético e antieméticos para as infecções no sistema digestório e respiratório.
Soro (fluidoterapia), para corrigir a desidratação causada pela diarreia.
Anticonvulsivante para as crises convulsivas devido ao acometimento do sistema nervoso.
Suplementos nutricionais e terapias alternativas, como a acupuntura, para melhorar a resposta imunológica do animal para combater o vírus.

Cura
Quando os sintomas são tratados no início da doença e o sistema imunológico do animal consegue combater o vírus, o animal pode ter cura espontânea. As células-tronco têm se mostrado cada vez mais eficientes. Elas atuam estimulando a imunidade e reparando os tecidos destruídos pela doença.

Prevenção
Basta realizar a vacinação anual do seu cachorro. A vacina para cinomose está dentro do pacote oferecido pelas vacinas V8 , V10 e V11. No caso de filhotes, devem receber de três a quatro doses da vacina a partir de 45 dias de vida, com intervalo de 21 a 30 dias entre as aplicações. Apenas depois da última dose seu sistema imunológico estará apto a combater o vírus caso haja contato com ele, sendo liberados os passeios na coleira.

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